21| clouded mind

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- Mond, para de me ligar!

- Eu só queria ter certeza que...

- Eu estou ocupado, mais uma ligação e vou bloquear seu número, vou resolver quando puder.

Desligava sem antes ouvir uma resposta sua e voltava a andar de um lado para o outro, levando as mãos ao rosto.

- É... dessa vez não consigo arrumar uma solução, queria entender como conseguiu acumular tantos juros.

- Já disse que não sei! Só vou conseguir dinheiro depois da festa.

- Não vai ser o suficiente.

- Eu sei disso.

Dunk me olhava com as pernas cruzadas, levantando o olhar e largando toda papelada no chão. Estava no seu quarto enlouquecendo. Mond não parava de ligar questionando sobre os detalhes da festa, Cheun tinha tomado a decisão de oficialmente comprar o paraíso, depois do dono ter finalmente decidido se desfazer do lugar, o problema é que o próprio tinha feito dívidas em cima da propriedade que nem fazia questão de ter.

- Usei os cinco mil pras dívidas e o aluguel, não tem mais o que fazer vamos perder o paraíso.

- Já pensou em recorrer à Tay?

- Não vou pedir dinheiro a ele, imagina como ele iria reagir sabendo que escondi esse problemão dele. Sempre que estou com Gawin, ele me conta sobre ele estar estressado e que discutem toda hora.

- Queria entender o motivo, ultimamente brigam como cachorro e gato, não acha que ele descobriu sobre vocês dois?

Respirava fundo acomodando a cabeça em seu colo, suas mãos passavam pelo meu rosto massageando as têmporas com a expressão preocupada.

- Não é isso, tem algo estranho entre eles.

- Está pensando demais.

- Como não pensar?

-Bem, eu vou dizer o que faria no seu lugar, apenas pra o caso de acatar alguma ideia, não vai receber o suficiente naquela festa, talvez se fizesse como nas nossas saídas conseguisse.

Eu abria os olhos encarando a expressão séria e óbvia no rosto.
- O que? Desaprendeu como faz?- Revirava os olhos e ele retomava.- Gawin deve conhecer algum bom advogado que possa te ajudar com isso também, precisa apenas utilizar do seu lindo rostinho angelical.

Dunk apertava minha bochechas tirando um sorriso meu.
- Idiota.

- É sério, qual foi a última vez que teve uma boa noite de sono?

- Quando dormi com Jumpol.

- Dormiu com Jumpol?- Ele arregalava os olhos.

- Na mesma cama que ele, para de pensar besteiras, não sou você. Ainda está brincando com o pobrezinho do senhor Archen?

- Aquele herdeiro mimado?- Ele fazia uma careta.- Faz um tempo que não o vejo, está viajando à trabalho com os pais.

- E sua ausência está sendo aproveitada?

- Não é a mesma coisa sem você, sinto falta das nossas noites.

Seu olhar caia sobre mim, apesar de tudo ele estava lá, ele sempre estava lá. Respirava fundo levantando e recolhendo apressado os papéis pelo chão.
- Eu preciso ir já é tarde.

- Gun.- Ele me chamava quando eu já estava na porta.- Durma e não esquece de se cuidar, eu te amo irmão.

- Também te amo.

Não era uma longa distância pra casa. Um fone de ouvido solitário me fazia companhia na noite fria, respirava o ar gélido tentando colocar todos os pensamentos em ordem. Tinham sido dias difíceis desde que soube de todas as dívidas do Paraíso, por mais que eu e nem Cheun fôssemos proprietários aquela tinha sido nossa casa por um bom tempo e ainda era a dela. A via satisfeita em administrar a boate mal planejada, mesmo com todos os problemas ela sempre era otimista, sempre nos lembrava do início de tudo e me fazia agradecer. Afinal, agora tínhamos um lar e uma fonte de ter o que comer.

IMPETUOSOSOnde histórias criam vida. Descubra agora