019; - Lord das trevas.

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A NEVE REINAVA AO redor da residência Fawley. Aurora se encontrava em frente a janela do seu quarto, observando a neve branca do lado de fora, os cabelos estavam presos por um laço e algumas mechas caíam em seus olhos. Ela se mantinha calada observando a paisagem fria do lado de fora, pensativa.

Um jazz bruxo era escutado ao fundo de seus ouvidos, aquelas músicas clássicas e ridículas que a morena não aguentava mais escutar. O dia era sombrio, o sol nublado, como sempre foi naquela casa. Os móveis tinham cores neutras, nada vivo, o clima era mórbido, como sempre foi. Ela sempre detestou aquela casa.

Quando era criança, seus pais nunca a deram um sorriso, vai ver essa casa refletia o humor deles também. Uma dos elfos domésticos, Tinky, surgiu no ambiente, batendo na porta e entrando. Um sorriso e os olhos grandes ocupando seu rosto.

A elfa doméstica nunca foi feliz, mas sempre que chegava perto de Aurora, se sentia a pessoa mais contente do universo, a energia da latina rondava Tinky. De uma forma que ela nunca foi tão grata.

— Senhorita Fawley, trouxe seu vestido para a reunião de hoje. - Ela disse, a voz fina e segurava um vestido preto curto com alguns detalhes para esquentar o tecido.

Ele era agradável, Aurora vestiria um coturno, uma meia calça e luvas para ficar mais quente, mas não tirou os olhos da janela. Ela pensava alto. Havia escutado Tinky, mas não se virou. Não agiu. Continuou parada em frente a janela, um casaco sobre seus ombros e a pele pálida. Ela não queria falar nada.

— Senhorita Fawley? - Tinky tentou se aproximar, mas Aurora respirou fundo.

O nariz vermelho e as bochechas rosadas. Ela se virou delicadamente para olhar Tinky, se existia algum brilho ali, no olhar de Aurora. Ele sumiu quando pisou naquela casa. Fawley tentou esboçar um sorriso mínimo, levantando um pouco a curva dos lábios.

— Obrigada, Tinky. - Murmurou, baixo. A elfa se curvou e saiu do quarto dela, notando que Aurora queria ficar sozinha.

Não foram tantas coisas que aconteceram desde que ela chegou em casa. Seus pais brigaram com ela, mandaram ela subir e ela só descia para comer sozinha. Estava proibida de mandar ou receber cartas, papai e mamãe disseram que o Lord das trevas estaria presente na reunião de hoje, e ela deveria estar apresentável.

Mas ela não se sentia viva. Não se sentia bem consigo mesma. Não conseguia mais enxergar o próprio corpo ou os próprios sentimentos. Tudo ela enxergava com frieza e desde que não falou mais com James, sentia seu peito doer.

Inclusive, ela não recebeu nenhuma carta. Nenhuma carta dele, de Camila, de Regulus ou de qualquer pessoa. Como pode ela ser tão conhecida, mas ninguém a conhece?

Não tinha amigos, teve que se “afastar”  do grupo da Sonserina após enfrentar Lúcio, mas uma possível certeza dizia que ela os encontraria hoje.

Fawley desviou o olhar, parando sob o vestido passado em cima da cama. Não queria que a Abigail viesse bater em sua porta, então decidiu se apressar. Foi até o banheiro, tomando um banho quente e secou os cabelos lisos, que agora escorriam sobre seu rosto. Sua pele estava branca e impecável.

Seu corpo… Ela se sentia suja. Talvez pelo transtorno alimentar, mas sempre que se olhava no espelho, não se sentia confortável. E era sempre a mesma coisa, ela vomitava antes ou depois do banho. Dessa vez, seu estômago esvaziou após o banho.

Quando retornou a pia, escovou seus dentes e evitou se olhar, foi até o quarto novamente, mórbido. Com pinturas renascentistas e apenas a luz da janela iluminava o ambiente. A enorme janela. As paredes eram escuras e sua cama tinha um lençol cinza, com a colcha preta, aquelas enormes cortinas de realeza amarradas nas madeiras das laterais e ela achava tudo aquilo tão brega.

𝐒𝐋𝐎𝐖 𝐃𝐎𝐖𝐍, (James Potter)Onde histórias criam vida. Descubra agora