51_ Pai assassino.

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| 24 de Maio, 2023Nova YorkÁs 07h49

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| 24 de Maio, 2023
Nova York
Ás 07h49.

Balancei minhas pernas em agonia ao mesmo tempo que eu encarava a professora, observando sua expressão neutra que parecia perdida. Eu nem acreditava que estava bem ali, segurando a vontade de correr dali.

Imprevistamente, a escola que Pietro estudava acionou todos os pais para uma reunião. Embora eu já saiba que não tenho o que reclamar do meu filho, achava que aquilo era uma total perda de tempo.

Hoje é o único dia que eu poderia ver o Hunter antes do julgamento, propício a saber o que seria da vida dele agora já que ele agrediu o Leonel. Esse homem, que não merece ser mencionado, ainda estava no hospital fora de perigo.

Ele já havia acordado, mas pelo meu depoimento, estava sob investigações e não podia de jeito nenhum sair da cidade. Casey ficou do meu lado a todo momento, apertando a minha mão enquanto eu contava tudo que aconteceu naquele dia. Detalhe por detalhe.

ㅡ Eu ainda não entendi o que estamos fazendo aqui ㅡ Pontuei, erguendo minha mão para chamar atenção da professora.

Um murmuro direcionado a mim atraiu minha atenção, me fazendo ver três mães sussurrando entre si.

ㅡ Eu os chamei aqui pois preciso conversar sobre o filho de vocês ㅡ A professora começou, juntando as mãos em cima das coxas coberta pelo vestido azul colado que batia abaixo dos joelhos. ㅡ Alguns deles entraram em uma pequena briga.

Meu queixo caiu.

ㅡ Briga? Como assim, briga?

A professora olhou para mim quando o questionamento veio de uma outra mãe.

ㅡ Aparentemente, o Pietro foi para cima de um dos seus colegas.

ㅡ O Pietro? ㅡ Interpelei, erguendo a sobrancelha para a professora. ㅡ Meu filho? Não... você deve ter confundido. Pietro não faria isso.

Ela umideceu os lábios quando minha justificativa atingiu ela, esfregando suas mãos de um jeito sem graça.

ㅡ Desculpa, Sra Kelly, mas o Pietro agrediu um dos seus colegas.

ㅡ E por quê o Pietro faria isso? Meu filho não é de agredir ninguém, ainda mais um colega. Deve ter algum motivo.

Uma risada sarcástica ecoou, atraindo meus olhos para uma das mães que estavam rindo.

ㅡ Você acha mesmo que uma criança com uma criação como essa precisa de motivo para bater em alguém? ㅡ Reclamou, cruzando os braços quando encostou suas costas na cadeira que estava sentada.

Criação como essa? ㅡ Repeti, enclinando minha cabeça para o lado quando percebi seu tom. ㅡ O que você tá querendo dizer com isso? Tá acusando que eu não estou criando o meu filho direito?

Ela riu de novo, sarcasticamente.

ㅡ Ah... Com um pai tão agressivo, não é de se esperar que ele seja calmo.

Pai agressivo.

É claro que eu não fiquei surpresa ao notar sua intenção, lembrando-me de como o nome do Hunter tem estado presente desde há segunda-feira. Alguns jornais têm exposto a situação com o Leonel, além de diversos vídeos pela Internet, de diversos ângulos diferentes. Provavelmente alguém que gravou sem ninguém perceber, devido a multidão que surgiu quando tudo acabou.

ㅡ Eu acho que ter uma criança agressiva como essa na escola é um perigo para os outros. ㅡ Outra mãe argumentou, erguendo sua mão. ㅡ Não quero que minha filha presencie cenas violentas.

ㅡ Não vou admitir que meu filho fique perto de uma criança agressiva. O que ele pode fazer com ele?

Muitas outras mães, e pais, começaram a falar ao mesmo tempo. Esfregando na minha cara que o nome do Hunter corria por todo lugar, jogando a bomba toda para cima do meu filho que não tinha culpa alguma nisso.

ㅡ Senhores, não é para tanto. Nenhuma criança tem culpa dos erros dos pais. ㅡ A professora tentou justificar, acabando com todo aquele falatório. ㅡ Tenho certeza que a Sra Kelly vai dá um jeito nisso.

ㅡ O que o colega do Pietro disse a ele? ㅡ Investiguei, cruzando meus braços em frente ao meu peitoral. ㅡ Conheço o Pietro desde o momento que ele parou nos meus braços, sei exatamente do que estou falando. Então, sim, eu quero saber o que o colega dele falou para ele! Sei muito bem que meu filho não agrediria alguém em vão.

Eu sabia que tudo aquilo iria se tornar em uma confusão ainda maior, crescendo aquela bola de neve que iria explodir em algum momento bem na minha cara. Afinal, que culpa eu tinha? Ah... Não ter conversado com meu filho antes dele enfrentar os leões da sociedade.

Essa culpa é minha.

ㅡ Desculpa, mamãe. ㅡ Pietro pediu, encolhendo os ombros de um jeito sem graça. Deixei ele sentar na cama, me abaixando para tirar seus tênis. ㅡ Eu não queria fazer nada daquilo, mas ele me provocou! Ele disse que o papai Hunter era um assassino.

Eu sabia que Pietro jamais agrediria alguém aleatoriamente.

Ergui meu rosto na direção dele, sorrindo carinhosamente.

ㅡ Oh, meu amor, eu que peço desculpa. ㅡ Assegurei, me sentando do seu lado. ㅡ Eu deveria ter conversado com você antes de levá-lo ao colégio. Eu deveria ter imaginado que alguém comentaria.

Seu suspiro ecoou pelo quarto.

ㅡ O papai Hunter não matou ninguém, né?

ㅡ Não, meu amor. ㅡ Neguei prontamente, levando minha mão até seus cabelos. ㅡ Seu pai não faria isso com ninguém. Ele só... Ele estava me defendendo de um homem mau.

Um homem mau. Muito, muito mau.

ㅡ Eu sabia! ㅡ Balbuciou, balançando suas pequenas mãos. ㅡ Eu queria vê-lo, mamãe. A gente pode ir visitar ele, né? O apartamento dele tá tão vazio sem a gente.

Meu coração se apertou quando Pietro sugeriu, me lembrando de que há dias ele vem perguntado sobre o Hunter.

ㅡ Pietro... O Hunter não tá em casa. Pelo menos, não ainda. ㅡ Argumentei, engolindo com dificuldade. ㅡ Mas, eu prometo que a gente vai ver ele no final de semana quando ele voltar. Tudo bem?

ㅡ Tudo bem, mamãe. O que acha dá gente fazer uma surpresa para ele? Pode ter bolo, balões, doces! Não é uma boa ideia?

Concordei em silêncio, evitando focar naquela sensação ruim que encontrava meu peito e o apertava. O medo de não ver o Hunter no final de semana me assombrava.

E o pior, assombraria o Pietro. Que, pela primeira vez em quatro anos, encontrou um pai que jamais teve.

•••

Lições Atrevidas | Vol.2Onde histórias criam vida. Descubra agora