Capítulo 11

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09:13 da manhã. Foi o horário que João Gustavo acordou a irmã com uma ligação. De primeira, ela pensou em não atender, talvez fosse até um sonho, mas o barulho irritante fez ela ver que era pura realidade. Pegou o celular e atendeu a ligação.

Segundos após acordar, sua mente não estava processando muito bem qualquer coisa que acontecia, mas quando o mais novo disse que a família deles e de Henrique estava indo conhecer a casa dos dois de surpresa, ela acordou no mesmo instante.

João havia escutado a ligação da mãe com a sogra da irmã e se apressou em repassar a informação. Se não fizesse isso, a mentira estaria a um curto passo de ser descoberta.

Sabia que isso iria acontecer alguma hora, só não sabia que seria naquela hora. Os dois já estavam na casa a bons dias e não tinham deixado ninguém ir visitar. O fato de dormirem em quartos separados e nem terem decorado a casa com fotos ou coisas normais de um casal contribuía muito para isso. Se não, quem acreditaria na farsa deles?

E na tentativa de arrumar tudo que haviam deixado pra última hora os dois intimaram os três amigos mais próximos para ajudá-los.

Maiara, Maraísa, João, Henrique e Marília se dividiram entre deixar a casa o mais parecido possível com um "lar" e preparar o almoço quando Dona Ruth ligou pra filha uma hora depois avisando que toda família iria se reunir para um almoço familiar e conhecer a casa dois, eles querendo ou não. Não tinha muitas coisas que eles sabiam fazer na cozinha...

— Por que o Juliano não me falou sobre isso? — Henrique se questionou um pouco alto demais, fazendo com que os que tivessem em volta o ouvissem.

— Pelo o que eu ouvi da conversa, o plano era o Ju ser uma das últimas pessoas a saber. Assim cês não iam saber disso e não teriam tempo pra inventar qualquer desculpa pra impedir eles de virem pra cá. — o mais novo respondeu enquanto observava de longe os pequenos enfeites e a televisão, tentando saber se tudo combinava e se nada estava torto ou fora do lugar. — Só pra deixar claro o motivo de eu tá arrumando uma casa que nem é minha as nove da manhã... Por que cês tão fingindo estar juntos mesmo? Tipo, vocês dois.

— Pra ter meus filhos de novo e fazer todo mundo esquecer que um dia estivemos com os nossos ex. — o barbudo disse sem nem precisar pensar muito, era uma resposta simples. Mas João ainda não sabia daquilo, não sabia que Henrique estava numa briga judicial com Amanda pela guarda dos filhos.

— E pra apagar todas as merdas que eles fizeram e deixaram nas nossas vidas. E conseguir esquecer os buracos que eles não foram capazes de preencher e agora estão só... acumulando poeira, expectativas quebradas, cicatrizes e espaço dentro da gente. — ela arranhou os lábios com os dentes, tentando impedir o tremular que eles deram por causa da vontade de chorar. Todos na sala perceberam, mas ficaram sem reação. Não sabiam o que fazer e nem se deviam fazer algo. — Falta uma foto na moldura... quase não percebi. — era uma desculpa e todos sabiam disso, mas ela preferia assim do que deixar claro pro barbudo que não estava bem.

— Maríl... Lila! — o cantor tentou, mas ela não olhou pra trás.

Ela estava tentando não chorar por mais que já estivesse acontecendo.

— Ei... — quando passou pela porta do quarto que deveria ser dos dois, ele mal sabia como agir e isso se intensificou quando viu o rosto da melhor amiga molhado. — tá chorando?

— Não... eu não tô. — ela até tentou secar as lágrimas, e conseguiu, mas outras desceram no lugar, como se fosse o muro que ela havia posto entre seus sentimentos e o barbudo caindo. — É que... Eu não consigo lidar com isso, é pesado demais pra mim.

— O que é pesado? — ele sentou ao lado de Marília e colocou sua mão sobre a da loira, que estava repousada em seu colo, apenas esperando abertura para a segurar na sua e entrelaçar seus dedos. Cada vez mais via que a cantora estava com feridas ainda não curadas do antigo relacionamento, e elas eram muitas.

Luz Negra - Disfarce 1Onde histórias criam vida. Descubra agora