Twelve; E

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Ellie

Andamos  dois  quarteirões,  e  ela  ainda  não  soltou  minha  mão.  Não  sei  se  é porque gosta de segurá-la, ou se a Newbury Street que é... bem...

—  Meu  Deus  —  diz  ela,  virando-se  para  mim.  Ela  agarra  minha  camisa  e encosta  a  testa  no  meu braço. — Aquele  cara  acabou  de  mostrar  o  pênis  para mim  —  confessa  ela,  rindo  na  manga  da  minha  camisa.  — Ellie,  acabei  de  ver meu primeiro pênis! Agora entendo porque gosto de garotas.

Rio  enquanto  continuo  conduzindo-a  em  meio  à  multidão  bêbada  da Newbury Street. Depois de andarmos bastante, ela olha para cima de novo. Agora estamos nos aproximando de um grupo ainda maior de homens agressivos e sem camisa. Todos estão rindo e gritando com as pessoas nas varandas acima da gente.

Ela segura minha mão com mais força até conseguirmos passar por eles. Depois relaxa e se afasta um pouco.

Puxo-a  para  perto  de  mim  e  aponto  para  a  calçada  na  frente  dela. Daisy contorna o que parece ser vômito.

— Estou com fome.

Rio.

— Passar por cima de vômito a deixou com fome?

— Não, vômito me fez pensar em comida, e comida fez minha barriga roncar. Me alimente. — Ela aponta para um restaurante mais à frente na rua. Tem um letreiro em vermelho-neon piscando — Vamos ali.

Ela passa à minha frente, ainda segurando minha mão. Dou uma olhada em meu celular e a sigo. Tem três ligações perdidas. Uma do "Treinador", outra da minha irmã e mais uma de meu pai.

Meu corpo inteiro esbarra nas costas de Daisy quando ela para bruscamente a fim de deixar um carro passar. Ela toca a parte de trás da sua cabeça, onde meu queixo bateu.

— Ai — diz ela, massageando a cabeça.

Esfrego meu queixo e fico observando de trás enquanto ela joga o cabelo para a frente, deixando-o por cima do ombro. Meus olhos se fixam na ponta do que parece ser uma tatuagem surgindo debaixo da parte de trás da camisa dela.

Ela recomeça a andar, mas eu seguro seu ombro.

— Espere — peço. Meus dedos percorrem a gola da sua camisa e puxo alguns centímetros  para  baixo.  Há silhuetas em  tinta  preta  bem debaixo  da  sua  nuca, descendo pelas costas.  Percorro  o  contorno  com  os  dedos.  —  Você  tem  uma tatuagem.

Ela leva a mão ao local que estou tocando.

— O quê?! — grita ela, e depois se vira e olha para mim. — Não tenho, não.

— Tem, sim. — Eu a viro de volta e puxo sua camisa para baixo mais uma vez. — Aqui — digo, enquanto contorno as linhas de novo. Dessa vez, percebo seu pescoço se arrepiar. São traços de uma ninfa, ou talvez uma deusa, com a mão entendida como se quisesse alcançar algo. Mas parece incompleta. Dou  mais  uma  olhada  na tatuagem, porque agora seus dedos estão tentando sentir o mesmo que eu. Pego dois deles e os pressiono em sua pele. — São silhuetas de uma mulher — aviso a ela. — Bem aqui.

— Uma mulher? —  diz  ela,  inclinando  a  cabeça  para  o  lado.  —  Por  que  eu  teria tatuado uma mulher? — Ela se vira. — Quero ver. Tire uma foto com o celular.

Puxo  sua  camisa  o  suficiente para baixo  de  forma  que  ela tente ver  a tatuagem inteira, apesar de ser grande. Coloco seu cabelo em cima do ombro de novo, não por causa da foto, e sim porque eu estava morrendo  de  vontade  de  fazer  isso.  Também  reposiciono  sua  mão,  deixando-a na frente do corpo, cobrindo seu ombro.

INERENTE; ellie williamsOnde histórias criam vida. Descubra agora