CAPÍTULO 17.

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Ele me olhou dos pés à cabeça, e a expressão em seu rosto endureceu, com uma frieza que me fez estremecer

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Ele me olhou dos pés à cabeça, e a expressão em seu rosto endureceu, com uma frieza que me fez estremecer.

— Me acompanhe até o escritório, Angel — Disse ele, em um tom grave e decidido, me lançando um último olhar antes de sair do quarto de Antoine. Meu coração acelerou e senti um nó na garganta enquanto eu e minha mãe o seguíamos em silêncio. A cada passo, minha respiração ficava mais pesada, e o suor frio nas minhas mãos não deixava dúvidas de que algo sério estava por vir.

Ao entrar no escritório, senti um calafrio percorrer minha espinha. O ambiente ali parecia sufocante, o ar carregado de tensão. Me sentei na cadeira de frente para ele, com a mesa entre nós, criando uma barreira que só reforçava a distância emocional. Ele se sentou do outro lado, os olhos fixos nos meus, como se pudesse enxergar até meus pensamentos mais profundos.

O silêncio que se seguiu parecia eterno, cada segundo aumentando o peso da situação. Ele estava imóvel, o olhar firme, me estudando com a mesma intensidade de quem analisa um culpado.

Eu podia sentir a tensão na minha espinha enquanto ele me encarava, um olhar duro e sem qualquer traço de compreensão. O silêncio no escritório era cortante. Minha mãe estava ao meu lado, mas eu sabia que, assim como sempre, ela não iria se meter.

— Creio que sua mãe já teve ter te falado o que é, né? — Ele começou, olhando primeiro para ela e depois se voltando para mim com uma expressão impassível. — Angel Lancaster, vou ter que te dar sermão depois de criança? É isso que você quer? — Suas palavras eram cheias de desprezo, e eu senti o gosto amargo da raiva misturada com a vergonha subindo pela garganta.

— Olha, pai, eu posso explicar… — Engoli seco, mas a voz saiu trêmula.

— Explicar o quê, Angel? — Ele cortou, sua voz subindo um tom. — Eu não quero ouvir suas desculpas. Você acha bonito viver como um marginal qualquer por aí? — Sua voz ecoou no escritório, fazendo meu coração disparar. Eu nunca tinha visto meu pai tão irritado. — Não te eduquei para você virar uma pessoa sem futuro. — Virar uma pessoa sem futuro? Isso aí já tá sendo demais para mim.

Respirei fundo, tentando segurar a frustração que borbulhava dentro de mim. Eu não conseguia mais me calar. — Mas é o que eu gosto, Vicent Lancaster! — Minha voz saiu mais alta, surpreendendo até a mim mesma. — Você tem que entender que eu não sou mais criança! Meus gostos são diferentes dos seus, e eu agradeço pela educação que você me deu, mas apostar rachas e fumar não me fazem uma pessoa pior ou melhor! —

A expressão do meu pai endureceu, e por um segundo pensei que ele iria me mandar embora dali. Mas, em vez disso, ele se levantou, inclinando-se sobre a mesa e batendo com as mãos com uma força que fez minha mãe dar um passo para trás, assustada.

Meu pai, o senhor Vincent Lancaster, estava ali, me encarando com um olhar que poderia perfurar a alma. A raiva, o desespero, a decepção, tudo isso transbordava nele enquanto se inclinava sobre a mesa, um homem consumido pela necessidade de controle. Eu conseguia sentir o peso desse controle, esmagador e opressor, prendendo cada músculo do meu corpo.

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