✦ Capítulo 7

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Ampliando os horizontes e mudando as coisas

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As coisas vão mudando quando vai ficando mais velho, sabe? Eu fiz 14 anos. Era oficialmente um adolescente, mas ainda me sentia uma criança. Eu ainda estava com Scott, ainda sem nenhum tipo de compromisso sério, a pedido dele mesmo. Meus pais me davam cada vez mais liberdade e responsabilidade, e a escola finalmente começava a não ser ridiculamente fácil para mim.

Acabei mudando de escola, e por coincidência, Scott era da mesma escola e sala que eu. Ficávamos ainda mais tempo juntos e, novamente destaco, sem compromisso. Por nossa proximidade, alguns pais de alunos, colegas e até um outro professor acabava implicando com nós dois ou nos chamando de impuros pecadores. Nesses casos, meu pai Matteo adorava falar sobre sua extensa experiência como advogado em casos de preconceito, onde cerca de 85% das vezes ele ganhava o processo. E também, a mãe do Scott mostrava suas medalhas de Karatê, e além de lutadora e atleta profissional, ela era professora de Karatê com parceria a escola, ensinando os alunos e principalmente as garotas a se defenderem sozinhas.

Era junho. Me lembro bem disso. Estava na cozinha da casa, pensando em alguma receita fácil para um lanchinho rápido da tarde, quando meu pai apareceu e resolveu falar comigo.

— Oi Pierre. — falou, parecendo meio envergonhado ou desconcertado. — Cê sabe, é junho. Tá tendo uma parada LGBT e eu e o Matteo estávamos pensando em ir, sabe? Mas também queríamos levar você e o Scott. Achamos que podia ser bom para vocês verem mais sobre diversidade e sobre pessoas como nós. — me explicou, e eu sorri, pegando farinha de trigo, ovos e leite para fazer panquecas.

— Seria legal pai! Eu adoraria conhecer mais gays, lésbicas e aqueles que trocam, como nós. — expliquei, e meu pai me olhou esquisito.

— Como assim, filho? — me perguntou confuso. Percebendo sua confusão, o olhei confuso de volta. Matteo também chegou na cozinha, pegando um copo de água e um comprimido. Mais cedo ele estava meio enjoado e acabou vomitando.

— Vai fazer panquecas? — perguntou, tomando a água, e eu assenti. — Faz pra mim também? Tô com uma vontade enorme de comer panqueca com mel.

— Faço, Matteo. — falei, mas logo me virei pro meu pai de novo. — Pai, eu achei que só existisse homossexual e heterossexual, e nós que trocamos. Eu fico trocando entre ser hetero e ser gay, e agora eu tô gay por que eu gosto do Scott. Ou você que era hetero com minha mãe e virou gay e casou com o Matteo. Não? — disse, com a ingenuidade de uma criança, e os dois me olharam bem confusos.

— Eu não sou gay, Pierre. — meu pai respondeu.

— Mas o Matteo disse que era gay!

— Mas eu não sou!

— Como vocês são um casal gay se um de vocês não é gay? — perguntei, e meu pai suspirou. Matteo me olhou compreensível.

— Dois homens se amando não significa necessariamente que são gays, meu querido. Eles podem ser bissexuais, gays, pansexuais ou simplesmente não se colocar em rótulo de sexualidade e amam quem querem amar. Nesse caso, os casais ou os homens em si são chamados de aquileanos. — explicou, e eu começava a entender.

— O que Aquiles tem haver com isso?

— Aquiles era claramente, determinado pela arte e registros históricos, amante de Pátroclo. Ele o amava tão profundamente que virou o símbolo do amor entre dois homens. Os aquileanos. Assim como Safo, uma poetisa amante de mulheres, se tornou símbolo do amor entre duas mulheres, as saficas.

Წ Go Pierre! (Crônicas do Pierre)Onde histórias criam vida. Descubra agora