Adeus ou até logo?

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Eu estava arrasada. A minha vida toda ficando pra trás assim?
Ela não tinha o direito de fazer isso.

— não esquece de mim ta? — Bianca diz fechando a última mala que ela me ajudou a fazer.

— Eu nunca vou,Bianca. — conforto a garota e seguro o choro.

— assim que a gente chegar lá eu te ligo,pode ser? — pergunto para a garota

— Mas e o fuso? Eu posso estar dormindo,desidratada de tanto chorar ou com um boyzinho qualquer. — ela diz e da uma risadinha fraca. Vou sentir tanta saudade dela.

— Eu te mando uma mensagem,quando você acordar ou desocupar você me responde. — digo e fecho a última mala.

O motorista vem buscar a última mala para por no carro e eu abraço a garota

— Te amo ta? Assim que eu arranjar um lugar pra eu ficar eu deixo as chaves do apê com algum parente seu daqui. Ou eu voou até Barcelona pra te entregar? — ela brinca na última parte. A real era que Bianca vinha de uma família extremamente humilde e simples. Mas são felizes,diferente da minha.

— imagina,quero que você cuide daqui. Viva sua vida normalmente e não se importe com contas. Eu já cuidei disso. Por favor,Bia. Seja feliz ta? Você merece. Te amo! — dou um último abraço na garota que abre a boca para negar a "ajuda" mas eu a impeço. Eu não posso simplesmente falar " A casa é sua " já que ela provavelmente sairia daqui o mais rápido possível ou se sentiria "dependente" de alguém. E ela nunca vai precisar ser enquanto eu existir.

— obrigada por tudo tá? Você é incrível. Vai fazer uma puta falta. — ela diz e se separa do abraço

— você também vai,garota. — digo sorrindo por fora mas chorando por dentro

— Podemos ir senhora Mayer? — ouço Sandro,motorista da família falar atrás de mim.

— podemos — digo e já me viro para ir. Não adianta eu ficar enrolando essa despedida. Ela tem que acontecer

— Até logo,May — ela diz sorrindo na porta de casa e eu sorrio de volta

— Até logo, Dias. — "Dias" de " Bianca Dias" e "May" como apelido de "Mayer".

Entro no carro e já coloco o meu fone de ouvido. Não quero tomar um sermão agora. Eu estou deixando a minha vida para trás,os meus amigos,a minha melhor amiga de infância,as memórias,tudo.

O caminho não foi longo,assim que chegamos no aeroporto já fomos direto para o jatinho particular da família e o voo não demorou nada para sair.

Ai vamos nós, Barcelona.

Eu dormi maior parte do tempo,a outra parte eu chorei em silêncio. Que puta dor. Eu não conheço ninguém de lá,imagina eu chegar na sala de aula é só ter gente falando em espanhol e sem as piadinhas sem graça quando a gente fala algum número ou coisa suspeita.

Caraca,eu perdi o meu terceirão br.

Assim que pousamos em Barcelona eu já pude sentir a realidade. Ficou tudo para trás.

Ganhei uma folha em branco. Agora,desenhar ou rabiscar?

Suspiro e desembarco já vendo o meu pai e a minha irmãzinha Lara.

— SOFIAAAA — a garotinha vem correndo até mim e eu me abaixo a esperando com os braços abertos.

— Que saudade,pequena! — digo abraçando ela.

— Você está tão linda. — ela diz olhando pra mim

— obrigada meu amor,você também está linda!! —digo sorrindo e dando um beijo na bochecha dela.

Lara é a minha irmã mais nova. Nós duas somos as "princesas" do papai como o nosso pai sempre fala.
Ela tem 5 anos e só me via nas datas comemorativas como Natal,aniversário,Fim de ano e etc. E quase sempre era ela quem ia para o Brasil me ver.

A família se mudou pra cá por causa das empresas,ter milhares de concessionárias de carros esportivos e não estar presente em alguma delas é difícil. Por isso a nossa pioneira,mais lucrativa e importante fica aqui.

— Oi minha princesa. — meu pai diz assim que se aproxima de mim já me dando um abraço apertado.

— Oi Pai,como estão as coisas? — pergunto para o mesmo que ainda não havia se separado do abraço.

— Normal,muito dinheiro mas uma saudade extremamente de ter você com a gente. — Ele diz e se separa do abraço.

— Ah,agora eu acho que vou ter que passar um tempo aqui. — digo com um sorriso forçado. Eu não estava feliz,mas eu também não vou falar que estou triste,eu estou com a minha família.

— Eu não quero pensar nem falar sobre o que aconteceu no Brasil. O que aconteceu ficou lá. — ele diz e confesso que aquilo me confortou muito.

— vamos — ele diz e eu concordo com a cabeça. Pego Lara no colo e em pouquíssimo tempo estávamos em casa.

A casa da família era uma puta mansão. Eu não vou ser maluca de falar que não gosto de ter boas condições,mas eu não me importo tanto com isso. Lógico,tenho coisas de marca,mas eu não saio exibindo isso.

Entro na casa e desde a última vez que eu vim aqui eu acho que modificaram algumas coisas.

— ainda sabe onde fica o seu quarto? — A minha mãe pergunta.

— sei, obrigada — respondo e subo as escadas indo até o meu quarto. Caraca quanto cômodo. Realmente mudaram muitas coisas aqui.

Entro no quarto e observo cada detalhe,cada coisa que mudaram ali e suspiro. — que saudade — solto automaticamente quando me deito na minha cama.

Já vou direto para o banheiro e tomo um banho bem relaxante,faço as minhas higienes pessoais e penteio o cabelo para sair,coloco um roupão de banho e caminho até o meu closet para pegar qualquer peça dali.

A minha mãe tem um costume estranho de que toda vez que eu venho pra cá ela faz uma limpa nas minhas roupas e deixa novas. Ela diz que " etapa nova, roupas novas " pego um short preto e um moletom cinza e visto. Coloco um tênis branco e passo perfume.

— Filha, Hoje nós vamos jantar fora — ouço a voz da minha mãe atrás da porta do meu quarto e eu apenas digo " Ta bom ".

Acho que um jantar fora pode gerar amizades novas,certo?

Você sabe o que é amor?  | Pablo Gavi Onde histórias criam vida. Descubra agora