EllieNão sei se estou indo atrás dela porque quero protegê-la ou se é porque sou possessiva. De qualquer forma, não gosto da ideia de ela pedir ajuda a outra pessoa.
Fico me perguntando quem é essa tal de Abby, e por que ela não vê problema em dar em cima da minha namorada, quando é óbvio que nós duas estamos juntas.
Minha mão esquerda ainda está segurando o telefone quando toca novamente. Não aparece nenhum número na tela, só a palavra "Pirralha". Deslizo o dedo e atendo.
— Alô? — digo receosa.
— Onde você se meteu?
É a voz de uma garota. Um voz fina e jovem. Olho de um lado para o outro antes de atravessar o cruzamento com o carro.
Acho que também tenho uma irmã. Nas fotos presentes na minha casa, muitas aparecem uma garotinha de cabelos loiros, mas não se passou na minha cabeça que ela poderia ser a minha irmã. Talvez uma prima? No máximo.
— Estou no carro...
Ela solta um gemido irritado.
— Porra, não brinca. Se continuar faltando ao treino, você vai parar no banco.
A Ellie de ontem, provavelmente iria ficar irritada com essa notícia. A Ellie de agora está aliviada.
— Que dia é hoje?
— Quarta. Um dia antes de amanhã e depois de ontem. Venha me buscar, o treino acabou.
Porque ela não tem seu próprio carro? Nem sei quem é essa garota, e ela já me parece inconveniente. É, com toda certeza é minha irmã.
— Preciso buscar Daisy primeiro — digo.
Ela faz uma pausa.
— Na casa dela?
— É...
Mais uma pausa.
— Você tá querendo morrer, é?
Detesto não saber o que aparentemente todo mundo sabe. Porque eu não seria bem-vinda na casa de Daisy?
— Tá bom, mas não demora — diz ela, logo antes de desligar.
*
Ela está em pé na rua quando viro a esquina. Está encarnado a própria casa com as mãos ao lado do corpo, está segurando duas latas de refrigerante. Uma em cada mão. Segura como se fossem armas, como se quisesse arremessá-los na casa a sua frente na esperança de que, na verdade, sejam granadas. Paro alguns metros dela.
Ela não está com a mesma roupa de antes. Colocou uma calça preta rasgada no joelhos. Uma jaqueta de couro e uma blusa de uma banda qualquer. Está toda coberta mas, mesmo assim, parece estar com frio. Uma rajada de vento sopra, e seus cabelos loiros esvoaçam, mas ela não parece se incomodar. Nem pisca. Está perdida nos próprios pensamentos.
E eu me perco nela.
Quando ponho o carro no ponto morto, ela vira a cabeça e olha para mim, seus olhos azuis estão com um brilho diferente no momento, mas ela logo desvia o olhar para o chão. Anda até a porta do carona e entra. Seu silêncio parece implorar pelo meu silêncio, então, não digo nada até que ela se pronuncie.
Depois de alguns quilômetros, ela finalmente relaxa no banco e apoia os coturnos no painel.
— Aonde estamos indo?
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INERENTE; ellie williams
RomantizmMelhores amigas desde a infância. Apaixonadas desde a adolescência. Desconhecidas desde essa manhã. Todas as recordações desapareceram... Ellie e Daisy precisam trabalhar juntas para descobrir a verdade sobre o que aconteceu com elas e o porquê. Por...