Capítulo 11

1.5K 95 3
                                    

Na volta pra casa penso em tudo que aconteceu nessas últimas semanas e como tudo está diferente.
Eu passei esse tempo todo  tão preocupada em ajudar o Peeta na padaria que mal percebi o quanto eu estou diferente e o quanto ele me ajudou com isso.
A umas semanas atrás, a única coisa que eu queria era ficar na minha cama tempo o suficiente pra que as pessoas me esquecessem, esquecessem o que eu fiz e as pessoas que matei.
Tempo o suficiente para me punir pelo que fiz para minha irmã, Finnick e tantos outros que morreram por minha causa. Tempo o suficiente para me juntar a eles.
Mas ai, algo mudou. E logo depois ele veio.
Ainda me culpo pelas mortes, vou sempre carregar isso comigo, querendo ou não. E ainda tenho pesadelos horríveis toda noite. Mas eu tenho ele ao meu lado agora e ele vai me dar forças e esperança como sempre fez. Por que é isso que nós fazemos, protegemos um ao outro.
Paro de repente quando percebo que Peeta não está mais do meu lado e que estou passando direto pela minha casa.
Olho para trás um pouco envergonhada e o vejo parado em frente a minha casa me olhando confuso.
- Onde você está indo ? - ele me pergunta rindo.
- Lugar nenhum - respondo caminhando na sua direção .
Quando chego bem em frente a minha casa ele me pergunta :
- Você sempre se perdeu tão facilmente em pensamentos ? - sua voz soa como se ele estivesse me avaliando
- Não. - respondo um pouco dura - mas segundo os médicos do distrito 13, sou mentalmente perturbada, então não posso te responder com certeza.
Sua pergunta me irritou de verdade. Desde que cheguei no 13 todos me rotulavam e diziam que estava destruída demais pelos jogos e por isso não podia fazer nada. Eu era fraca demais pra eles. Mas eu nunca me importei muito com isso, eles não intendiam o que era estar nos jogos. Ao contrario de Peeta, ele sabia o que os jogos e a guerra fazem com as pessoas, ele era a última pessoa que eu esperava ouvir julgamentos.
- Desculpa. Não quis te ofender. - ele diz calmamente - e você não é mentalmente perturbada. Eu sei exatamente como é ser uma pessoa mentalmente perturbada e você não é assim. Eu só perguntei porque me preocupo com você.
Eu sempre espero o pior das pessoas, o que eu sempre me esqueço é que ele é diferente.
- Tudo bem - digo tentando contornar logo essa situação.
- Bom, acho melhor eu ir pra casa, já está escurecendo - ele diz
Essa pequena frase me atinge como um soco no estômago. Deixa-lo ir, significa mais uma noite de horror e medo. Mais uma noite de pesadelos . 
Já tive tantas noites assim. Não quero mais passar por isso. Eu não posso mais fazer isso sozinha.
- Fica comigo - digo como  um pensamento que sem querer escapou pelos meus lábios. Olho para seu rosto em busca de uma resposta ou de qualquer outra coisa que me faça ter esperança, qualquer outra coisa que acabe com esse meu desespero medíocre.
E depois do que pra mim se parecem horas, ele se aproxima de mim e encosta levemente sua testa na minha, imediatamente sinto sua respiração tocar meu rosto e suas mãos em volta da minha cintura, fecho meus olhos para sentir cada uma dessas sensações, na esperança que esse momento fique gravado em minha mente.
Suas palavras me despertam e me fazem lembrar da proposta que acabara de fazer.
- Sempre, Katniss ... Sempre.
Um sorriso involuntário e aliviado escapa de meus lábios.

Uma nova historiaOnde histórias criam vida. Descubra agora