Crime Perfeito

Mudanças

Hoje completa exatamente três dias que eu tô morando de favor na casa da Dona Rosa, e eu tô me sentindo um grande peso. Por mais que ela sempre afirme que tá amando me ter aqui, e que eu sou uma ótima companhia, ainda me sinto mal.

Durante esses três dias eu não fui pra escola e nem trabalhar. Eu enviei uma foto de um atestado falso pro seu Jerônimo, um atestado médico que eu peguei na Internet. E ele acreditou, mesmo contragosto, disse que eu estava faltando demais no trabalho, e que ia procurar logo logo uma pessoa pra por no meu lugar, eu só concordei e disse que logo estaria de volta. Quem da ouvidos pra maluco é mais maluco ainda.

Durante esses três dias eu evitei sair da casa da Dona Rosa, não tinha oque fazer na rua, e também não queria correr o risco de encontrar com a Rebecca ou com a Dona Cátia, a mulher que um dia disse ser minha mãe.

- Bom dia, minha filha - Dona Rosa entrou na cozinha - Já disse que não precisa se preocupar com isso, eu faço isso - ela protestou, assim que me viu terminando de passar o café

- Eu posso fazer isso, eu gosto de estar na cozinha - rebati, sorrindo - fiz um bolo de chocolate, já vou tirar do forno - avisei

São apenas oito da manhã, mas eu tô acordada desde as cinco, perdi o sono e decidi preparar um café da manhã daqueles.

- Você é um anjo, menina - ela riu, fazendo carinho no meu cabelo

Eu ia responder algo, mas a campanhia tocou, me interrompendo.

- Quer apostar quanto que é o Rafael? - ela revirou os olhos

Durante esses três dias que eu estou aqui, Falcão aparece aqui pelo menos duas vezes no dia, com várias desculpas diferentes. Trazer o Brian pra ver a avó, almoçar, ver se estava tudo bem. A cada dia ele inventa um pretesto diferente..Palavras da Dona Rosa.

- Eu não disse..- ela falou, assim que voltou pra cozinha, e em seguida o Falcão surgiu, com o Brian

- Bom dia, Isa - Brian veio até mim

- Bom dia, meu amor - enxuguei as mãos, antes de abaixar e deixar que ele me desse um beijo no rosto

Brian é um garoto muito carinhoso, mas também muito tímido, conforme vamos passando tempo juntos, ele se abre mais comigo. Agora só me chama de Isa, e sempre que nós vemos ele me dá um beijo na bochecha, ele é um doce de menino, com certeza deve ter puxado a mãe, por que o Falcão, é um poço de arrogância, as vezes.

- Bom dia - Falcão me encarou, de braços cruzados. Ele parecia mais tenso que o normal

- Bom dia, tudo bem? - perguntei, me aproximando um pouco dele, enquanto Dona Rosa tirava o bolo do forno, e o Brian assistia com brilho nos olhos

- Queria trocar uma ideia contigo - ele disse, baixinho - mas eu espero tu comer primeiro - apontou pra mesa, que estava repleta de coisas

- Vem comer com a gente - chamei

- Tô suave, sem fome - ele negou

- Ah, por favor..- pedi, segurando o pulso dele

Nossos olhares foram de imediato em direção ao aperto dos meus dedos em volta do pulso dele, que estava enfeitado por um Rolex de ouro. Ficamos apenas encarando aquela situação por alguns segundos, que mais me pareceram minutos. E a nossa bolha só foi estourada por que a voz do Brian nos fez despertar.

- Isa vem, vamos comer - ouvi a voz dele dizer

- Eu volto aí mais tarde..- foi tudo que o Falcão disse antes de deixar a cozinha, e sumir das minhas vistas

Não foi nada demais. Eu só toquei no pulso dele, então porque aquela tensão tão grande se criou entre nós? Por que ele saiu daquele jeito? Por que eu tô sentindo o pé meu estômago formigar?

Falcão

- Faz essa porra direito - chamei atenção de um dos moleques que estava enchendo os pinos de pó. O moleque tava entornando mais pó fora do que dentro do pino

- Foi mal, patrão - ele se desculpou

Traguei meu cigarro, sentindo a fumaça se espalhar pelos meus pulmões, me aquecendo por dentro.

Me afastei um pouco dos caras que estavam por ali, e me escorei em uma pilastra de ferro.

- Tá suave? - BG parou do meu lado

- Só refletindo - assenti, soltando a fumaça - tudo certo pra missão?

- Tudo nos conformes, durante a madrugada nós mete o pé - garantiu

Tô marcando de invadir uma favela rival aí. Não sou de criar guerra atoa, mas foi um pedido de um parceiro meu, Ronaldo, mais conhecido como RN, é o de frente de PU. Conhecido meu de anos já. Muita história pra contar com esse cara.

Ele tá tendo uns problemas aí com a favela dele, uns filho da puta ameçando invadir o morro dele, então antes que eles tentem algo, vamos cortar o mal pela raiz. Já estamos planejando isso a uns dois meses,e quando eu conheci a morena e soube que ela era a pessoa perfeita pra ficar com o Brian na minha ausência. Até poderia deixar ele na responsabilidde da minha mãe, mas quando eu vou pra essas missões ela já se preocupa demais, então eu prefiro deixar o Brian com outra pessoa.

Passei a manhã na boca trabalhando. Por volta de uma da tarde a fome já tava batendo. Avisei que voltava mais tarde e fui resolver outros bagulhos.

Estacionei o carro em frente a casa da minha mãe, envei uma mesagem pra branca, mandando ela sair que eu estava esperando, ela demorou uns cinco minutos pra vizualizar, e quando eu estava pretes a ligar pra ela, a porta se abriu, e ela saiu. Tava bonita pra caralho com um vestido branco apertado, que ia até a coxa, não muito curto. Mas o que me chamou atenção mesmo foi a protuberância nos seus peitos, que marcava perfeitamente a porra de um piercing, em ambos os lados.

Porra, ela tem piercing no peito. Imaginar como as coiss era por baixo daquele vestido dela me fizeram sair de órbita e eu só percebi que estava parado feito um idiota quando ela estalou os dedos na frente do meu rosto. Seus braços escoados na porta do carro, seu tronco pra dentro o carro, e do lado de fora sua bunda estava empinada. Porra, ela tá de vestido.

- Entra..- foi só oque eu disse, e ela não contestou, abrindo a porta do passageiro e entrando

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