Entre folhas e suspiros

Capítulo 34 - Incertezas (Parte 2)

JÉSSICA

Henry seguiu falando, sua voz carregada de emoção e ansiedade, implorando para que eu compartilhasse cada detalhe do ultrassom, querendo experimentar cada momento da jornada da paternidade desde o início. Seu tom era uma mistura vibrante de admiração e encantamento, como se estivesse absorvendo a magnitude da notícia.

— Eu mal posso acreditar que vamos ter uma menininha! — exclamou ele, a voz embargada pelo turbilhão de sentimentos. — Mal posso esperar para segurar a mãozinha dela, contar histórias antes de dormir, e ver aquele sorriso iluminar nossos dias.

Senti meu coração transbordando de amor e gratidão por compartilhar esse momento com ele. Era como se, através da linha telefônica, nossas almas estivessem conectadas pela pura alegria e expectativa do que estava por vir. Cada palavra que ele dizia era uma promessa de um futuro repleto de amor e ternura, um novo capítulo na nossa história que agora se desenrolava diante de nós. Ao chegar em casa, tomei um banho revigorante, ansiosa para compartilhar o vídeo do ultrassom com Henry. Assim que ele chegou, coloquei a gravação na TV e ele se aproximou, segurando minha mão com ternura. Juntos, olhamos para a tela, maravilhados com a nova vida que estava a caminho. Nosso amor parecia se fortalecer naquele instante, unidos pela alegria de saber que seríamos pais de uma linda menina. Cada imagem do ultrassom era uma promessa de amor e cuidado, e o brilho nos olhos de Henry refletia a magnitude desse momento único em nossas vidas. Era como se o mundo parasse por um momento, e só existisse a emoção compartilhada entre nós, pulsando no ar como uma música suave que embalava nossos sonhos e expectativas para o futuro.

— Vocês precisam pensar em um nome! — Anne exclamou, seu entusiasmo transparecendo nos olhos brilhantes, como estrelas acesas em uma noite escura.

— Tem razão! Eu gosto de Elisa! — Henry sugeriu animado, mas seu sorriso desapareceu ao perceber minha expressão tensa, como se um véu sombrio cobrisse meu rosto. — É um nome delicado e elegante, com uma sonoridade suave que transmite tranquilidade e serenidade. — Ele concluiu, tentando convencer não só a mim, mas a si mesmo também.

— Não me agradou, gosto de Alice. É encantador e tem um ar clássico e atemporal. Além disso, o nome Alice traz consigo uma sensação de curiosidade, imaginação e aventura, perfeito para uma criança que está prestes a explorar o mundo ao seu redor. É um nome que pode ser facilmente pronunciado em diferentes idiomas e tem uma sonoridade delicada e agradável. O que você acha de Alice como nome para a sua filha? — Eu me esforcei para manter a calma ao encarar os olhos negros do homem à minha frente, mas as emoções ferviam dentro de mim como uma tempestade prestes a desabar.

— Qual o problema com Elisa? — Ele gesticulou com as mãos, demonstrando sua frustração, como se tentasse desviar o curso de um rio caudaloso.

— O problema é a coincidência com o nome da sua antiga namorada Elizabeth. — Rosnei entre os dentes, sentindo-me demasiado desconfortável com a lembrança que aquele nome trazia. As memórias do passado ressurgiram, trazendo consigo uma mistura de ressentimento e rancor, como espinhos enterrados que agora cutucavam feridas antigas.

Henry baixou o olhar por um momento, como se fosse atingido por um golpe inesperado, suas defesas momentaneamente abaladas. Senti a tensão aumentar no ar, a discussão sobre o nome do nosso bebê revelando camadas profundas de sentimentos não resolvidos, como um vulcão adormecido prestes a entrar em erupção.

— Desculpe, não quis trazer à tona lembranças desagradáveis. Mas Elisa... Ela não tem nada a ver com Elizabeth, é um nome único, especial para nós dois. — Henry tentou argumentar, seus olhos buscando os meus em busca de compreensão, como se cada olhar fosse uma ponte tentando unir nossas perspectivas divergentes.