✦ Capítulo 3

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3. Patins
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Era finalmente o ápice dos meus 12 anos. Meus cabelos agora eram um tom de vermelho cereja, e continuavam chamando atenção. Posso confessar? Me inspirei no Castiel de Amor Doce pra esse cabelo, o que é irônico, pois hoje em dia eu não o considero mais como o melhor personagem de Amor Doce (considero nenhum deles atualmente). Meu pai achava que eu passava tempo demais jogando videogame, então me colocou em uma aula de esportes, apesar de Matteo insistir que eu devia fazer programação para continuar na minha área de interesse em videogames, e por que ele queria descobrir novos talentos da minha superdotação.

Posso ter sangue, coração e cidadania brasileira, como meu pai e Matteo, mas eu era uma vergonha no futebol. Não conseguia gostar disso. Digo, eu adorava futebol. Assistia todo tipo de campeonato, sonhava em assistir um jogo ao vivo, chorava e gritava durante os jogos e tinha uma coleção de camisas do meu time do coração, Botafogo Sou ótimo torcedor, mas jogador? Pra você ter uma ideia do meu talento, em menos de uma semana de aula de futebol eu quebrei o tornozelo e fui totalmente proibido de pisar num campo de novo. E caso essa seja sua dúvida, sim. Doeu pra cacete. Tenha certeza que vai fazer um gol, e não chutar o gol. E também, não faça inimizade com o garoto conhecido como "piloto de Hotwheels" por causa da grande quantidade de carrinhos que ele dá. O corte de cabelo dele não era tão ridículo, mas eu não resisti. Se eu tivesse autocontrole, eu teria um tornozelo inteiro e infinitamente menos dor. Às vezes eu sou impulsivo demais e não penso muito antes de fazer.

Caso não saiba, esse tipo de ferimento é grave. Tive que fazer raio-x, engessei minha perna e até usei muletas por uns 7 meses. Mas eu era um cara descolado e conhecido. Tive várias e várias assinaturas no meu gesso, de várias pessoas diferentes, dos meus colegas da escola até meus colegas do curso de escrita criativa que comecei com substituto para me deixar longe dos videogames. E como já deve saber, meu avô era escritor. Nessa época ele estava quase publicando seu terceiro livro, e eu fui o visitar. Me fez companhia e me incentivou a cultivar mais meu hobbie de escrita, pois ele me achava talentoso, além de me dar uma caneta de pluminhas vermelhas como cereja e, agora, como meu cabelo e um caderno para continuar a escrever, e continuou me ligando toda semana e perguntando como estava minhas histórias escritas. Ficou óbvio para meu pai que eu devia fazer essas aulas, finalmente, e passei ainda 4 anos, dos meus 12 até os 16, fazendo essas aulas, que me ajudaram bastante.

Como eu tinha machucado grave, depois dos 6 meses de (quase) repouso total, eu precisava de fisioterapia. Comecei fazendo os exercícios que o médico pedia, mas em um certo ponto, com minha perna livre dos gessos, o fisioterapeuta me disse que talvez fosse melhor eu praticar um esporte de novo. Nada que fosse muito perigoso. Algo como caminhada, ciclismo ou algo do tipo, usando os equipamentos certos e com meus pais por perto, para garantir que eu não vá me machucar tão gravemente de novo. Meu pai, Matteo, por que sim, agora eu também o chamava de pai e seus olhos brilhavam toda vez que eu o chamava assim, insistiu para fazermos patinação no gelo juntos, pois era seu esporte favorito. Depois de pegar uma baita chuva na caminhada e perceber que eu não era bom dirigindo bicicleta e provavelmente iria cair se pedalasse demais, eu e meu pai, Daniel, o filho do escritor e que fez 50% do meu DNA junto com minha mãe, cedemos ao pedido de meu pai, Matteo, que gostava de colocar laços grandes no meu cabelo, o que quebrava minha postura de bad boy que eu queria alcançar. Ele dizia que fazia isso porque os laços ficavam bonitos no meu cabelo, me abraçava forte e apertava minhas bochechas. Quebrava minha postura de bad boy? Sim. Mas eu gostava de receber o carinho do meu novo papai.
Matteo, meu novo papai, nasceu aqui mesmo no Canadá, sendo filho de uma brasileira com um canadense. Ele desde pequeno está acostumado com patins no gelo, pois era jogador de hóquei na escola. E ele achou que seria uma ótima ideia levar eu, um garoto com tornozelo quebrado ainda em recuperação e que a vida inteira foi numa pista duas ou três vezes, para patinar. Claro, apesar de todo mundo ter concordado, fui tremendo de medo e com meu pai Daniel já pronto pra chamar uma ambulância para quando eu caísse e rachasse a testa no chão gelado. Mas contrariando tudo que pensei, eu era bom naquilo. Mais do que isso, eu gostava! Era divertido deslizar no gelo, enquanto meu pai Matteo segurava minhas mãos com força, temendo que eu caísse, mas feliz por ver eu me divertindo.

E, de forma surpreendente, aquilo realmente me ajudou com fisioterapia. Aprendi a ter equilíbrio e firmeza no tornozelo quebrado novamente, e fez minha fisioterapia acabar um pouco mais cedo do que o previsto, já que eu me viciei em patinação e ia todo dia com meu pai Matteo para patinar. Em pouco tempo meu tornozelo estava inteiro e eu me tornei um patinador oficial, fazendo aulas e tudo (não é tão difícil equilibrar a escola integral, aula de escrita criativa e aula de patinação quanto parece)!

Todo domingo eu ia com Matteo e meu pai patinar no gelo, me tornando cada vez melhor. E por isso, segunda e terça, meu pai me colocou em um curso de patinação artística, e na quarta, quinta e sexta eu fazia as aulas de escrita criativa, por que apesar de eu adorar patinação, ainda era obcecado por escrever. Ele achava mais seguro que hóquei, apesar do meu interesse e de Matteo em praticar esse esporte. Bom, hóquei tem porradaria que pode me dar um olho roxo, mas patinação artística pode quebrar minha coluna se eu saltar errado. Não sei se ele pensou nisso.

 Não sei se ele pensou nisso

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