Capítulo 11: Cerejas&cigarros

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Se todos estavam esperando uma gloriosa história em que vencíamos o concurso e nos tornamos famosos da noite para o dia, foi uma completa piada. Porque, assim que eu voltei da passarela, foi anunciado que estávamos desclassificados por infringir as regras. Meu corpo inteiro tremeu, e o chão ficou mole como se estivesse afundando e me engolindo, como areia movediça. Os olhos das pessoas pareciam perfurar minha pele, e eu assistia até o ar rarefeito.

Senti-me extremamente culpado porque, se eu tivesse insistido ou não tivesse contado absolutamente nada, se tivéssemos subido apenas naqueles saltos e entrado naquela passarela, poderíamos ter um pouco mais de oportunidade ou mais chance de vencer aquele concurso. Ao invés disso, parece que toda dedicação, todo nosso tempo gasto e todas as nossas expectativas simplesmente foram destruídas. Como se tudo ao meu redor morresse, e por um curto período, pensei que minha vida poderia voltar a ser colorida. Mas as cores se tornaram foscas, e agora tudo parecia voltar ao preto e branco.

É claro que isso me levou a um choro compulsivo, desesperado, e provavelmente eu tinha algum tipo de ligação ou relação sentimental com os banheiros, porque depois de me arrastar pelos os corredores em uma dor no tornozelo e me jogado , de novo, dentro de uma cabine e desabando em lágrimas de forma miserável, sentado no chão, olhando para a tampa do vaso aberto. Era nojento, caótico e desesperador.

Jungkook não parecia nem um pouco abalado, ou talvez fosse bom demais em fingir sentimentos ou em não demonstrá-los. No entanto, eu me sentia péssimo, investi muito quando pensava nas suas palavras, falando que não tinha dinheiro para o orçamento das peças desde que participou daquele concurso. Mesmo assim, ele se esforçou tanto para ajudar, o que me deixou com um sentimento maior de desespero. A única tarefa que me foi dada, a única coisa em que eu podia dizer que era bom, simplesmente não consegui realizar.

Naquele momento, sentado no chão do banheiro, questionei se realmente era bom naquilo. Talvez fosse uma ilusão, uma catástrofe firme, caótica de alucinações e loucuras. Na verdade, tudo o que tinha construído com base em um pensamento ou paixão simplesmente era uma mentira drástica que meu eu criou para mim mesmo por meio de um reflexo, e aquilo doía. Pensar que a única coisa que sabia fazer, a única coisa em que podia dizer que era realmente bom, destruí minha única oportunidade de mostrar a ela, qualquer chance de algo maior.

- Taehyung - Jungkook bateu na porta da minha cabine. - Sei que está aí, Hoseok já colocou as coisas dentro da caminhonete. Estamos indo.

Não respondi. Estava terrivelmente envergonhado e não queria encará-lo. Não precisava das suas palavras condolentes, suas frases feitas, ou qualquer coisa que fosse tentar amenizar a situação de forma ridícula e fracassada. Ele continuou:

- Você precisa ir ao hospital ? - Suas falas eram tão calmas e frias, que me assustavam. Mas, eu não conseguia responder, a minha garganta arranhou o choro e minha voz parecia ter sumido.

- Vou te levar pra casa. Ou... você pode vir pra minha casa. -, ele propôs, fazendo-me levantar os olhos e encarar a porta branca da cabine. Suas palavras continuaram, - Já dividimos uma cama antes. Você não vai ter problema em dividir a minha. Só abre a porta e vamos embora.

Eu queria ir pra casa dele. Eu sei que talvez eu estivesse fantasiando coisas estúpidas, mas eu queria ir para o seu quarto e ter a sensação de deitar na cama. Tê-lo me abraçando por trás, carinhosamente, apenas em um carinho, um abraço apertado que me fizesse sentir seguro. Um abraço.

- Taehyung, estou cansado de ficar falando sozinho.

Ali estava ele.... Jeon rabugento Jungkook. Aquilo afofou algo no meu coração.

A Queda ( Taekook - Vkook)Onde histórias criam vida. Descubra agora