Capítulo 15-final

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Primeira parte

O pôr do sol.
O azul do mar.
O cheiro de pão.
O dente de leão.
Tudo isso tem o mesmo significado pra mim. Ou pertencem a mesma pessoa.
Mesmo aqui, sozinha, no meio da campina, eu só consigo vê-lo, só consigo senti-lo.
Ele está presente até mesmo quando não está.
Vim até aqui para refletir e ficar sozinha, mas desde que cheguei, só quero voltar pra casa, voltar pra ele.
Ainda não achei as respostas que vim encontrar ou as palavras certas para me expressar, mas se ficar aqui mais um segundo pensando sobre isso, acho que vou enlouquecer.
Essa crise se deu início a um mês, quando Peeta e eu começamos a morar juntos.
Nós não somos namorados, noivos ou qualquer outra coisa.
Já fomos coisas demais.
Tributos, amantes, vencedores, noivos, inimigos, soldados...
A lista de rótulos é imensa.
Nós só estamos juntos, como sempre deveria ter sido.
Com o decorrer dos dias ao lado de Peeta, algumas coisas foram se aflorando dentro de mim, coisas que até então eu desconhecia.
Manias.
Sentimentos.
Desejos.
Coisas novas, que eu ainda não sei como nomear e muito menos como lidar.
Vim a campina para me distanciar do causador de tudo isso, limpar a cabeça e achar respostas. Falhei.
Mesmo ainda frustada por não ter achado o que vim procurar, decido voltar para casa.
Caminho o trajeto todo ainda procurando algo que esclareça as minhas dúvidas. Nada.
Me aproximo da porta de casa, respiro fundo e entro.
Ando pela casa a procura de Peeta, mas não o acho em lugar nenhum.
A padaria - penso.
Desde que ela inaugurou, ele passa um bom tempo lá. Olho no relógio em cima da lareira da sala, que marca 15:00 horas e percebo que ele só chegará daqui a duas horas.
Me deito no sofá para espera-lo, minutos depois adormeço.
Tive pesadelos alternando entre: Finnick, Rue, Boggs e Prim. E foi esse último que me fez acordar.
Sinto minha boca seca, a respiração ofegante e o corpo inteiro suando.
Demoram alguns minutos até que eu consiga assimilar as coisas e voltar ao meu estado normal.
Assim que retomo o controle, olho para o relógio, que marca 20:00.
Levanto do sofá, procurando e chamando por Peeta. Sem resposta.
- Ele ainda deve estar na padaria - digo a mim mesma.
Saio de casa e caminho em direção a padaria. Encontro portas e janelas trancadas e luzes apagadas.
- Ele deve ter passado na casa do Haymith - digo a mim mesma em um tom de nervosismo.
Caminho em direção a casa, agora não só de Haymith como de Effie também.
Bato na porta e logo Effie vem atender.
- Olá Katniss. Entre. - diz ela com o costumeiro sotaque da capital.
- Oi Effie - respondo, já entrando na casa.
- Olá docinho - diz Haymith assim que atinjo a sala. - O que te trás aqui ?
- Estou procurando Peeta. Ele está por aqui ? - digo olhando para os lados, o procurando.
- Como você pôde notar, ele não está aqui. - diz ele, abrindo os braços como se mostrasse o lugar.
- Ele não passou por aqui hoje, minha querida - diz Effie - Ele não está na padaria ?
- Já passei lá - digo me virando pra ela. Minha voz soa nervosa. Meu corpo todo está nervoso neste momento.
- Acho que o garoto finalmente caiu em si e fugiu de você, docinho - diz Haymith com um sorriso de lado, me deixando ainda mais nervosa e corada. Eu o fuzilo com os olhos.
- Não fale uma coisa dessas Haymith - diz Effie o repreendendo - Não está vendo que ela está preocupada ?
- Frescura - responde ele - Você já o procurou na casa dele, por acaso ?
Ele já está morando na minha casa a tanto tempo que eu esqueci que ele ainda tinha uma casa na Vila dos Vitoriosos.
- Não - digo corando, tanto de vergonha por ter esquecido, quando por raiva de Haymith.
- Então vá, querida. Agora eu também estou preocupada - diz Effie.
Me despeço de Effie e um pouco relutante, me despeço de Haymith também.
Caminho alguns metros até a antiga casa de Peeta, na esperança de encontrar algum sinal de que ele esteja lá.
Olho pra cima e vejo um luz acesa.
Solto o ar, aliviada.
Abro a porta devagar e chamo seu nome. Sem resposta.
Ando um pouco pela sala e piso em algo, pelo barulho é vidro. Ligo a luz do cômodo para confirmar. Assim que a luz atinge o lugar, confirmo que tinha pisado em vidro, mais especificamente, um abajur que foi jogado no chão e se quebrou, os quadros que antes estavam nas paredes, tiveram o mesmo destino.
E em um minuto, eu sei exatamente o que está acontecendo.
Subo as escadas correndo chamando por Peeta.
Assim que atinjo o segundo andar corro para seu quarto, mas assim que atravesso a porta do mesmo, sinto um impacto sobre o meu corpo. Caio no chão com os olhos fechados, mas assim que os abro vejo Peeta sobre mim, segurando os meus braços e minhas pernas.
Suas pupilas estão dilatadas.

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