Capítulo 14

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Depois de mais de uma semana morando na nova casa de mentira, enfim o casal iria ver como poderia ser a rotina deles em família, como seria ter três pequenos furações juntos e se dariam conta de tudo.

Henrique esperava que o primeiro afazer da tarde corresse bem e o "dia em família" começasse com pé direito. Os dois iriam buscar Léo na escolinha e, logo depois, ir até a casa de Amanda para pegar Helena e Miguel.

Quem diria que Léo não gostaria dele um dia.

Ricelly observou Marília e Léo andarem de mãos dadas até o carro. O garoto arrastava a mochilinha de rodinhas, enquanto falava de algo com a mãe.

Quando loira colocou o menino no banco de trás do carro e estava pronta pra fechar a porta, as pequenas mãozinhas a seguraram, impedindo que se afastasse.

— Mãe, você tá esquecendo do meu beijo! — Léo estendeu os braços de um jeito manhoso em direção a mãe.

— Own, meu Deus. Eu te dou um beijo, então. — ela envolveu o filho num abraço caloroso, beijando várias vezes sua cabeça, bagunçando seus cabelos, fazendo o menino rir.

— Pega ele, ué. Quando a gente chegar lá, os três vão aí atrás juntinhos.

— Tem certeza? Não quero que você seja multado por nenhum policial. — por mais válida que a preocupação de Marília fosse, não mudou o riso irônico que Henrique deu.

— Marília, eu tô dirigindo o carro mais caro da BMW no Brasil, te garanto que a última coisa que vão querer é me multar. Um suborno cai muito melhor. — dessa vez o sorriso irônico estava no rosto de Marília e ele sabia bem a possível coisa que sairia da sua boca. — Eu te amo, mas se você vir me atormentar com qualquer coisa ligada a política, eu vou dizer algo que o Léo não pode escutar. Já não basta o julgamento pelo Palmeiras.

— Tá bom. — ela disse erguendo as mãos, em sinal de rendição. — Vamo na frente com a mamãe?

— Eba! — o jeito animado que o menino estava pareceu ser propício pra Henrique tentar falar com ele.

— E aí, Léo? — o barbudo fechou o punho e estendeu em direção ao pequeno, quando Marília sentou no banco do carona com ele em seu colo.

Ele deu partida, segurando o volante com uma mão, esperando que o garoto correspondesse, mas Léo, por outro lado, cruzou os braços e fez um bico, não querendo nem olhar para o tio.

— Ei, ei, pode descruzar esses bracinhos e falar direito com seu tio. — ela tentou cutucar o braço do menino e desfazer a pose.

— Oi. — mesmo ainda sendo tão pequeno, o menino respondeu com um tom de secura inacreditável.

— Léo Dias Mendonça Huff... — antes que Marília pudesse terminar a advertência, o garoto se agarrou a mãe, como se não quisesse soltar nunca mais. — Desculpa, Rique. Ele só tá com ciúme.

— Não tô não! A mamãe é só minha e não é pra ficar com ciúme do que é nosso! — ele respondeu com convicção, deixando a mãe boquiaberta sem saber como reagir.

— Onde... Você...

— Caraca, o moleque é igualzinho você. — Henrique bateu a mão no volante, se acabando em risadas.

— Para, Rique. — Marília deu um tapa no braço de Henrique, tentando moderar a força. — Onde você aprendeu isso, filho?

— Com você.

— Nessa fase eles copiam tudo, amor. — o barbudo falou com ironia e forçando a voz em meio as risadas, recebendo outro tapa.

— Não atrapalhando, já ajuda muito, Henrique.

Luz Negra - Disfarce 1Onde histórias criam vida. Descubra agora