Falcão
Já comecei o dia boladão, várias paradas desandando no Morro, pra me tirar do sério.
- Qual foi, Falcão - Pedrin parou do meu lado, carregando um fuzil - os cu azul tão lá no pé do morro, tão querendo que tu leve a grana lá
- Tá de sacanagem? - me exaltei - leva essa porra e enfia no cu deles, tão me achando com cara de otario? - joguei a bolsa que eu tava carregando no peito dele
- Jae chefe - ele saiu andando com a bolsa cheia de dinheiro
Tá achando que essa porra aqui é fácil? Pra manter a paz na minha favela eu tenho que colocar a mão bolso. Esses cana filho da puta paga de honesto, mas não é com dinheiro de governo que eles sobrevive não, é com o meu.
Já tava com a cabeça cheia, em plena oito horas da manhã. Já tava pronto pra entrar na salinha que eu uso, pra resolver as parada da boca, mas um moleque me parou.
- Chefe, tem uma mina lá na entrada, tá pedindo pra falar contigo - disse
- Tô com tempo pra piranha não - neguei
- Ela disse que é importante, falou que o nome dela é Isabely, Isabel..- ele coçou a cabeça - agora não tô lembrado não
Puta que pariu. Que porra essa garota tá fazendo aqui?
Pensei em mandar trazerem ela, só que isso aqui não é ambiente pra uma criança feito ela não. Segui o caminho pra entrada da boca principal, e de longe já avistei ela.
Tava encostada em um poste, de cara fechada e cheia de marra. Nem parece a medrosa que é.- Qual foi? - me aproximei
- Vim devolver isso - me estendeu uma sacola preta, e eu nem sei que porra é essa
- Que porra é essa aí? - perguntei, mas não peguei
- O celular que você mandou entregar lá em casa - disse, como se fosse óbvio - maneiro da tua parte, mas eu não sou otaria
- Manda o papo reto, tô te fazendo de otaria por acaso? - tava bolado já, e ela ainda vem com esses papo torto
- Eu conheço o seu tipo, mas você obviamente não conhece o meu - ela colocou uma mão não cintura, fazendo cara feia - eu não tô me vendendo pra você ficar me dando presente - alterou a voz, e os cara que tava na boca já ficaram olhando, bando de fofoqueiro
- Tu abaixa a bola, tá falando com qualquer um não - apontei o dedo na cara dela - te pedi nada em troca por isso aí não, essa porra não é nada pra mim - me aproximei dela - tu ta me ajudando, e eu tentei retribuir o favor, não pensa que tu tem moral pra vir botar marra pra cima de mim não, eu te estouro de bala - vi a garota tremer na base, mas ela sustentou a marra, se mostrando mais abusada do que parecia - mete o pé - mandei - e leva essa porra
Ela ficou caladinha, e saiu andando rebolando a bunda. Maluca do caralho, tá me confundindo com otario.
Assim que eu virei, os cara já voltou a se movimentar, tentando disfarçar que tavam fofocando a minha vida. Mas sempre tem um pra testa meu juízo.
- Tá tendo problema com a morena lá? - BG surgiu do meu lado, me acompanhando
- Com ela eu não sei, mas com você eu vou ter se não for trabalhar - neguei, de cara fechada
- Tá estressadão hoje você - ele suspirou - tpm essa porra - ouvi ele resmungar enquanto ia pra outro canto
Ignorei a vontade de meter uma bala nele. BG é abusado pra caralho, mas é meu fechamento.
Isabella
De onde eu tirei coragem pra enfrentar o Falcão daquele jeito? Eu me faço a mesma pergunta. Cheguei lá cheia de marra, mas fiquei pianinha quando ele em fez lembrar com quem eu estava falando. Não sou medrosa, mas entre um homem de quase dois metros, musculoso e armado, e uma garota de um metro e meio magrela, quem será que sai vivo? Nem preciso responder..
Agora tô jogada na minha cama, com um iPhone nas mãos, sem saber oque fazer. Não que eu tivesse muitas opções. De duas uma, ou eu fico com o celular e sou feliz, ou eu vendo ele e vejo se o Falcão me dá um tiro. Vou ficar com a primeira opção.
Tirei o chip do meu celular antigo, e coloquei no novo, começando a passar minhas coisas pra lá.Passei a manhã toda ali, entretida. Minha mãe nem percebeu que eu estava em casa e que faltei na escola. Por sorte o velho lá disse que não ia abrir o bar hoje e por mais que eu tenha estranhado, não reclamei.
Quando já era por volta de uma da tarde eu ouvi a porta da frente batendo, sinalizando que minha mãe tinha saido.
Aproveitei pra ir almoçar, estava morrendo de fome. Rebeca nem deu sinal de vida, nem sei se está em casa, e prefiro nem saber.
Beatriz não me procurou mais, e eu acho até melhor assim.Aproveitei a tarde pra arrumar meu quarto, e só saí quando já estava anoitecendo.
- Não te vi o dia todo..- minha mãe disse, quando eu apareci na cozinha
- Fiquei ajeitando meu quarto - abri a geladeira, pegando um pote de sorvete
- Deixa isso aí, é da tua irmã.. - minha disse, antes que eu abrisse
- Vou pegar só um pouco..- dei de ombros
- Deixa essa porra aí Isabella..- ela repetiu, alterando a voz - deixa de ser folgada, até o sorvete da sua irmã você quer comer? - ela me olhou feio
Eu não acredito. Até com comida ela vai implicar agora?
Não fiz questão de responder, só guardei o pote de volta no congelador e sai, calçando o chinelo que tava na porta, e sai de casa. Esse tipo de coisa nem deveria me afetar mais, só que é inevitável.
Quarta feira, dia de pagode no Morro, e estava bem movimentado. Segui até a praça, afim de comprar um açaí, mas quando eu estava descendo a rua, passando em frente a casa da Beatriz, vi ela saindo no portão.
Fingi que não vi e passei direto, mas foi em vão - Isabella..- ouvi ela me chamar. Me virei, vendo ela vindo até mim - tá me ignorando? Eu que deveria estar com raiva - ela bufou
- Não tô afim de brigar Beatriz - revirei os olhos
- Desculpa, eu também não - ela segurou minha mão - que tal a gente sair juntas, pra esquecer oque houve? - sorriu - Tem pagode no Morro
- Não tô com cabeça pra isso - neguei - tô cansada - menti
- Poxa Isabella, para com isso - ela resmungou - vem, vou te emprestar uma roupa minha..- ela me puxou pra casa dela.
[...]
Quem é vivo sempre aparece, certo? 😝 Aqui estou eu. Capítulo meio xoxinho, meio nhe, mas é oque temos pra hoje.Juro de dedinho não demorar muito pra atualizar, mas a agenda tá lotada (mentira.
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Crime Perfeito
Fantasy"𝐴 𝑣𝑖𝑏𝑒 𝑟𝑜𝑙𝑎 𝑛𝑜 𝑝𝑖𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑎́ 𝐸𝑛𝑑𝑜𝑙𝑎, 𝑗𝑎́ 𝑡𝑒𝑛𝒉𝑜 𝑏𝑜𝑛𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑒 𝑚𝑎𝑙𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑏𝑟𝑎 𝑀𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑙 𝑛𝑎̃𝑜 𝑓𝑎𝑙𝒉𝑎, 𝑒𝑢 𝑣𝑖𝑣𝑜 𝑛𝑎 𝑜𝑛𝑑𝑎 𝑄𝑢𝑒 𝑎 𝐵𝑎𝑏𝑖𝑙𝑜̂𝑛𝑖𝑎 𝑛𝑎̃𝑜 𝑐𝑎𝑖𝑎, 𝑝𝑜𝑟𝑞𝑢�...