CAPÍTULO 1.

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3 ANOS ATRÁS

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3 ANOS ATRÁS

Eu estava encostada na parede, tentando manter a respiração calma, mas era impossível. O peso daquele silêncio... aquele maldito silêncio, me esmagava. Cada vez que ele ficava sem resposta, o mesmo ciclo começava de novo. E eu já estava cansada de rodar em círculos.

- Você vai sair de novo, não vai? - perguntei, a voz mais fria do que eu pretendia.

Ele nem sequer olhou para mim enquanto calçava os tênis. A postura rígida, os ombros tensos, como se a minha pergunta fosse só mais um incômodo. Sempre era assim. Eu falava, ele ignorava, e depois o mundo dele lá fora o engolia. Corridas ilegais. Tráfico. Quem sabe o que mais ele fazia. Eu nem queria mais saber.

- E o que você espera que eu faça? - Ele levantou a cabeça, os olhos brilhando de irritação.
- Ficar aqui, preso, ouvindo você me encher a porra do saco? Eu preciso sair dessa droga de casa!

Meu coração disparou. Não por medo... talvez por frustração. Ou raiva. Eu já nem sabia mais. Mas a ironia estava ali, clara como o dia. Ele sempre fugia. Sempre.

- Foge, então. Vai correr, vai se enfiar em qualquer buraco que te faça esquecer a porcaria de vida que você leva. Só não espera que eu esteja aqui quando você voltar. - Ameacei

Eu vi quando a raiva começou a crescer nele. Os punhos cerrados, os olhos me encarando com tanto ódio... Mas eu sabia que tinha algo mais ali. Algo pior.

- E com quem você vai estar quando eu voltar, hein? - Ele deu um passo em minha direção. - Vai me dizer que não tem ninguém te rondando? Acha que eu sou burro? Eu sei como olham pra você, e sei que você gosta.

Senti meu estômago revirar. Não era a primeira vez que ele insinuava isso. Esse ciúme sufocante, essa necessidade de me controlar.

- Você está delirando, como sempre. - Não havia mais tristeza na minha voz, só cansaço. - Você acha que todo mundo está atrás de mim, mas o único que me persegue, que me sufoca... é você.

Ele riu, um som baixo, quase um rosnado. - Você é minha. Sempre foi, e sempre vai ser.

Por um segundo, senti um frio na espinha, mas me forcei a não demonstrar nada. - Eu não sou propriedade de ninguém.

Ele deu outro passo, agora próximo o suficiente para que eu sentisse sua respiração e a tensão em seu corpo. - Eu te protejo. Eu faço tudo isso por você, e você me agradece como? Querendo me trair? - Sorriu sarcástico

Isso aqui foi a gota d'água.

- Eu nunca traí você e nunca trairia. Mas quer saber? Talvez eu devesse. Talvez isso te fizesse entender que eu não aguento mais. Que você está me arrastando junto nessa sua vida podre, e eu... eu vou acabar me afogando com você. - Senti meus olhos se encherem de lágrimas

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