JÉSSICA
Enquanto eu caminhava de volta ao meu lar, um vento repentino e forte varreu a rua, trazendo consigo uma nuvem de poeira que se infiltrou nos meus olhos. Parei por um momento, tentando afastar a irritação esfregando os olhos, mas uma sensação incômoda persistiu, como um grão de areia irritante. Avancei alguns passos e me deparei com o espelho retrovisor de um carro estacionado, onde a luz fraca da rua refletia meu rosto preocupado. Instintivamente, arregalei os olhos, tentando identificar qualquer objeto estranho, em busca desesperada de alívio para a irritação persistente. Após mais algumas tentativas de limpeza, finalmente senti um grande alívio e respirei profundamente, agradecendo pelo conforto recuperado para meus olhos fatigados. Enquanto me preparava para seguir na direção oposta ao carro, uma voz masculina emergiu da escuridão, rompendo o silêncio da noite.
— Por favor, me ajude, alguém me atacou! — A voz era fraca, quase um sussurro, mas carregava um tom desesperado que fez meu coração acelerar instantaneamente, inundando-me de surpresa e preocupação.
Consciente da vulnerabilidade da situação e sem hesitar, virei-me na direção da voz, procurando a fonte da angústia que ecoava na noite. Naquele instante, observei uma pequena rachadura no vidro do carro, um sinal claro de que algo estava terrivelmente errado. Rapidamente, tentei abrir a porta, mas ela resistiu, como se a própria escuridão que envolvia o veículo se recusasse a ceder.
— Preciso que abra a porta, você consegue fazer isso? — Minha voz transbordava de urgência e compaixão, diante da situação desconhecida que se desenrolava diante de mim. Pouco tempo depois, ouvi o som reconfortante do destravamento da porta, um sinal de que minha ajuda era bem-vinda e necessária.
Enquanto a porta do carro se destravava, meu coração pulsava forte no peito, impulsionado pela urgência e pela incerteza do que encontraria lá dentro. Segurei firme no puxador da porta e deparei-me com o interior do veículo imerso na escuridão, exceto por uma tênue luz proveniente dos postes distantes. Avancei com cautela, meus sentidos aguçados pela adrenalina e pela preocupação. No banco do motorista, vi uma figura encolhida, em agonia, agarrando-se ao peito com uma expressão de dor agonizante. Seu rosto era mal discernível na escuridão, seus traços contorcidos pelo sofrimento. A camisa social branca que ele vestia estava completamente manchada de vermelho, uma cruel obra de arte feita pelo sangue que escorria profusamente. Seus gemidos ecoavam pela cabine, preenchendo o espaço com uma angústia palpável. Aproximei-me lentamente, temendo assustar ainda mais a pessoa ferida.
— Está tudo bem, estou aqui para ajudar. — murmurei, minhas palavras soando mais como um mantra reconfortante para mim mesma do que para o desconhecido.
Ao me aproximar, pude discernir sua respiração ofegante, revelando a intensidade de sua agonia. Seu rosto estava machucado, manchas escuras e cortes marcando sua pele pálida.
— Quem fez isso com você? — Perguntei, tentando manter a calma diante da situação alarmante.
Ele soltou um gemido abafado, sua voz rouca e trêmula. — Não sei... ele veio do nada... me pegou desprevenido! — Sua narrativa era fragmentada, interrompida por momentos de dor aguda que o dominavam.
A urgência em ajudar era concreta, e enquanto minhas mãos buscavam rapidamente por algo para estancar o sangramento, meu pensamento corria atrás de soluções para a situação. O que quer que tivesse acontecido ali naquela noite, exigia uma resposta imediata e cuidados precisos para garantir a segurança daquele homem ferido. Com cuidado meticuloso, examinei seus ferimentos, buscando sinais de lesões graves. Num impulso de desespero e adrenalina, aproximei-me, e então percebi o horror da situação: uma quantidade alarmante de sangue, o suficiente para manchar o interior do veículo e revirar meu estômago em náuseas. Com um esforço sobre-humano, consegui remover o rapaz do carro e o deitei cuidadosamente de lado na calçada áspera e fria. Uma crise de pânico começou a se apossar de mim, meu coração batendo descompassado e minha respiração tornando-se superficial, difícil de controlar. Sentei-me próximo ao homem, lutando contra as ondas de tontura que ameaçavam me derrubar a qualquer momento.
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Entre folhas e suspiros
RomanceEm "Entre Folhas e Suspiros", acompanhe a cativante jornada de Jéssica Torres, uma mulher determinada a superar os desafios do trabalho e do amor. Em meio a decepções românticas e dificuldades financeiras, ela guarda o sonho de encontrar um verdadei...