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Hyunjin não acreditava que estava na sala de espera daquele hospital.

Nervosamente, raspava a palma das mãos com as unhas em uma tentativa desenfreada de descontar a ansiedade que estava o afligindo.

— Senhor Hwang... por favor, me acompanhe.

Com uma feição vazia, sem separar os lábios sequer para liberar ar, Hyunjin ergueu-se de seu assento e seguiu o médico que estava lendo o laudo presente na prancheta que carregava o qual Hyunjin não tinha o menor interesse.

— É grave, possivelmente... ele morra logo se não for submetido ao tratamento adequado.

Hyunjin estacionou em frente a uma porta após entrar e sair de um elevador em outro andar, checando a aparência do médico antes de dizer:

— Bem... todos morrem, não é? — ele murmurou com a garganta seca e a voz rouca. — Acho que ele vai querer ter um tempo sozinho comigo. Se poupe disso — ele abriu a porta e logo a bateu atrás das costas, olhando para frente.

Hyunjin encontrou um ambiente que carregava o peso do tempo e das emoções. As paredes eram de um branco gélido, sem decoração, contribuindo para a sensação impessoal do espaço. A iluminação era suave, espalhando uma luminosidade fraca e tranquila.

No centro do quarto, uma cama hospitalar com lençóis brancos destacava-se, e nela, seu pai jazia debilitado. Seu rosto era pálido e cansado, e ele parecia envelhecido pelos anos de distância e pela doença que o atingiu. Fios e tubos médicos estavam conectados a ele, monitorando sua condição e administrando tratamentos.

Uma única cadeira estava posicionada ao lado da cama, oferecendo a Hyunjin um lugar para se acomodar. A atmosfera era tensa, pois anos de desentendimentos e sentimentos não resolvidos pairam no ar. Enquanto seu pai olhava para ele, seus olhos carregavam uma mescla de expectativa e arrependimento.

O quarto, apesar de estéril, se encheu de emoções e memórias, evocando um profundo conflito interior em Hyunjin. Ele era confrontado com o ressentimento que guardou por tantos anos, mas também com a compaixão que sente pela última família que lhe resta após a perda de sua mãe.

Este encontro era um momento crucial na vida de Hyunjin, onde ele precisava lidar com suas próprias emoções conflitantes e decidir como abordar esse capítulo inesperado em sua relação com seu pai.

— Resolveu lembrar que tem um pai, Hwang Hyunjin?

Toda a compaixão que transbordava pelos outros de Hyunjin foi suprimida. Era como se badaladas de sinos tocassem dentro de sua cabeça. Uma fita do tempo passou rapidamente e Hyunjin se viu enjoado, suas mãos tremeram e seu sangue congelou um segundo depois para seu coração pulsar chamas de fogo, fazendo com que ele fosse abastecido com toda a coragem que faltava para encontrar o seu pai, Hwang Jinwoo.

— Se eu resolvi lembrar? — Hyunjin deu um passo seguido do outro em direção ao leito. — Como eu poderia esquecer do homem que tentou arruinar a minha vida?

— Como você se atreve a falar nesse tom comigo, garoto? — esbravejou. — Você fez tudo errado! Olha onde terminamos, olha onde viemos nos reencontrar depois de você ter matado a sua mãe!

— Como eu me atrevo? — Hyunjin fitou o chão, as tatuagens em seus braços. Ele riu porque seu pai estava falando como se tivesse feito um bom trabalho, mas ainda estivesse ofendido com o retorno. — Você vê o que fez comigo? Você me culpa? Olhe pra mim! Eu pareço bem pra você? Não me culpe por algo que eu não fiz!

VERÃO AUSTRALIANO | CHANLIXOnde histórias criam vida. Descubra agora