Capítulo 73

69 1 0
                                    

A voz áspera fez cócegas em seus ouvidos. Leonel mordeu o lábio, sentindo que o riso poderia escapar novamente.

A vontade de derramar tudo diminuiu, emaranhada com a razão. Foi como quando ele permitiu o uso de seu nome.

"Tatiasun..."

Ele nunca contou a ninguém sobre a história de Tatiasun, visto que eles haviam experimentado a traição principalmente juntos.

Mas nas noites em que acordava sozinho de pesadelos, ele queria se confessar para alguém.

A morte de seus pais, a traição do servo, a traição de seu tio, o segredo de seu amigo que ele considerava mais próximo que a família, e até mesmo a covardia de fugir do campo de batalha negociando sua vida com a rainha – tudo isso.

"Ele procurou asilo em Attenu de Desatell quando era jovem. Mas parece que ele nunca foi um verdadeiro cidadão de Attenu."

"..."

"Mesmo quando ele sabia que milhares de vidas dependiam da minha decisão. Mesmo quando nos apoiamos um ao outro no campo de batalha... Ele era, em sua essência, um cidadão de Desatell, nosso inimigo."

Leonel virou a cabeça ao ver o olhar que sentiu ao seu lado. Ela parecia não estar acostumada a ouvir histórias pessoais de outras pessoas.

Sua perplexidade estava escrita em seu rosto.

Como ele não mencionou essas palavras em busca de conforto, ele não se machucou. Ele nem esperava compreensão.

Apenas trazer à tona o passado pesado que ele guardava para si era o suficiente. Foi o momento em que ele pensou que não precisava dizer nada.

"Você deve ter se sentido solitário."

A voz murmurante penetrou até o âmago.

A vida de Leonel estava sendo consumida por um espectro. Ele acreditava que esse espectro provinha de traição, morte, perda e segredos.

No entanto, todos esses foram apenas eventos. A essência estava nas emoções – a solidão de estar para sempre separado da família, a solidão de ser traído e deixado sozinho, a solidão de não ter ninguém em quem confiar e ninguém com quem compartilhar segredos.

O que estava atormentando sua vida era a solidão.

Leonel percebeu intuitivamente que Nelly, que entendia os motivos de sua angústia que nem ele havia notado, também estava atormentada pela mesma coisa.

"Você também. Você deve ter se sentido solitário.

Seu cabelo castanho esvoaçava ao vento, alguns fios refletindo a luz do sol, brilhando como ouro. Um sorriso estranho brincou em seus lábios.

Poderia uma expressão não natural ser tão radiante e bela? Leonel teve vontade de beijar o sorriso dela imediatamente.

A sensação que fez cócegas em seu peito se espalhou por todo o seu corpo. Joy surgiu como uma corrente elétrica, formigando as pontas dos dedos.

Só depois de entregar todo o corpo à sensação que sempre sentia sempre que via Nelly é que Leonel finalmente deu um nome a essa emoção.

Foi amor.

* * *

"É você, Nelly Pepper?"

A senhora perguntou com um sorriso gentil.

"Sim."

Respondi o mais educadamente que pude e olhei para Leonel, que estava sentado em frente a ela, bebendo seu chá com indiferença, o rosto inexpressivo, como se não tivesse ideia do que estava pensando.

Duke, Please Fail!Onde histórias criam vida. Descubra agora