✦ Capítulo 9

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9. A morte

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Quando a morte bate na porta, temos que atender, querendo ou não. Como se adivinhasse o luto e a morte, meus cabelos foram tingidos de preto, e adotei um estilo menos colorido e chamativo. Meus sonhos sobre escrita e ser inesquecível estavam atolados em desilusões e angústias. Dormia e acordava cheio de ansiedades. E quando meu amado vovô Bernardo ficou ainda mais doente do que já estava, eu me sentia pior.

Meu avô sofria de alzheimer há uns bons anos. Apesar de morarmos longe dele, eu e meu pai fazíamos esforços para visitá-lo sempre que possível, pois eu amava meu avô e meu pai sempre foi muito próximo de seu avô também. Dessa vez, tínhamos tudo planejado para visitá-lo novamente. Ele realmente estava mal, e toda a família iria se encontrar para ficar com ele. Scott tinha feito algumas aulas de português com o Matteo e tinha uma autorização legal e passaporte para viajar com a gente, pois ele queria conhecer um país quente e a minha família. Mas, o inevitável não pode ser planejado.

Quando eu soube da notícia, estava na pista de patinação com Scott. Eu conversava sobre nosso trabalho de química, enquanto Scott reclamava sobre o quão frio e sem vida eu havia me tornado. "Eu fiz algo de errado? Você não está mais me tratando como antes", ele dizia preocupado. Eu tentava explicar para ele que estava tudo bem entre nós e o problema era exclusivamente eu e meu desânimo inexplicável e não ele, quando Matteo me ligou. Disse que meu avô havia morrido, e que eu devia imediatamente ir para casa, pois iríamos pegar um voo ainda naquela noite. Desliguei o telefone pálido como a neve e caí de joelhos no chão gelado da pista, chorando como nunca, sendo abraçado e consolado por Scott em seguida.

Ele não sabia falar português tão bem ainda, mas aprendeu o básico. Ele se sentou ao meu lado e segurou minha mão durante grande parte do voo. Ele via como eu estava. Eu parecia realmente quase doente. Ficou acordado comigo o quanto pode, mas inevitavelmente, acabou adormecendo. Geralmente, eu durmo em viagens noturnas. Era 3 da manhã. Eu me sentia tão... Esquisito. Me levantava, ia ao banheiro, bebia água, tentava assistir um filme, desligava e tentava dormir. Era exatamente como quando minha mãe morreu. Eu não conseguia acreditar naquilo. Não conseguia viver normalmente. Era como se tudo estivesse congelado num pesadelo terrível. Eu não podia me mover mais. Dormi por trinta minutos e acordei. Não consegui mais pregar o olho.

Finalmente estava com a minha família. Minha avó e meu tio mais velho estavam ajeitando os últimos detalhes do funeral. Funeral. Essa palavra era amarga na minha boca. Meus tios me abraçaram, chorei abraçado de meus primos, me sentei em qualquer lugar da casa e fiquei ali, imovel, sem saber que rumo tomar. Scott prontamente ficava ao meu lado, em silêncio, apenas me ajudando e cuidando de Max.

Meu pai, no meio daquilo tudo, parecia terrível. Parecia em choque, e não conseguia assimilar direito tudo que tinha acontecido. Matteo fazia de tudo para deixá-lo melhor, mas ainda era difícil. Não era como se eu estivesse muito atrás dele, sabe? Eu também estava péssimo. Eu amava meu avô, mais do que tudo. E eu sabia que ele também me amava. Eu me sentia sem chão e perdido, como me senti quando minha mãe morreu. Eu precisava do meu pai, mas naquele momento, percebi que ele também precisava do pai dele. Por isso, resolvi ficar chorando no colo de Scott.

Scott fez de tudo e ficou todo momento do meu lado. Beijou meu rosto, secou minhas lágrimas, me abraçou a noite, segurou meu cabelo enquanto eu vomitava, cuidava de Max. Ainda não conseguia acreditar no que tinha acontecido. Parece que você só acredita que alguém morreu quando você a vê no caixão, então ainda não acreditava.

Წ Go Pierre! (Crônicas do Pierre)Onde histórias criam vida. Descubra agora