14_ Destruição.

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| 14 de Abril, 2023Nova YorkÁs 00h01

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| 14 de Abril, 2023
Nova York
Ás 00h01.

Alexey estava estranho naquela madrugada de sexta-feira. Fazia mais ou menos trinta minutos que eu estava em frente ao balcão, esperando ele terminar de fazer os drinks ㅡ que não costumam demorar a serem feitos ㅡ , enquanto eu tentava olhá-lo nos olhos. Porém, ele não olhou no meu rosto um segundo sequer, desde o momento em que cheguei na boate.

Havia poucos pessoas ali ainda, porque tínhamos acabado de abrir, o que me deixava tranquila pois o movimento não era tão grande assim. Mordi meu lábio inferior ao vê-lo colocar a última taça cheia ali, virando para o estoque de bebidas, sem me lançar uma piada ou olhar.

Nos dias normais, assim que me aproximo do balcão ele me abre um sorriso enorme e faz alguma piadinha me arrancando uma risada sincera. No entanto, não foi isso que aconteceu.

ㅡ Ei! ㅡ Lou abriu um sorriso assim que me viu com a bandeja na mão, me permitindo ver seu rosto delicado. Naquela noite, ela optou por deixar seus cabelos presos. ㅡ O que foi? Que cara é essa?

Soltei o ar com força, indignada por aquilo.

ㅡ É o Alexey. ㅡ Falei, por fim, cedendo. Talvez a Lou pudesse me ajudar. ㅡ Ele não olha na minha cara.

ㅡ Como assim?

ㅡ Sei lá, Lou! Ele... Ele tá estranho. Nenhum segundo sequer, desde o momento que pisei na boate, ele me olhou. ㅡ Expliquei, notando Lou olhar para um ponto mais interessante atrás da minha cabeça. ㅡ E você sabe que ele não é assim, ainda mais comigo. Ele costuma soltar piadas, brincar, perguntar sobre o Pietro.

ㅡ Vocês conversaram? Você falou algo que chateou ele? Ou ele falou algo para chatear você?

Fiz uma careta, puxando as lembranças da noite anterior. No entanto, não rolou nada. Ontem tivemos uma noite tão corrida que não trocamos mais de quatro palavras, perdida no movimento grande.

ㅡ Não, Lou, o pior que não.

Antes que a Lou pudesse fazer mais perguntas, o som da banda improvisada começou a tocar, atraindo minha atenção. Era a hora de cantar a primeira música da noite, iniciando a minha noite oficialmente.

ㅡ Argh... Eu tenho que cantar.

ㅡ Fique tranquila, eu sirvo. E depois tento falar com o Alexey.

Balancei a cabeça em concordância, me aproximando do palco, começando a boate se encher ainda mais. Toquei o microfone com a mão, fechando meus olhos ao sentir a música entrar pelas minhas entranhas, me permitindo voar.

Light reflects from your shadow
It is more than I thought could exist
You move through the room
Like breathing was easy ㅡ Comecei, balançando minhas mãos no ritmo da música, sem deixar de notar um par de olhos claros que me observava.

Porém, ao ver que ele me observava, voltou a fazer o que fazia de melhor.

Aquela madrugada foi muito, muito longa. O grupo de bombeiros não apareceu naquela noite, o que não me permitiu ficar perto do Hunter, me livrando de sua áurea protetora e levemente possessivo.

Agora eu estava bem no canto daquela boate, depois da minha terceira música terminar, me permitindo respirar e descansar por alguns segundos. As pessoas dançavam ao som da música eletrônica, algumas aproveitavam a noite com as garotas, bebidas estavam para todos os lados.

Passei a mão pelos meus fios ondulados, bebericando o líquido quente que desceu pela minha garganta. Balancei minha perna freneticamente, balançando também a taça em minha mão, perdida e alheia ao que tínhamos.

ㅡ Nunca pensei que te veria sozinha desse jeito. ㅡ Comentou, puxando a cadeira em minha frente, deixando outra taça cheia em minha frente. ㅡ E nunca pensei que te serviria numa área isolada da boate.

ㅡ Agora quer falar comigo? ㅡ Questionei, puxando a taça até a mim, bebendo o líquido de um jeito rápido.

ㅡ Desculpa. ㅡ Pediu, encolhendo os ombros sob meu olhar, desviando seus olhos. ㅡ Acho que fui um idiota com você. Eu passei a noite inteira sem te olhar, sem conversar. Acabei ficando cego pelos ciúmes e fiquei com medo de descontar minha raiva em você.

ㅡ Ciúmes? ㅡ Deixei a taça sobre a mesa, observando Alexey quando ele terminou de falar. ㅡ Ciúmes de quem? Da Lou?

ㅡ De você. ㅡ Declarou, agora erguendo o queixo para me olhar. ㅡ De você com o bombeiro.

Meu queixo caiu.

ㅡ Do Hunter? ㅡ O encarei, perplexa. ㅡ Mas, por quê? Ele falou algo para você?

ㅡ Não. Eu fiquei com ciúmes de vê-lo perto de você. ㅡ Confirmou, enclinando seu corpo para frente, me olhando fixamente. ㅡ Acho que nunca disse isso para você, né? Mas você é uma pessoa incrível, Grace, e eu tenho ciúmes de você.

ㅡ Ciúmes...

ㅡ Te surpreende?

ㅡ Na verdade, eu tinha esperanças que tudo isso não passasse de algo maluco da minha cabeça. ㅡ Confirmei, erguendo minha mão na direção do Alexey, tocando em sua pele macia. ㅡ Por que você não falou antes? Hunter não vai me machucar.

ㅡ Você confia nele?

ㅡ Não sou de confiar facilmente, Alexey, você me conhece o suficiente para saber isso. ㅡ Brinquei com os nós dos seus dedos, desviando meus olhos. ㅡ Eu estou só dando uma chance dele me conhecer e provar que é de confiança.

ㅡ Se ele te magoar... ㅡ Apertou minha mão de um jeito rápido, porém, antes que eu pudesse reagir ele começou a acariciá-la em um gesto carinhoso. ㅡ Já sabe o que eu vou fazer com ele.

ㅡ Não será necessário.

Afinal, quem eu estava querendo enganar? Não tinha mais nada em mim que outro homem pudesse quebrar. Leonel fez todo o trabalho, há quase 5 anos atrás, transformando minha vida em um inferno.

Eu já estou quebrada. E, se algum dia alguém me magoar de novo, será minha destruição.

•••

Lições Atrevidas | Vol.2Onde histórias criam vida. Descubra agora