11 - Facas.

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Se eu pudesse voltar no tempo, não teria aberto aquela porta.

Se eu pudesse voltar no tempo, na verdade, acho que teria ficado o mais longe de Kyle quando pude.

Acho que poderia nem ter o conhecido.

E agora, estava face a face com ele. Pela primeira vez em meses.

Eu quis o mandar embora e o empurrar, mas quis o puxar pra dentro e perguntar o porquê ele estava chorando.

Ele me abraçou, tão forte que não pude o afastar, e ele me encharcou com suas lágrimas. Eu, inconscientemente, retribui.

Eu errei em ter retribuído.

— Vai embora.

— Por favor, Nathaniel. Me deixa ficar.

— Kyle, eu não conheço mais você. Você não é o mesmo que eu conheci. Eu não te quero aqui.

— Por favor, Niel... Ainda sou o mesmo, eu te juro. — Ele usou seu truque mais sujo, beijando meu pescoço, e eu o empurrei, vi suas costas baterem contra a porta, fazendo barulho — Não acorda o Nicollas, quero conversar com você.

— Eu não quero te ouvir. — Ele se aproximou de mim, fui até a cozinha e segurei uma faca.

Não era uma de brinquedo igual da última vez.

— Eu sei que não tem coragem, Niel. Por favor, abaixa essa faca. — Eu permaneci firme, ele tentou se aproximar, não me afastei, mas passei meu dedo mindinho na ponta da faca, tirando sangue de mim, para o mostrar que ela era afiada.

— Donovan, vai embora. Por favor, eu te imploro. Você não me passa uma boa energia. Não me sinto seguro com você aqui enquanto meu marido tá dormindo.

— Seu marido? — Ele riu, suas lágrimas engrossaram.

— Por favor, Kyle. Eu tenho medo de você.

Ele chorava, eu queria poder limpar suas lágrimas.

— Niel, eu nunca levantaria um dedo para você. Eu juro. — Ele soluçava — Eu mataria por você. Eu faria de tudo. Mas não sou capaz de te machucar. Eu te garanto.

— Kyle, por favor. Por favor, caralho. Eu tenho medo de você. Nós dois sabemos que eu não tenho coragem pra te machucar, então eu imploro, vai embora. Não fica aqui quando você não é confiável. Quando meus filhos estão dormindo aqui do lado.

— Porque tem medo de mim?

— Você ainda pergunta?

— Uma...

— Não. Não, Kyle. É uma última noite de despedida que você quer?

— Niel...

— Você vai fazer o que quando acabar? Me dopar de remédios? Vai me enforcar até eu desmaiar enquanto me fode? Kyle, você mudou. Eu desconheço você.

— Não se compare a Hallana.

— Ela era sua prima. Sua irmã do coração. Como você teve a coragem?!

— Está agindo assim comigo porquê? Porra, não foi com você. Não relei um dedo em você. Me comportei na cadeia pra puder vir te ver o mais rápido possível.

— Kyle...

— Por favor, Niel. Se eu não posso te ter de volta, se não posso iludir meu coração achando que você sentiu minha falta... Um último beijo. Um mísero selinho. E eu prometo, por tudo, nunca mais te fazer ter que me mandar embora.

Ouvi passos da sala. Sabia quem era. Conhecia a intuição fodidamente perfeita que meu homem tinha. Eu sorri de canto.

Tentei me afastar, mas quando Kyle viu Nicollas, me empurrou até o armário, e roubou meus lábios, me beijando calorosamente, era o mais agressivo que já havia tocado meus lábios. Quando ouvi os passos se tornarem mais altos, nem hesitei.

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