09 - Nicolly.

30 7 80
                                    

Tudo estava indo bem, até agora.

Eu e Lavínia nos resolvemos e estávamos tão bem quanto nunca estivemos antes

Nathan começou a frequentar a fonoaudióloga, e estava falando com mais facilidade

Eu e Nicollas estávamos bem mais unidos e felizes juntos, tudo estava se resolvendo conforme o tempo passava

Lucca estava completamente recuperado fisicamente, e estava há um tempo sendo acompanhado por psicólogos, o que o ajudava bastante.

Kyle foi preso, mas Nathalie e Williana não quiseram me dar mais detalhes e nem atualizações sobre ele, o que me deixou com um pé atrás.

Williana claramente havia ganhado o caso, e estava extremamente feliz com isso

Hallana foi internada pela sua confusão mental, mas já estava se recuperando, já que era tudo efeito dos remédios. A única ferida que ficaria aberta, seria o trauma que absorveu após perder um filho.

Mas ela começaria a ir para as terapias, também, e poderia melhorar um pouco. Não entendo a dor de perder uma criança, mas tenho certeza que não é algo que ela vai esquecer depois de ir pra psicólogos, e sim uma memória ruim que sempre será lembrada, e a maior tristeza de sua vida.

Nathalie estava super bem, estava feliz como as coisas estavam indo bem e melhorando, e aguardava todas as mínimas informações e atualizações sobre Hallana, esperando animadamente o dia em que pudesse a ter novamente consigo.

Agora, eu estava na casa de Millie, tinha caído no banheiro e estava com a perna doendo muito. Mal conseguia me levantar. Millie se ofereceu pra cuidar de mim e olhar as crianças até eu melhorar, e eu amava a Millie.

Ela era a melhor sogra do universo, e ela me tratava como se fosse filho dela também.

Talvez a dor de perder a filha caçula quando ela ainda era jovem, realmente fosse terrível.

Então ela me chamava de "caçulinha" e me tratava como o filho preferido dela, às vezes me dava mais atenção do que ao próprio Nicollas.

Para uma senhora com uma filha assasinada quando jovem, e um adulto que teve uma mãe que tentou o assassinar por achar que tinha sido o motivo de seu pai ter falecido, era algo que supriria algumas dores.

Eu precisava de alguém como Millie na minha vida, por isso ainda nos víamos com frequência e nos tratamos da mesma forma, mesmo após o meu término com Nicollas

E ela precisava de alguém como eu na vida dela, então estava me tratando como se fosse uma divindade tão sublime que não podia ao menos relar o dedo mindinho do pé no chão.

Eu amava Millie.

Não, não amava, amo Millie.

E sei, olhando naqueles olhinhos, que é recíproco.

E amo também quando ela me chama de "caçulinha" na frente de Nicollas, o que o faz ficar cheio de ciúmes.

Hoje, ainda me sentindo extremamente culpado por ter causado o quase-fim do relacionamento com Nicollas por essa confusão, quis conversar mais com Millie sobre isso.

E, agora, às três da manhã, enquanto as crianças e Nicollas dormiam, era a melhor hora.

Eu e ela estávamos sentados no sofá, e ela me olhava com seus olhinhos chorosos, que me faziam querer chorar.

— Ela tinha 21 anos quando morreu. Ainda era tão novinha... A gente tinha discutido nesse dia, e ela saiu de casa tarde da noite pra ir para o namorado. Eu já havia me acostumado com as fugas noturnas de Nicolly, então não dei bola, e fui dormir. No outro dia, recebi a notícia de que o corpo de Nicolly foi encontrado em frente à igreja católica da cidade.

Caminhos entrelaçados: 2MPEJ.Onde histórias criam vida. Descubra agora