Fourteen; E

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Ellie

Mais uma maldita noite mal dormida. Mas dessa vez não perdi o sono porque estava preocupada comigo mesma ou com o que fez Daisy e eu perdermos a memória.

Fiquei sem sono porque eu só conseguia pensar em duas coisas: no nosso beijo e na reação de Daisy.

Não sei porque ela se afastou, nem por que preferiu pegar um táxi em vez de voltar comigo. Pela sua reação durante o beijo, deu para perceber que ela sentiu o mesmo que eu. Claro que não foi um beijo como nos contos de fadas, capazes de quebrar uma maldição, mas acho que nenhuma de nós estivesse realmente esperando que isso acontecesse. Não sei se tínhamos alguma expectativa para o beijo, acho que só um pouco de esperança.

O que eu não espera de jeito nenhum era que tudo fosse ficar em segundo plano no instante em que seus lábios tocassem os meus, mas foi exatamente o que aconteceu. Parei de pensar no motivo pelo qual a gente estava se beijando, e em tudo o que aconteceu durante o dia. Só consegui pensar em como ela agarrava os cabelos na minha nuca, me puxando para perto, querendo mais.

Escutei seus breves suspiros entre os beijos, porque, assim que nossas bocas se encostavam, nós duas ficávamos sem fôlego. E apesar dela ter interrompido o beijo e se afastado, percebi sua expressão atordoada e a maneira que seus olhos azuis se fixaram na minha boca.

No entanto, apesar de tudo isso, ela ainda sim se virou e foi embora. Mas, se aprendi uma coisa sobre Daisy nesses últimos dias, é que toda ação dela tem uma justificativa. E, como costuma ser boa, não tentei detê-la.

Recebo uma mensagem no celular e quase caio ao sair do chuveiro para pegar o aparelho. Não tive notícias dela desde que nos afastamos ontem à noite, e eu estaria mentindo se dissesse que não estou começando a ficar preocupada.

Minha esperança se esvai quando vejo que a mensagem não é de Daisy. É de Logan, o garoto com quem conversei ontem à noite.

Logan: Kate quer saber se Daisy foi com você para a faculdade. Ela não está em casa.

Desligo o chuveiro, apesar de nem ter tirado o sabão do corpo. Pego a toalha com uma das mãos e respondo a mensagem com a outra.

Eu: Não, nem saí de casa ainda. Kate tentou ligar para ela?

Assim que mando a mensagem, disco o número de Daisy, coloco no viva-voz e o deixo no balcão. Já estou vestida quando a ligação cai na caixa postal.

— Merda — murmuro ao desligar.

Abro a porta e passo no quarto só para calçar os sapatos e pegar as chaves do carro. Desço, mas fico paralisada antes de chegar na porta da casa.

Tem uma pessoa na cozinha. E não é a Audrey.

— Pai?

A palavra sai da minha boca antes mesmo de eu me dar conta de que estou falando. Ele se vira, e apesar de eu só ter o visto uma vez, agora ele está diferente. Não está irritado, nem gritando. Está calmo e sorridente. E dessa vez tenho certeza de que senti alguma coisa ao vê-lo. Não sei o que. Talvez amor, reconhecimento...?

Sou tomada por uma sensação de calma.

Não... de conforto. É isso que estou sentindo.

— Oi, garota — diz ele, com um sorriso alegre no rosto. Ele está preparando um café, ou talvez esteja apenas limpando a cozinha depois de prepará-lo. — Viu a correspondência que deixei na sua cômoda ontem? Como está se sentindo?

Sarah se parece mais com ele do que eu.

Ele inclina a cabeça e se aproxima de mim.

— Ellie, você está bem?

INERENTE; ellie williamsOnde histórias criam vida. Descubra agora