|✪| 𝐆𝐨 𝐏𝐢𝐞𝐫𝐫𝐞! ᴄʀᴏɴɪᴄᴀs ᴅᴏ ᴘɪᴇʀʀᴇ
|✪| Pierre era um garoto normal até assistir um documentário e resolver ser inesquecível. Agora, acompanhe a trajetória de Pierre, onde no caminho ele aprende sobre família, amor, sexualidade, inseguranças e...
Pintei o cabelo pela primeira vez com 10 anos. Pode julgar, eu sei que é estranho. O pequeno Pierre, eu mesmo de alguns anos atrás, era um garoto esperto e necessitado de atenção. Eu tinha cabelos loiros extremamente claros, ia pra casa sozinho e estudava das 7 da manhã até 16:30 da tarde. Eram as últimas semanas de aula e em breve seria a formatura do 5° ano. A professora não se importava em dar aula e eu queria um novo visual, além de claro, eu queria ser inesquecível e deixar minha marquinha especial na escola pra ser lembrado eternamente. A escola iria fotografar todos nós da turma, exibir um quadro no corredor principal e ainda estaríamos no anuário! Eu precisava chamar atenção.
Resolvi pintar o cabelo, já que meu pai não concordou com piercings ou tatuagens por me achar muito novo, não dava tempo de construir músculos na academia e eu não achava que roupas novas eram a mudança que eu precisava. Papai também não tinha dinheiro para comprar tinta de cabelo, ou ele mentiu muito bem, mas como eu disse, eu era esperto.
Vendi brinquedos velhos, ilegalmente, nos intervalos da escola. O diretor e os coordenadores me asseguraram que era proibido vender qualquer coisa na escola, por isso tive que me esconder e fingir bem. Me escondia num canto não movimentado e escuro do pátio, com minha lancheira estufada de brinquedos. Me sentia um traficante mirim; o rei do "brinquedotráfico"! Eu era caçado e procurado pelas autoridades da escola, mas ninguém sabia quem realmente estava vendendo os brinquedos. Duas semanas foi o necessário para conseguir o dinheiro, e eu comprei a tinta de uma cor que eu amava, apesar do preconceito: rosa.
Me juntei com meu melhor amigo e fomos pro vestiário, passando muito tempo lá. Pintar o cabelo era um pouco mais difícil do que eu imaginava e minha cabeça ardia, mas, no final, valeu a pena. Finalmente saí de lá, já na hora do recreio, com os cabelos rosa claro, chamando atenção por onde eu passava. Naquele dia, me tornei mais do que o garoto dos cabelos rosados. Me tornei o garoto mais descolado da escola! E todos que passarem por aquela escola ouvirão minha história de tráfico e verão meus cabelos rosados, eternizados na foto da formatura, exposta num dos pontos principais da escola.
Quando cheguei em casa e meu pai me viu com as cabeleiras rosadas, ele ficou em choque. Eu ia embora pra casa sozinho, então acabei comprando tinta de cabelo sozinho numa loja após a aula, e não comentei nada com meu pai.
— Quando... quando pintou o cabelo? — perguntou surpreso e em choque, com a mão no peito. Parecia que ele estava prestes a ter um ataque cardíaco ao me ver com aquela cabeleira rosa.
— No recreio da escola. — sorri travesso.
— Como conseguiu dinheiro para tinta?
— Vendi brinquedos na escola.
— Isso não é proibido?
— Sim papai. — sorri, tentando ser fofo e fugir de um castigo. Meu pai suspirou.
— Não acredito que meu filho é traficante de brinquedos... — murmurou baixo, parecendo mais calmo e tirando a mão do peito, mas parecia aliviado por eu realmente ter pintado o cabelo do nada e não estava assim há muito tempo, pois seria péssimo da parte dele como pai não ter percebido essa grande mudança. — Escuta, Pierre. Da próxima vez, me procure, ok? Seu cabelo está ótimo, mas você poderia acabar careca se não fizesse direito. Da próxima vez, vamos pintar num salão de verdade.
— Tudo bem papai! — sorri super empolgado, e ele quase sorriu, acariciando meus cabelos.
— Até que a cor ficou legal, filho. Bom trabalho.
Eu sorri docilmente para ele. Não acredito que o sorriso fofo anti-castigo funcionou.
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