Წ Go Pierre! (Crônicas do Pierre)

✦ Capítulo 2 - Extra

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2. Extra - Algo diferente
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Depois da bela festa de casamento do meu pai, ele e Matteo iam para a lua de mel, obviamente. Papai tinha conseguido uma semana de folga do trabalho para curtir com seu recém marido, e eles decidiram ir pro Brasil. Mas então, houve um problema: com quem eu ia ficar? Ouvi os dois conversando sobre isso tarde da noite, onde eu sabia que devia estar dormindo, mas perdi o horário assistindo filmes escondido no computador do meu pai.

— Talvez devíamos contratar uma babá. Não posso levar o Pierre. — ouvi meu pai falar, quando eu estava indo para meu quarto, e me escondi atrás da parede, ouvindo tudo pela porta semiaberta.

— Não seria melhor deixar com algum parente seu? Eu não confio muito em babás. É difícil achar uma hoje em dia que não seja negligente, e não quero o Pierre em perigo com uma babá abusiva ou irresponsável. — Matteo respondeu. Ainda achava estranho como Matteo se preocupava comigo. Meu pai nunca demonstrou esse tipo de preocupação comigo. Mas eu gostava de Matteo. Fazia eu me sentir protegido e notado, coisa que meu pai não fazia com muita frequência. Ele me dava liberdade e algum de seu tempo livre, mas a maior parte do tempo era eu sozinho e ele cansado.

— Meus parentes são do Brasil. Todos de Porto Seguro.

— Bom, a lua de mel não vai ser em Salvador? A gente leva o Pierre para Porto Seguro, deixa ele com seus pais e vamos para Salvador. De repente a gente até faz alguma coisa especial na casa dos seus pais, já que muitos da sua família não vão poder vir pro casamento. — Matteo sorriu, provavelmente feliz por ter achado uma boa solução. Meu pai parecia em dúvida.

— Não sei não. Pierre se dá bem com meu pai, mas... Meus outros familiares não conseguem lidar com o Pierre. Ele é rebelde, você sabe.

— Daniel. — ele disse firme, e eu fiquei assustado com seu tom de seriedade. — Pierre é um garoto ótimo. Ele é educado, gentil e inteligente. Mas me preocupa muito certa parte do temperamento dele.

— É só o jeito dele, Matteo. Ele é rebelde, livre, enérgico. Ele é uma criança! — meu pai insistiu.

— Ele não é mais tão pequeno assim, e metade do tempo ele é carente de atenção enquanto você ignora metade de tudo que ele faz. Você acha que ele pinta o cabelo por que?

— Ele quer ser inesquecível.

— Ele quer que o pai dele esteja em casa para cuidar dele!

— Matteo, você não faz ideia de como é cansativo! Eu trabalho o dia inteiro para manter essa casa, tenho que buscar o Pierre na escola e trabalho até em casa! Eu faço meu melhor. — ele disse firme também. Cada vez mais que eles conversavam, mais eu me sentia pensativo. Acho que realmente, meu pai não era a pessoa mais atenciosa do mundo. Também não era o mais atento. Nem o mais carinhoso. Mas eu amava meu pai.

— Você tem ignorado o problema do Pierre com atenção e letras a quanto tempo? — Matteo perguntou, e eu me assustei. As professoras viviam dizendo sobre meu jeito desatento, e sempre chamavam meu pai para conversar sobre isso, mas ele nunca foi.

— Como assim?

— Fui na reunião de professores do Pierre semana passada, já que você não pôde ir. Os professores notaram algo que você, o pai dele, não notou. Provavelmente ele tem dislexia ou TDAH, ou até os dois combinados. Ele precisa de um médico. Eles dizem que provavelmente seu grau é muito forte por que isso atrapalha diretamente nas aulas. Ele é inteligente, mas não consegue fazer uma prova de inglês em 1 hora por que, de acordo com ele, "as palavras se misturam demais". Ele está de recuperação em História, sabia?