02 - Benjamim.

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— Papai… — Lavínia me chamou — O pai tá demorando. O que aconteceu? — Ela pergunta, se encostando na geladeira, enquanto me via lavar os pratos

— Ah, meu amor… — Eu disse, e ri baixinho — Nicollas disse que não vai mais poder vir, porque houve um imprevisto. Eu esqueci de lhe avisar, me desculpe.

— Poxa… Eu já ‘tava pronta pra ir com ele. Pede pra ele vir, pede pra ele vir! — Ela insistia, enquanto me olhava, esperançosa

Eu não queria ter que dizer aquilo.

Nicollas era tão infantil que me fazia sentir dor de cabeça apenas em lembrar do seu nome.

— Ele… Saiu com uma garota. — Eu falei, brevemente. Suspirei, demonstrando a minha decepção em relação à sua maturidade — E ele disse que já tinha marcado desde a semana passada, então não poderia cancelar agora por causa de vocês — Eu falei, e vi os olhinhos dela se encherem de lágrimas

Antes que pudesse falar algo, ela saiu correndo até seu quarto, batendo a porta com força e indo chorar, — isso era uma coisa que eu nunca tinha visto, mas de alguma forma, imaginei que aconteceria. — Eu apenas suspirei, exausto

Nicollas um dia iria destruir tudo que tenho, por causa do ego que tem.

Eu não sentiria ciúmes e nem inveja por causa dessa garota, claro que não. Mas eu sentia uma vontade de esganar ele até a morte por causa do que ele está fazendo com meus filhos, só pra tentar me ver magoado

E se eu falei que estava feliz por Nicollas deixar meus filhos felizes em algum momento, eu retiro imediatamente

Eu estava começando a odiar aquele homem que um dia já chamei de meu.

Eu caminhei até o quarto dela, e bati na porta com calma. Ela abriu a porta alguns segundos depois, seus olhinhos cheios de lágrimas. Eu a peguei no colo, acariciando seus cabelos

— Já que vocês não vão mais sair com o Nicollas, que tal sair comigo? Faz tempo que não vamos pra algum lugar bem legal juntos, hm? — Eu perguntei, a olhando. Nathan estava deitado na sua cama, dormindo — S-se o problema for eu… Eu posso chamar o tio Kyle pra sair conosco, o que acha?

Ela secou as suas lágrimas na minha camisa, e sorriu, empolgada. Ela me abraçou com força, ainda sorrindo

— Eu quero passear com o tio Kyle! Chama ele, pai, por favor! — Ela gritou, animada. Eu apenas sorri comigo mesmo, enquanto acariciava seus cabelos ruivos

— Tudo bem, chamarei ele. Já que você está pronta, porque não acorda o Nathan e o ajuda a se arrumar? Eu vou ligar pra ele enquanto isso — Eu sorri mais, gostando de ver a empolgação nos olhos da minha filha

— Uhum! — Ela pulou do meu colo, indo até a cama do irmão e pulando encima dele, balançando ele de um lado para o outro — Ei, ei, Nathan, acorda! Vamos sair com o tio Kyle!

Eu saí do quarto, pegando meu celular na cozinha e indo ligar para o Kyle

“Vamos sair com o tio Kyle”. Isso nunca foi sobre mim, e nunca será. Lavínia nunca se viu animada para sair comigo alguma vez. E eu sei que essa empolgação toda é só por causa do Kyle, e não por mim. Mas eu fiquei em silêncio, enquanto discava o número de telefone dele, tentando manter a calma

Pelo menos algo tinha conseguido fazer minha filha parar de chorar, mesmo não sendo exatamente eu quem tenha feito isso.

Bom dia, Niel. O que houve? — Ele atendeu o telefone, sua voz rouca denunciava que ele havia acordado à pouco tempo. Eu senti meu corpo arrepiar ao ouvir ele chamar meu apelido em um tom como aquele

Caminhos entrelaçados: 2MPEJ.Onde histórias criam vida. Descubra agora