✦ Capítulo 7 - Extra

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7. Extra - A vida é uma aventura

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"O que a gente faz agora?" A pergunta ecoou na minha cabeça, mas eu não sabia como responder. Então eu resolvi pensar. Meu pai sempre dizia que só conseguimos achar a resposta do futuro quando analisamos o passado.

Desde que eu era criança, eu sabia de uma coisa: tinha algo de errado comigo. Com o meu crescimento só tive ainda mais certeza disso. Eu passava muito tempo na praia, sempre ajudando meus tios e meu pai a venderem coisas. Já vendi pulseira trançada, picolé, biquíni, óculos... tudo que puder imaginar! E por vender muita coisa, eu interagia com todo tipo de gente, principalmente turistas. Garotas lindas que deixavam meu coração acelerado e garotos lindos que deixavam meu rosto rosado.

Eu morria de medo desse sentimento. Na verdade, era mais do que um sentimento. Era uma certeza: garotos e garotas fazem eu me apaixonar. Eu tinha medo da rejeição da minha família, mas toda vez que meu pai percebia meu olhar apaixonado por um garoto ou garota bonita na praia, ele dava um tapinha nas minhas costas e ria enquanto dizia "Meu pombinho está apaixonado!".

Mas sempre pensei que devia colocar isso de lado. Eu trabalhava demais para ajudar meu pai a sustentar nossa casa, onde vivíamos eu, minha mãe, meu pai, meu irmão mais velho e meus dois irmãos mais novos. Eu trabalhava e trabalhava porque queria ter certeza de que nenhum de meus irmãos mais novos precisaria trabalhar tanto quanto eu. Comecei a trabalhar com 12 anos e só parei com 17, quando estava terminando o ensino médio.

Eu tinha esperança de fazer faculdade depois que, com muito esforço, meu irmão mais velho conseguiu entrar numa faculdade de medicina para se tornar um bom médico. Queria uma faculdade boa, que me desse um bom emprego. Pensei alto, até demais, quando decidi qual queria fazer. Direito. Se meu irmão conseguiu medicina, como eu não conseguiria direito?

Meu pai tinha muitos amigos e muitos contatos, pois ele era muito simpático e conhecido. Afinal, ele tinha 3 empregos: de dia, trabalhava num açougue, a noite de guarda num hotel e fins de semana vendia coisas na praia. Eu e meu irmão vendíamos coisas na praia durante a semana também, para ajudar meu pai, e às vezes a gente faltava à escola para isso. Mas no final, nos formamos com boas notas. E meu pai conversou com cada um de seus amigos até finalmente conseguir algo para mim: uma bolsa de estudos integral. Porém, tinha um grande problema: era uma bolsa internacional.

Fiquei a semana toda pensando nisso. Eu amava minha família. Amava meus irmãos, minha mãe, que apesar de não ser tão carinhosa, eu amava de todo coração, e principalmente, eu amava meu pai. Desde pequeno, meu pai me contava histórias, me dava pequenos e simples presentes e me ajudava a estudar. Não queria ter que deixá-lo para trás. Só de pensar em deixar tudo para trás, sentia meu peito se apertar.

Um dia durante a madrugada, acordei. Sem sono. E com essa dor no peito. Eu não sabia o que escolher e só tinha alguns dias para me decidir. Seguir meus sonhos e deixar minha família para trás ou ficar com minha família?

— Está acordado, pombinho? — meu pai me perguntou, vestindo sua roupa de guarda. Ele estava voltando do trabalho.

— Não quero ir embora. — falei, já com voz chorosa. Ele me abraçou e fez um bom cafuné.

— Oh querido... É por um bom motivo! Você vai ter um bom emprego, uma boa casa, uma boa família. E você ainda pode nos visitar! — tentou me consolar. Pensei no meu problema. Tinha medo de ir embora e cair de cabeça no problema de gostar de garotos e garotas.

Წ Go Pierre! (Crônicas do Pierre)Onde histórias criam vida. Descubra agora