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Ellie

— Você vai aparecer no treino hoje? — perguntou Sarah.

Ela já está parada do lado de fora da porta do motorista, e sequer me lembro de ter chegado ao seu colégio, muito menos de entrar no carro.

Assinto com a cabeça, mas não consigo olhar em seus olhos. Estava tão imersa em meus pensamentos durante o caminho até aqui que nem considerei a possibilidade de tentar obter informações com ela.

Eu só conseguia pensar que não acordei com lembrança alguma. Esperava que Daisy tivesse razão, que nós duas iríamos acordar e tudo voltaria ao normal. Mas não foi o que aconteceu.

Ou pelo menos eu não acordei com lembrança alguma. Não falo com Daisy desde ontem à noite, e a última mensagem que ela me mandou de manhã não revelava nada.

Na verdade nem abri a mensagem.

Apareceu na tela bloqueada, e li o suficiente da primeira frase para me dar conta de que não gostei do que estava sentindo. Logo comecei a imaginar quem iria buscá-la e se ela não via nenhum problema naquilo.

Não sei o que acontece, mas parece que meus instintos protetores entram em ação quando o assunto é Daisy. Não sei se sempre foi assim, ou se é porque é com ela  que consigo me identificar nesse momento.

Ao chegar a faculdade, desço do carro determinada a encontrá-la. Para ter certeza de que ela está bem, apesar de saber que é bem provável que sim. Não preciso descobrir mais nada a seu respeito para saber que ela realmente não precisa de mim. É extremamente independente.

Mas isso não significa que não vou tentar mesmo assim.

Quando entro na faculdade, percebo que não sei por onde começar a procurá-la. Nenhuma de nós consegue lembrar quais são nossos armários e, considerando que isso aconteceu com nós duas durante a quarta aula de ontem, não fazemos ideia de onde são nossas primeiras, segundas e terceiras aulas.

Decido ir até a sala de administração pedir uma cópia de meus horários. Espero que Daisy tenha pensado em fazer a mesma coisa, pois duvido que eles me entreguem o horário dela.

Não reconheço a secretária, mas ela sorri para mim com um ar de entendida.

— Veio falar com a Srta. Walker, Ellie?

Srta. Walker

Começo a negar com a cabeça, mas ela já está apontando para a porta de um escritório aberto. Quem quer que seja a Srta. Walker, devo visitá-la com frequência para que minha presença na administração seja considerada comum.

Antes que eu me aproxime da porta aberta do escritório, uma mulher sai de lá. Ela é alta — mais do que eu —, atraente e não aparenta ter mais de 35 anos.

— Srta. Williams — diz ela, com um vago sorriso no rosto, jogando o cabelo loiro artificial para trás do ombro. — Tem hora marcada?

Paro, sem continuar me aproximando dela. Olho de volta para a secretária no mesmo instante em que a Srta. Walker acena para ela não se preocupar.

— Não tem problema, tenho alguns minutos. Pode entrar.

Passo cuidadosamente por ela, analisando a placa na porta enquanto entro no escritório.

HANNAH WALKER, ORIENTADORA EDUCACIONAL

Ela fecha a porta atrás de mim, e dou uma olhada no escritório, que é decorado com frases motivacionais e pôsteres típicos com mensagens positivas.

INERENTE; ellie williamsOnde histórias criam vida. Descubra agora