Capítulo 10

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A tarde passou muito rápido. Quase nem percebi o tempo passar. Passei a tarde toda o observando transformar a parede, de um branco pálido e sem vida a uma imagem tão bonita que quase não consigo descrever.
Agora na minha frente não há mais uma simples parede.
E sim, a campina.
A mesma que ia com meu pai quando era criança e futuramente caçar com Gale, a mesma que sempre que preciso me abriga.
O meu santuário.
Agora ela esta estampada quase como uma fotografia.
A grama está verde como sempre fica na primavera e sobre ela há pequenas flores brancas e amarelas, há muitas árvores em volta e suas folhas parecem balançar com o vento, o céu está alaranjado como um por do sol e tordos voam por toda a sua extensão.
Quando ele finalmente acaba, sinto um arrepio que passa por todo o meu corpo. Estou simplesmente anestesiada.
Depois que vi as coisas horríveis que as pessoas são capazes de fazer, depois dos jogos e da guerra, das mortes e da culpa, achei que seria incapaz de ver beleza em o que quer que fosse.
Mas desde que ele chegou eu não consigo ver outra coisa.
- E então, você gostou ? - pergunta ele apreensivo por uma resposta.
Como sou incapaz de pronunciar uma única palavra, eu simplesmente vou até ele e o beijo, como se aquele fosse o único jeito de o agradecer completamente - e talvez fosse. Lentamente desgrudo meus lábios dos seus, pois preciso recobrar o ar.
- Bom, acho que isso foi um " sim " - ele diz sorrindo.
- É ... maravilhoso, Peeta - digo retribuindo seu sorriso.
- Que bom que gostou. Eu me lembro que você gostava de ir até a floresta e que lá era um lugar muito especial pra você - seu rosto adquire uma expressão confusa de repente - Verdadeiro ou falso ? Eu ... Eu não tenho muita certeza.
- Verdadeiro - digo-lhe, mas acho que esse é tipo de resposta que merece um complemento - a floresta é um dos únicos lugares onde eu posso ser eu mesma. É meu refúgio. - de repente me dou conta de uma coisa - como você pintou a campina ? Que eu saiba você nunca esteve lá. Ou esteve ?
- Eu não, mas Haymith sim. - ele explica - Foi ele quem me descreveu a floresta pra que eu conseguisse pinta-la. Eu nunca a vi pessoalmente.
Como é possível que ele consiga pinta-la tão perfeitamente a ponto de transportar uma pessoa como eu, que passou praticamente a vida toda naquele lugar, que conhece cada canto daquela floresta, sem nem mesmo ter estado lá algum dia ?
E quase instintivamente digo :
- Eu posso te levar lá, Se você quiser é claro.
- Eu quero sim - ele faz uma pequena pausa - tudo que é importante pra você me interessa.
Nesse momento sinto meu rosto esquentando e um misto de sensações toma conta de mim. É mistura de constrangimento, felicidade e um frio na barriga inexplicável.
Por que quando se trata do Peeta meus sentimentos se confundem tanto ?
Como já não bastasse isso ele ainda continua :
- Você sempre ficou vermelha com meus elogios. Verdadeiro ou falso ? - ele diz com um sorriso malicioso no rosto.
Sinto meu rosto esquentar mais.
- Verdadeiro. Talvez esse seja um dos seus dons que eu menos goste - digo um pouco áspera .
Seu sorriso malicioso cresce um pouco mais ao ouvir minhas palavras.
Ele se aproxima de mim, deixando nossos rostos tão perto um do outro que posso sentir sua respiração, seus olhos estão fitando os meus com tanta intensidade que o tempo parece parar e a única coisa existente no momento, é o azul calmo de seus olhos, e por fim, lentamente ele posiciona o braço ao redor minha cintura me trazendo para mais perto de si.
Meu coração nunca bateu tão rápido por uma coisa tão simples.
Suas palavras soam como um sussurro.
- Mas talvez, esse seja o dom que eu mais goste em mim - ele sorri e logo em seguida me beija, sem nem dar intervalo entre uma coisa e outra.
E como se fosse uma obrigação, eu o beijo de volta. Meu corpo e minha mente não tem motivo para fazer algo diferente. E se ainda sim, eles se recusassem a beija-lo eu ainda sim o faria. Sem nem pensar duas vezes.

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