20| calm down

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O pequeno corpo que se acomodava ao meu lado se agitava. Levantava a cabeça me acostumando com a escuridão sentindo a pele morna esbarrar em mim debaixo no lençol em meio a grunhidos. Fixei meu olhar no seu rosto. Os olhos estavam pressionando forte e sua boca entreaberta ofegava.

- Gun, você está dormindo?- Cochichava perto do seu rosto. Claramente estava num sono profundo. Seus olhos se moviam rápido embaixo das pálpebras, ele virava na cama se encolhendo e tateando por debaixo dos lençóis agarrando com força minha blusa.

- É um pesadelo? Devo te acordar?

-Phi.

Encarava os lábios carnudos  vermelhos, ele os mordiscava, lambia e voltava a resmungar novamente. Seu rosto ia de encontro com meu braço por fim encontrando o que precisava pra cessar um pouco da agitação, respirando profundo contra ele.

- Não é um pesadelo né?

Eu sorria de canto com a pequena figura se aquietando aos poucos, os cabelos baguncados e o rosto angelical voltando a calmaria. Sua expressão era hipnotizante até quando dormia. Cada traço seu era convidativo a conhecer todos os outros. Afastava o cabelo da sua testa o segurando leve entre os dedos e repetindo até que se acalmasse completamente caindo no sono ainda com os dedos entre os fios.

Talvez fosse seu rosto jovial e a expressão sempre desafiadora que me fizesse querer o manter por perto. Ainda não tinha certeza do quão próximo queria manter, a verdade é que ele era cativante. Todas as suas faces o mostravam na sua mais pura forma, ele não tinha medo de ser vulnerável. Ou talvez fosse isso, a sua espontaneidade, não tinha medo, nunca exitava. Eu gostava de pensar que estava no controle, se ele levantasse a voz eu não recuaria, se ele quisesse me odiar eu não abaixaria a guarda. Eu não recuo pra ninguém. Eu quero recuar pra você?

A fresta de luz que saia da cortina tinha me acordado a um tempo, eu não havia me movido um centímetro, aproveitava a sensação dos fios macios nos meus dedos e o movimento da sua respiração pesada até o som do celular agir. O alcancei na velocidade da luz. Eu não queria que ele acordasse.

- Quem é?

- Desculpa, eu te acordei? Sou eu, tenho notícias consegui um bom contato pra advogado, são irmãos trabalham juntos.

- Posso te encontrar daqui a uma hora? Não na sede, pode ser no seu escritório.

- Claro estarei esperando.

- Obrigado, Tay.

Encarava o celular marcando oito da manhã, nem ao menos tinha me lembrado de colocar um alarme. Por pouco tempo eu o observava. Dormia pleno e pesadamente, a mão ainda presa em seus fios, ele tocava meu braço, notava as mãos pequenas comparadas ao meu antebraço afastando um dedo segurando como pinça.

- Não acordaria nem se eu deixasse o telefone tocar por horas.

Ele se encolhia na cama após eu levantar, apenas os fios do cabelo apareciam se cobrindo completamente, não lembrava a última vez que algo me fazia sorrir sem motivo. Alguém. Nem sempre a comodidade de um relacionamento é o suficiente para o sucesso dele, sabia muito bem disso. Comodidade estava longe de sucesso.

O barulho estridente da moto fazia eu não conseguir ouvir meus próprios pensamentos, bruta e chamativa, nas mãos certas, por outro lado, poderia ser considerada símbolo de elegância. Era isso que os olhos atentos do homem que me escoltava transbordavam.

- Senhor Jumpol.

- Gawin.- Minha voz saia grave.

- Não o vejo desde...

- Desde que enfiou a língua na boca do irmão de Tay, eu me lembro.- Estampava um sorriso no rosto apertando o passo estalando a língua.

- Não é assim que as coisas funcionam.

IMPETUOSOSOnde histórias criam vida. Descubra agora