Capítulo 12 - Visitas (Parte 3)

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JÉSSICA

Após concluir o preparo do macarrão, abri meu armário, onde uma variedade de pacotes coloridos se amontoavam, cada um representando um sabor diferente. A correria do dia a dia tornara esse simples prato minha opção padrão de refeição. No entanto, questionava-me se poderia realmente chamar aquilo de refeição. Enquanto mexia na panela, o som de batidas fortes na porta invadiu o silêncio da minha cozinha, disparando um arrepio de temor pela minha espinha. Uma parte de mim temia que pudesse ser a Elena.

— Não vai atender? — Henry sussurrou, sua voz carregada de preocupação.

— Pode ser a minha amiga! — Engoli em seco, sentindo o coração acelerar diante da possibilidade de confronto.

— Livre-se dela então! — Bufou, a frustração evidente em sua expressão, e concordei com a cabeça, entendendo a urgência da situação. Segui até a porta e abri apenas uma pequena fresta, revelando o rosto familiar do vizinho.

— Você tem leite? Te devolvo amanhã, prometo! — Ele pediu com um tom de urgência, antes que eu pudesse formular uma resposta, senti a mão firme do Henry sobre meu ombro, ele puxou a porta com força, assumindo uma postura protetora.

— Aqui não é mercado, amigo! — Ele encarou o homem com uma mistura de desdém e firmeza.

— Você disse que não era casada! — O homem retrucou, sua voz carregada de frustração.

— O fato dela ainda não ser casada não significa que seja solteira! — Henry respondeu com calma, mas determinação. — Peço que se retire e, para o seu próprio bem estar, fique bem longe dela! Compreendeu? — Sua voz ganhou um tom mais sério e ele aproximou-se do homem, que lentamente se afastou, cedendo à autoridade implícita nas palavras de Henry. — Nunca mais abra a porta pra esse rapaz, as intenções dele não são boas! — Henry fechou a porta com firmeza e passou a chave na fechadura, garantindo nossa segurança.

— E como pode saber disso? Você o viu apenas duas vezes e falou com ele apenas uma! — Estreitei os olhos, questionando a precisão de seu julgamento.

— Eu já tive que lidar com todos os tipos de pessoas, algumas boas e outras ruins! E esse sujeito, nem de longe é uma pessoa boa. Só mantenha distância dele! — Afastou-se brevemente para pegar o celular e fazer uma ligação. Minutos depois, retornou, com sua confiança inabalável.

— Você deduziu isso apenas olhando pra ele? — Arqueei a sobrancelha, intrigada com sua habilidade aparentemente sobrenatural.

— Sou ótimo em estudar expressões faciais, consigo decifrar cada uma delas! — Guardou o celular no bolso com um gesto fluido e seguro.

— É mesmo? E o que a minha expressão diz sobre mim? — Indaguei curiosa, tentando entender como ele me via.

— Você é um tanto ingênua, e certamente aceitará minha proposta! — Sorriu, um sorriso confiante que parecia desafiar qualquer resistência. Senti o aroma sutil de seu perfume enquanto ele se aproximava.

— O quê? Não sou nada ingênua e não vou aceitar coisa nenhuma! — Engoli em seco, tentando me afastar dele, consciente de sua beleza impressionante, mas também irritada com sua arrogância evidente.

— Você é ingênua sim, você me deixou entrar no seu apartamento como se fôssemos íntimos, se eu fosse um assassino contratado pra te matar, você já estaria morta agora! — Encarou-me com uma intensidade que fez meu sangue gelar, seus olhos percorrendo meu rosto com uma expressão preguiçosa e calculista.

— E você me deu alguma escolha? Você praticamente invadiu minha casa! — Cruzei os braços em defesa, sentindo-me vulnerável diante da imponente presença dele. O sorriso que ele exibia hipnotizava meus olhos. — Você pretende me matar? — Engoli em seco, consciente de estar diante de um homem misterioso com intenções ainda obscuras.

Entre folhas e suspirosOnde histórias criam vida. Descubra agora