IMPETUOSOS

18| cold

- Está bom mas preciso que passe tudo pra o computador e me mande o quanto antes.

- São quase trinta páginas.

- E eu fiz quase tudo sozinho.

Ele me lançava um olhar de repreensão alinhando as folhas na mesa e eu acompanhava guardando os materiais espalhados, me juntando a ele na cama em seguida.

Dunk tinha chegado e logo tínhamos finalizado quase completamente o projeto. Vinha com a blusa social da universidade depois de passar a manhã inteira orientando calouros, seu rosto rabugento e os olhos quase fechados entregavam o cansaço e seu estresse aparente.

- Vai me contar o que tá acontecendo?

- Você primeiro.

- Sei que não tem ressaca Dunk, o que está te estressando?

- Não consigo tirar Joong do meu pé, ele é muito insistente e eu acabo cedendo. Pensei no que disse sobre estar bem com ele mas está começando a me atrapalhar, não durmo em casa tem uma semana.

- Não foi pra casa ontem?

- É uma longa história.

- Nunca achei que ia reclamar por estar transando.

- Nós nem transamos todas às vezes, ele tem dificulda de pra dormir sozinho.- Ele se acomodava ao meu lado apoiando a cabeça no travesseiro.- Saímos quando ele está estressado com o trabalho e já ficamos em algum dos seus hotéis mais afastados do centro.

- Que meigo, parabéns pelo casamento meu amigo.

- Para de brincar com isso, eu não posso ter um relacionamento e nem quero. Não me sinto confortável com isso, sinto que estou usando ele.

- E está?

Sua expressão paralisava antes de afundar o rosto no travesseiro gritando nele.

- Já acabou?

- Sua vez. Qual é da cara de quem comeu e não gostou?

- Está tão óbvio? Não foi ruim, nunca foi, só não é o que eu queria.

- Nossa.- Ele aproximava o rosto do meu apoiando a cabeça na mão.- Não sei o que é pior estar escondendo mais uma coisa de Tay ou ter usado Gawin pra tentar suprir sua paixonite.

- Uma hora vou acabar contando, eu não usei ele, não tenho nenhuma paixonite e tem algo pior.

- Pior?

- Jumpol descobriu sobre Payu.

- Nunca vi alguém tão azarado como você, irmãozinho. Já pensou em pedir forças ao universo? Buda?

- Dunk.- O repreendia com a voz firme.

- Precisa resolver tudo isso o quanto antes, se não vai acabar acumulando problemas e logo vai estar numa teia de aranha sem saída, além de envolver o trabalho tem o fato de todos os seus "problemas" se conhecerem.

- Só consigo pensar em um deles e pra minha infelicidade não tem como resolver. Um problema que eu vejo quase todos os dias e eu não sei o motivo de me manter por perto.

- Nunca achei que o veria assim por alguém de novo. Lembra do amigo de Tay do colegial?

- Foi uma época terrível, ainda bem que ele desapareceu nem ao menos me lembro seu nome.

- Eu me lembro bem, nunca te salvei tantas vezes e espero que essa fase não volte nunca mais, estou velho pra isso.

- Como se eu não soubesse me virar, ancião.