Crime Perfeito

Planos

Falcão

Tava pilhadão com o rosto dela vermelho, tava na cara que tinha tomado uma porrada, mas de quem?

Essa branca me deixa muito intrigado

- Valeu pela carona - ela agradeceu, sem nem me olhar

- Olha pra mim pô, tá sempre desviando o olhar - pedi, e ela olhou com aqueles olhos de jabuticaba dela

- Nada haver - ela negou, tentando manter nossa troca de olhar - eu tenho que ir..- tentou abrir a porta, mas eu tinha trancado

- Não tá afim de me falar oque é isso no teu rosto não? - insisti no assunto

- Pra que quer saber? - ela arqueou uma sobrancelha - é coisa pessoal

- Quem foi que te bateu? - fui direto ao ponto, porque eu não sou idiota

- Pai, vamos pra casa - antes que ela falasse alguma cosia, o Brian interrompeu

- A gente já vai - respondi, ainda encarando a branca - a gente fala disso mais tarde, jae? - ela assentiu, e eu destravei as portas

- Obrigado pela carona - ela forçou um sorriso

- Fica esperta - avisei, e ela deu tchau pro Brian, e desceu do carro

Só dei partida depois que ela entrou na escola, acompanhada de uma garota que ficou encarando meu carro. Todo mundo conhece, passo despercebido nunca.

Desci pra casa da minha mãe, ela queria ver o Brian e eu tava precisando de um tempo com a minha coroa, amo demais essa mulher.

- Tá dormindo, pô - balancei a perna do Brian, vendo ele dormindo de boca aberta - bora ver a tua vó - abri o cinto de segurança, ajudando ele a descer

- Ela fez bolo? - ele perguntou logo

- Tu ainda pergunta? - segurei na mão dele, abrindo o portão

Uma das coisas que eu me orgulho, é de tudo que eu consigo proporcionar pra minha mãe. Arranjei um espaço foda pra ela fazer o restaurante que ela sempre sonhou em ter, uma casa confortável e do jeitinho que ela sempre sonhou, e tô sempre ajudando no que posso, faço de tudo por ela, sempre.

- Coroa, tô na área - abri a porta, entrando

- Vovó..- Brian correu pra cozinha, onde ela sempre estava

- Meu amor, que saudade..- entrei na cozinha, e eles estavam se abraçando - finalmente seu pai tomou vergonha na cara e te trouxe aqui

- Eu tava com muitas saudades - ele sorriu pra ela

- Vem, a vovó fez aquele bolo de chocolate que você ama - ele sentou na cadeira, apoiando os braços na mesa

- Como a senhora tá? - cruzei os braços, me encostando no batente da porta

- Bem, e você? Lembrou que tem mãe? - ela resmungou

- Tava ocupado - rebati - aí, queria te perguntar uns bagulho - encarei o Brian, que agora tava distraído comendo bolo - Conhece a Isabella né? Uma branquinha do cabelo..- nem terminei de falar, porque ela me tacou um pano de prato na cara - qual foi mãe? - abri os braços

- Tu não tá se metendo com ela não né Rafael? - perguntou, bolada - Isabella não é essas quenga que tu arruma não

- Para de neurose, pô - neguei - a mina tá dando uma força com o Brian nos estudos

- Aham, sei - ela me encarou desconfiada - é sério filho - mudou completamente de humor - não se aproveita dessa garota não, ela não é assim

- Tá falando como se a garota fosse uma santa - estalei a língua no céu da boca - só é novinha

- É novinha mas é sofrida - ela rebateu, mexendo nas panela no fogão - Tu não sabe nada sobre ela, então não fica falando

- Então me conta, pô - joguei um verde

- Eu gosto dela, gosto muito - explicou - conheço ela a anos, sei da menina boa que ela é, só te aviso pra não brincar com essa garota, eu não vou aceitar isso de você

- Tô fazendo nada com ela não - neguei - fica tranquila

Muito neurótica essa minha velha, sempre foi assim.

Já tava ligado na afinidade das duas, mas não imaginei que minha mãe gostasse tanto dela.

Deixei o Brian pra passar a tarde com ela e parti pra boca, muita parada pra resolver, vida de bandido não é fácil não.

Isabella

Já tava ficando sem paciência, Beatriz não fecha a boca nem por um segundo, tá batendo na tecla de que eu tô tendo algo com o Falcão, não que isso seja da conta dela, mas eu não estou, e ela não aceita. Essa garota é maluca por um bandido, e se o bandido for peixe grande igual o Falcão, ela fica mais maluca ainda.

- Não vai me contar mesmo? - ela insistiu - eu vi você saindo do carro dele Isabella, acho isso uma trairagem da sua parte, sabe que eu sou..- interrompi ela

- Que você é afim dele, você já deixou isso claro - parei de andar, encarando ela - já falei que o cara só me deu uma carona, se ele nunca te notou, eu não tenho culpa Beatriz, se você se fechasse mais, talvez ele te notasse - cuspi as palavras na cara dela

Namoral, não gosto dessas coisas não, mas porra, já tá feio e chato pro lado dela. Era só oque faltava, querer vir arrumar k.o comigo por causa de uma pica que eu quero bem longe.

Nem rendi pra ela, voltei a andar pra fora da escola, deixando ela lá se afogando no próprio veneno. Completamente sem noção.
Me fez perder até a fome, então nem fui almoçar na Dona Rosa, fui pra casa mesmo.

Tomei um banho e fiquei jogada no sofá. Minha mãe saiu do quarto, e já veio me olhando de cara feia - Que história é essa que tu tá andando por aí em carro de bandido, Isabella? - ela deu um tapa na minha perna, tirando a minha atenção do celular

- Não sei do que você tá falando - me fiz de maluca

- Não sabe né? Eu tô só te palmeando garota - apontou o dedo pra mim - se eu souber que tu tá dando pra esses vagabundo, eu vou te arregaçar, que tu nunca mais vai esquecer - nem me deixou falar nada, e voltou pro quarto dela

Ridícula. Deus que me perdoe, é a minha mãe, mas é uma sem noção. Já faz tempo que eu desisti de tentar me defender das acusações e das palavras ruins dela, hoje em dia eu só tento ouvir calada pra não piorar a situação.
Só quem precisa saber do meu valor e da minha índole sou eu. Infelizmente ainda vivo debaixo do teto dela, mas sei que logo logo isso vai mudar.

Tô com umas ideias aí, talvez começar a juntar dinheiro, ainda mais agora que tô recebendo do Falcão, com alguns meses eu consigo arrumar um cantinho pra mim. Minha mãe só não pode saber disso.