𝐒𝐋𝐎𝐖 𝐃𝐎𝐖𝐍, (James Potter)

027; - Enfermaria e bolinho.

O SONHO. O MALDITO SONHO. Aquela droga de sonho que vêm na mente de Aurora a uns 5 meses por razões indecifráveis. O sonho em que ela simplesmente acorda ao lado de um homem até então desconhecido, levanta, escuta uma criança chorando no berço, vai até o banheiro, e vê outro bebê sentado no tapete.

O sonho que ela nunca conseguiu identificar o motivo do porque estar se repetindo tantas vezes e por causar uma sensação diferente nela. Aurora acordou no meio da madrugada, estava na enfermaria, confusa e com dor por toda a parte do corpo. Não conseguia raciocinar direito, mas conseguia sentir a mão mais firme do que antes de desmaiar.

Se sentou na cama, sabendo que não voltaria a dormir mais cedo. A enfermaria estava vazia, apenas ela presente. Estava muito escuro, levando em conta a iluminação apenas da lua que invadia o ambiente pela janela aberta.

Fawley se levantou, sentindo uma tremenda fome invadir seu estômago. Procurou por um fósforo para acender e se assustou quando escutou um barulho vindo da porta. Mas ficou pior ainda quando viu que não tinha ninguém ali.

— Quem está aí? - Ela perguntou em um som alto.

Outro barulho, coturnos batendo contra o piso feito de madeira e o barulho de talheres e pratos se chocando de uma forma estridente pelo ambiente. Ela jurou ter escutado o estômago roncar apenas com tal som.

— Merda. - Resmungou, olhando ao redor, imaginando ser esquizofrênica.

Uma mão se fez presente, no ar, solitária, segurando um lampião aceso, aquilo a causou arrepios, já que só tinha uma mão, sem o resto do corpo.

— Caralho! - Aurora disse, se inclinando em direção oposta, para pegar sua varinha que estava na cômoda ao lado, mas assim que retornou a sua posição inicial, apontando a varinha para onde estava a antiga mão, tomou um susto ao ver que agora tinha uma pessoa. — PORRA, POTTER!

Gritou, apavorada, sentindo os batimentos se acalmarem. Deu pra escutar um risinho vindo dos lábios de James e ela logo reparou em suas vestes. O garoto vestia uma calça xadrez vermelha e uma blusa preta provavelmente tamanho P levando em conta do quanto marcava seus músculos. Ele segurava um moletom vermelho sangue e por alguns segundos Aurora se sentiu desconfortável com o fato de ele estar tremendamente atraente e ela se encontrar com aqueles pijamas de paciente.

Mas James, ainda vendo ela desnutrida, com os lábios um pouco brancos, orelhas profundas e com uma cara de quem não tomou banhos fazia umas longas horas, a acha atraente. Sua beleza não era algo que sairia nem se ela se fantasiasse de palhaça. Potter achava Fawley atraente e ponto.

— Oi. - Ele disse, sem graça.

— Oi. - Ela respondeu.

O clima era estranho, levando em conta que antes de tudo eles tiveram uma briga constrangedora. O olhar de Aurora desceu até suas mãos, que carregavam um prato, com aparentemente alguns bolinhos. Aquilo fez a barriga da Fawley roncar. Novamente.

— Imaginei que estivesse com fome, então passei na cozinha para pegar esses bolinhos. - James comentou.

Aurora respirou fundo.

— O que você veio fazer aqui? - Não conseguiu evitar.

— Estava preocupado. - Potter Admitiu e ela sentiu a pulsação aumentar, seguido de um sorriso sarcástico.

— Não estou com fome. - Ela deu de ombros, tentando ignorar a vontade surreal que seu corpo tinha de agarrar cada um daqueles bolinhos e devorá-los.

James respirou fundo, já imaginando toda aquela negação para ela comer. Mas fazia muito tempo que Fawley não comia, insistir ao menos um pouco, não iria fazer mal, principalmente quando se tratava de sua saúde.

— Aurora, você tem que comer. - Ele ordenou, pegando uma cadeira e se sentando ao lado da cama.

— Não. Quero. - Aurora rebateu, encarando os bolinhos. Potter analisou a situação, pensando por alguns segundos, em silêncio.

— Tá bom. - Ele deu de ombros, colocando o prato com bolinhos e outros doces em cima da cômoda ao lado da maca.

Fawley pareceu sem reação.

— Você não vai insistir mais? - Perguntou, confusa, remexendo os dedos no lençol fino da cama, nervosa.

— Não. Já perguntei uma vez e você negou. - James rebateu, olhando para ela com divertimento.

— Talvez na segunda eu aceite. - Ela disse, e por alguns segundos aquilo não pareceu uma conversa sobre bolinhos.

— Mas e se você não aceitar?

— Eu vou aceitar.

— Não quero que isso acabe se tornando um terceiro pedido. - Comentou, olhando para ela.

— Talvez vire um quinto. Mas eu irei aceitar. - Aurora disse, com um olhar significativo para cima dele. Aquilo tinha uma segunda intenção, não era possível.

Os dois se calaram, em completo silêncio. Fawley analisou as próprias mãos, que apertavam os próprios dedos em sinal de inquietação. James mantinha o olhar baixo, observando o moletom vermelho, sem se lembrar do porquê o trouxe.

— Então você vai aceitar? - Ele perguntou, não conseguindo ficar quieto.

— Agora não. - Ela disse, se inclinando.

— E quando eu for embora?

— Você não precisa ir embora. - O diálogo parecia estratégico, ela simplesmente estava pronta para qualquer pergunta dele, e pronta para perguntar também. — Pode ficar aqui comigo.

— É um convite?

— É uma sugestão. - Rebateu, sorrindo.

— Difícil de recusar. - Ele brincou.

— Nunca achei que seria fácil. - Aurora sorriu, um sorriso sincero. E ele também, os dois felizes.

E então eles ficaram em silêncio, apenas olhando os olhos do outro. Fawley pegou um dos bolinhos que estava no prato, e em seguida indo para o canto da cama, abrindo espaço para James se sentar, que logo deu um sorriso e se sentou ao seu lado. E de repente os dois estavam ali, deitados e conversando, enquanto Aurora devorava os bolinhos, agradecendo mentalmente por ele estar no lugar certo na hora certa.

Os dois não perceberam, mas dormiram agarrados. No meio da soneca, Aurora sentiu frio, então James colocou seu moletom nela e a agarrou contra ele.

E então, Aurora Fawley dormiu aconchegada e confortável nos braços de James Potter.