Capítulo 24 - Sem limitações (Parte 3)

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HENRY

Ela repousou sua cabeça sobre meu abdômen, buscando conforto em minha presença. Seus dedos começaram a acariciar minha pele por baixo da blusa, traçando suavemente as cicatrizes que marcavam meu corpo. Cada toque dela era um lembrete de sua aceitação incondicional, uma promessa silenciosa de amor e apoio.

— Eu teria morrido naquela noite se não fosse por você! Serei eternamente grato por me salvar! — Revelei, deixando escapar a gratidão que há muito tempo vinha guardando dentro de mim.

— Sinto muito por você ter passado por essa experiência terrível. Espero que encontrem a pessoa responsável por isso! — Ela suspirou, sua voz carregada de compaixão e indignação diante do que eu havia enfrentado.

A profundidade de sua empatia e apoio era como um raio de luz em meio à escuridão que ainda pairava sobre minha mente. Era reconfortante saber que ela estava ao meu lado, enfrentando os desafios que a vida nos lançava juntos. Mesmo que o passado ainda trouxesse lembranças dolorosas, eu sabia que, com ela ao meu lado, poderia superar qualquer obstáculo que surgisse em nosso caminho juntos.

— Henry, não consigo mais suportar essa situação. Cada vez que olho para você, cada pensamento que tenho, só me lembro de que sou apenas um contrato, uma peça em um jogo que não escolhi jogar. É como se estivesse presa por correntes invisíveis, incapaz de me permitir sentir o que meu coração deseja. Não posso mais ignorar a realidade, mesmo que tente, a verdade está aqui, diante de mim. Cada vez que sinto ciúmes de você, sou lembrada das regras. Não posso me permitir amar você, não posso me permitir sentir ciúmes, porque sou apenas um contrato. Não posso fazer isso comigo mesma. Acabei de recuperar meu coração despedaçado por um relacionamento em vão. Não quero passar por isso tudo de novo. Vou fazer um empréstimo e pagar o que devo a você. Sinto muito por quebrar as regras, mas foi mais forte do que eu! Depois de tudo que aconteceu entre nós ontem, percebi a tolice que cometi. Estou começando a gostar de você além do que posso suportar! — As palavras de Jéssica ecoaram pelo ambiente, impregnadas de uma angústia palpável e uma batalha emocional que a consumia por dentro.

Enquanto ela falava, o ar ao redor parecia mais pesado, como se cada palavra carregasse uma carga emocional intensa. O olhar dela se desviava, alternando entre tristeza e determinação, refletindo a luta interna que ela enfrentava. Eu ouvia atentamente, com uma expressão séria e compreensiva. Eu sabia das regras, mas também entendia a profundidade dos sentimentos que nos rondavam. A sala estava silenciosa, exceto pelo som suave de nossas respirações. O eco de suas palavras preencheu o ambiente, revelando a essência de sua tormenta interna, como se cada sílaba fosse uma tentativa desesperada de se libertar das amarras que a sufocavam. Seus olhos refletiam uma mistura complexa de dor e desejo, uma luta entre a razão e a emoção que a deixava vulnerável diante de mim. Era como se aquele momento fosse uma encruzilhada em que a verdade nua e crua se impunha sobre nós. 

Percebi que nossa relação, que começou como um acordo frio e racional, havia transmutado para algo muito mais profundo e intenso do que imaginávamos. As regras do contrato já não podiam conter a crescente intensidade de nossos sentimentos. Era uma batalha entre o que era esperado de nós e o que nossos corações ansiavam, uma batalha que Jéssica enfrentava corajosamente naquele momento de confissão e vulnerabilidade. Ao ouvir suas palavras, meu próprio coração acelerou em reconhecimento mútuo. A conexão entre nós era tão poderosa que as convenções sociais pareciam frágeis diante dela. Em seu desabafo, ela não apenas revelou sua dor, mas também despertou em mim uma compreensão profunda de que estávamos unidos por algo maior do que qualquer contrato ou obrigação. Era o despertar de um amor genuíno, que transcendia as limitações impostas pelo mundo exterior.

— Jéssica, entendo cada palavra que você disse. Também estou enfrentando um turbilhão de sentimentos que não consigo mais conter. Este contrato já não reflete a profundidade do que sentimos um pelo outro. Também me vejo preso nesse labirinto de regras e convenções. Mas, será que realmente precisamos nos conformar com isso? Não podemos mais nos limitar por convenções e regras frias. Precisamos tomar uma decisão. — Respondi, sentindo meu coração bater forte diante da vulnerabilidade que compartilhava naquele momento.

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