03 - Egoísta.

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— Bom dia, meu bem — A voz rouca e sonolenta de Kyle me acordou, enquanto ele acariciava minha bochecha. Eu sorri, genuinamente, olhando-o. Talvez ele fosse demais pra mim, e mais ainda agora, que eu me dei conta que estávamos ambos nus, na cama, cobertos com o lençol grosso que usávamos para fugir do frio

— Idiota… — Foi tudo que disse, e o vi rir, e me dar um beijo na testa — Bom dia… — Eu o respondi, meu olhar descendo para seu peitoral, que estava sem roupa alguma por cima. Ele segurou meu queixo, me fazendo voltar a olhar para seus olhos

— Vem cá, temos que tomar um banho — Ele disse, se levantando da cama, me dando uma visão privilegiada de seu corpo tão lindo. Ele me pegou no colo, embora eu sempre insistisse que iria andando, que tinha pernas e sabia as usar, e me levou até o banheiro

Depois de um tempo, saímos do quarto, já banhados e vestidos. Eu me sentei no sofá, e fiquei assistindo qualquer documentário que estava passando — especificamente, sobre coelhos — enquanto esperava Kyle voltar, já que ele tinha ido para o quarto das crianças, os acordar

Lavínia sempre acordava com um humor melhor quando qualquer outra pessoa a acordava. Nunca vi ela pedir "mais cinco minutinhos" quando era outra pessoa além de mim. Isso mexia um pouco comigo.

Ele voltou com os dois no colo, coisa que eles ficavam admirados já que "apenas o papai Nico" conseguiria pôr os dois em seu braço de uma vez. Eu ri baixo

Era sexta-feira novamente. E isso significava ter que me despedir dos meus filhos, já que sempre passavam os fins de semana com Nicollas

Mas, também, significava ver o Kyle

Ele havia me chamado pra ir pra casa dele, e se formos continuar falando sobre os significados de cada coisa, eu sabia que isso significava voltar um pouco mais tarde que o combinado, e sem o controle das pernas

Vi uma mensagem de Nicollas no meu celular, dizendo que teve um imprevisto e não poderia buscar as crianças, e me perguntou se eu poderia as levar na casa dele. Meu semblante se tornou um desconfiado, mas mandei um "Certo." e verifiquei as crianças no quarto, que já estavam prontas e com suas bolsas prontas também. Estava no banho quando ouvi uma voz, que com certeza não era de um dos meus filhos, perguntar se podia entrar no banheiro

Reconheci a voz de Kyle, o que fez meu coração acelerar um pouquinho, e não respondi, era o nosso jeito de dizer "Sim". Ele entrou no banheiro e fechou a porta atrás de si, me encarando enquanto eu ainda tomava banho. Após algum tempo em convivência íntima, coisas assim se tornaram habituais para nós.

— Quem ensinou Lavínia à interrogar as visitas até ter certeza que eram conhecidos? — Eu ri genuinamente com a pergunta, me enrolando na toalha, o olhando com um sorriso cínico

— Eu, claro. Quem mais ensinaria segurança básica para meus filhos? — Ele riu baixinho, e me puxou pelo queixo, roubando um beijo meu — Veio me buscar? Não precisava, Kyle. Eu iria só assim que deixasse as crianças na casa do Nicollas.

— Vai levar eles? Pensei que o Nicollas viesse buscar. Na verdade, achei que ele já tinha os buscado e que estava só. Até Lavínia me barrar de entrar e me interrogar até ter certeza que era eu. — Ele riu baixinho, e eu roubei um selinho dos lábios dele

— Estranhei que Nicollas estava demorando, e vi uma mensagem dele dizendo que não poderia os buscar hoje, pediu pra mim os levar. Estava me arrumando, já que assim que fosse os levar, iria direto pra sua casa.

— Entendi. Então podemos fazer o seguinte, eu e você deixamos eles na casa do pai e vamos pra minha casa. — Eu acenei com a cabeça, e terminei de me arrumar após um tempo. Eu ri baixinho quando mal havia colocado a roupa e já sentia o olhar de Kyle sobre ela, quase dizendo que queria a tirar o mais rápido possível

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