Capítulo 16

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Marília não tinha ido em muitos jogos de futebol na sua vida. Na verdade, se fosse fazer a conta mesmo, não tinha ido em nenhum que não fosse amador ou beneficente. Incrivelmente, tinha ido em mais jogos de basquete do que em de futebol, tudo por causa do seu irmão...

Mas por algum motivo, queria muito ir naquele. Queria tanto que fez Juliano pegar um Uber só pra levar ela até o campo em que o Rural Madrid jogaria um amistoso.

Henrique estava animado com o jogo, depois de se mudar pra Goiânia ficou impossibilitado de jogar os jogos no Tocantins, mas como aquele seria em sua cidade, poderia jogar com sua amada camisa 9. E por mais que a ideia de ir em um jogo de futebol relembrasse as vezes que via Matheus jogar e odiasse isso, também queria ver o melhor amigo jogar. Queria ver ele fazer o que tinha passado aquela semana inteira falando que faria.

Juliano havia aproveitado o momento pra conversar com Marília enquanto o jogo não começava. Desde que toda a história entre ela e o irmão começou, os dois ainda não tinham conversado muito. Mas faltando um minuto pro início do jogo, ele resolveu sair da arquibancada e ir para a lateral do campo, dar força ao time, como um bom presidente deveria fazer.

- Aí, eu sei que cê veio aqui só pra ver o Henrique e não pelo jogo... - ele começou a falar, voltando alguns passos para onde Marília estava na arquibancada.

- Ju, nem começa com essa história. Já basta a Maiara!

- Eu ia falar que eu sei que você veio ver ele jogar, mas dentro de campo o Henrique é um maluco que parece o Neymar arrumando briga com todo mundo. - ele abriu os braços, pronto pra questionar aquilo, mas os cruzou, sem saber o que falar exatamente e o que fazer. - Tu tava falando de que?

- O jogo já começou. - ela apontou pro campo, sendo salva pelo juiz apitando o incio do jogo, tentando fugir da pergunta e de qualquer coisa que levasse ela a falar do beijo que havia acontecido a alguns dias atrás que nem ela e nem Henrique haviam conversado sobre. Que ela tinha certeza que não tinha significado nada, mas sua mente insistia em repassar várias e várias vezes na sua mente. E piorou depois que os dias deles de ficar com os filhos acabaram e ficou apenas os dois naquela casa. Nunca foi tão estranho passar tanto tempo junto com ele.

- Isso não acabou. - ele correu para a lateral do campo e ficou lá, observando como se ele mesmo fosse o técnico.

Um campo de futebol conseguia ser incrivelmente grande, mas de onde Marília estava, conseguia ter uma ampla visão do gramado e do moreno que ela tinha ido especialmente pra ver.

E mais uma vez estava em uma situação estranha que envolvia ele.

A porcaria do uniforme tinha um tecido maleável até demais que em poucos minutos estava começando a se colar em seu corpo e deixando bem amostra o físico que ela estava odiando saber que ele tinha.

Ela respirou fundo, cruzou as pernas e se dedicou a roer as unhas, pra acalmar a ansiedade. Não porque o time de Goiânia estava no campo defensivo do Rural Madrid, tentando fazer um gol, mas porque Henrique ficava estranhamente... bonito xingando o juiz... Bem que Juliano tinha avisado.

E bem naquele momento que ela tava pensando em olhar pra outro lugar e se xingar por admirar tanto ele, Henrique viu ela entre as pessoas na arquibancada e toda a pose de mal humorado caiu com o sorriso que apareceu no rosto dele. Ele acenou pra loira, forçando ela a fazer o mesmo e sorrir pra ele, como se tudo estivesse bem na cabeça dela.

Ela pensou até em pegar o celular pra tentar desviar sua atenção do barbudo, mas quando um passe foi feito pra ele, a chance clara de finalização não permitiu ela deixar de olhar pra Henrique e quando ele chutou a bola para o gol, escapando das mãos do goleiro, Marília comemorou junto com todo mundo que assistia ao jogo como se fosse final da Copa do Mundo. Principalmente quando ele apontou pra ela e fez um coração com as mãos, se sentiu mil vezes mais feliz e especial.

Luz Negra - Disfarce 1Onde histórias criam vida. Descubra agora