Capítulo 16: SuperNova

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Jungkook estava dormindo. Eu havia acabado de chegar na Freddo, entrando no seu escritório e o encontrando dormindo no sofá, o que eu percebi ser um hábito seu. Ele se levantava de madrugada quando tinha inspirações e passava o restante dela até o amanhecer preso no seu ateliê. Durante o dia, ele acabava dormindo dentro do escritório da Freddo.

Estávamos há dois meses realmente namorando. Depois de toda aquela valor de verdade, secretamente eu esperava o dia em que ele olharia pra mim e diria que me ama. Ele ainda não havia dito aquelas palavras, mesmo que eu proferisse as minhas com frequência.

percebi que era um pouco complicado namorar uma pessoa com bloqueios emocionais. Ele era carinhoso, atencioso — de forma sutil, — sem ser com palavras exageradas. Ao invés disso, ele prestava atenção no que eu gostava, em como eu preferia, e passava a fazer aquilo da forma como havia observado. Mas eu não recebia muitas palavras doces ou declarações. Era um pouco triste, mas ao mesmo tempo compreensível. Depois de viver tanto tempo com uma pessoa que tirou tudo de você, te traiu, acho que não deveria ser tão exigente querendo cobrar certas coisas dele.

Era claro que não era justo eu ter que sofrer por coisas que ele passou. Mas ao mesmo tempo, da mesma forma que ele sofria com o meu caos ambulante, eu tinha que sofrer com o vazio dele. Seria um pouco injusto se eu negasse tudo que aconteceu com Jungkook e cobrasse dele muitas coisas. Percebia que se eu fizesse isso, apenas me frustraria. Eu teria que me adaptar à sua forma de gostar de mim.

Acho que é isso. Quando você se apaixona por uma pessoa que sofreu muito, você tem que entender algumas coisas que ela mudou ao longo do tempo. Não adiantava eu cobrar palavras de afirmação se a linguagem do amor dele era apenas cuidado. Não que eu não desejasse que ele olhasse pra mim e falasse que gostava de mim, que me amava. Na verdade, seria incrível poder ouvir aquelas palavras dele todos os dias. Mas talvez isso fosse uma utopia da qual eu não viveria naquele momento, ou então, eu não viveria.

Algumas pessoas são apegadas a palavras, e eu percebi que eu era uma delas. Claro que ser apegado às palavras fazia com que muitas vezes eu ficasse inseguro. Então, recebia dois petelecos na testa e Jungkook resmungando.

Merda, ele realmente odiava quando eu ficava inseguro...

Graças ao que aconteceu da última vez, eu realmente precisei começar a fazer alguns acompanhamentos psicológicos e me foram entregues alguns remédios de ansiedade, e eles foram todos controlados por Jungkook. Ele os mantinha guardados. Bom, eu não julgava muito, afinal, eu tinha um longo histórico com comprimidos também. Percebi que, nesse quesito, ele não confiava em mim, mas a verdade é que talvez nem eu mesmo confiasse em mim.

É um pouco complicado que as pessoas pensem que as coisas devem terminar de forma utópica e maravilhosa. Mas eu acho que a realidade não é muito assim. passei a achar que, pra ter uma grande mudança, você não precisa de um espetáculo acontecimento da sua vida. Você vai acordar e vai fazer as mesmas coisas de sempre. E aí, é isso... um dia de cada vez, fazer as mesmas coisas de sempre. Acho que mudar, isso, continuar a viver, é isso. É um pouco complicado de se digerir, e entender. Porque, na verdade, estávamos esperando uma fórmula complexa, algo difícil, algo que custe. Quando, no fim, na verdade, no começo, não precisa custar absolutamente nada. Você apenas levanta e vai. É um pouco esquisito porque, se já passou tanto tempo parado, parece que suas pernas esqueceram de andar.

Eu não sei... Ainda estava aprendendo a andar.

Me encolhi perto de Jungkoo, agachando-me ao lado do sofá, assistindo-o dormir por um tempo, mas acabei tocando seus cabelos o arrumando-os lentamente. Ele roncava e meio que passei a achar isso fofo. Assustei-me quando ele agarrou meu pulso e resmungou.

A Queda ( Taekook - Vkook)Onde histórias criam vida. Descubra agora