✦ Capítulo 10

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10. Compromisso

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Me sentia extremamente nervoso. Estava sentado naquela bela mesa de madeira, ao lado dos meus pais e de Max, enquanto meu sogro me encarava com fúria no fundo dos olhos. Nunca soube porque aquele homem me odiava, mas era simplesmente assim. Ele não gostava de mim. Por eu ser latino? Por eu ter dois pais? Por eu "fazer" seu filhinho ser gay? Não sei. Mas sei que ele não gostava de mim.

Scott me olhou, sorriu reconfortante e entrelaçou nossas mãos.

— Meu pai não é tão ruim assim. — ele sorriu sussurrando.

— Então você é o pai do Pierre. — ele disse, olhando pro meu pai, meio sério demais. Ele pronunciava meu nome como algo como "Piar" ou "Pier".

— Pierre. — meu pai corrigiu. — Sim, sou o pai dele. Daniel. Este é meu marido Matteo, ele é padrasto do Pierre.

— O que aconteceu com a mãe? — perguntou sério, provavelmente achando que meu pai largou minha mãe pra ser viadinho.

— Morreu. — meu pai falou, meio sério. Eu quase ri, mas resolvi então não ser assim. Fiz minha melhor cara de tristeza, pois queria que ele se sentisse culpado.

— Foram... Momentos tristes. Mas já passou. — falei meio cabisbaixo, como se realmente houvesse tristeza, contente aí ver que ele se sentiu culpado.

— Sinto muito. Eu não sabia. — ele se desculpou.

— Tudo bem. Não é mais tão ruim. Meu pai encontrou um novo amor e eu me sinto feliz de ter um segundo pai tão carinhoso quanto o Matteo para cuidar de mim. — sorri de leve.

— Não vim aqui para ficar de papo. Eu preciso sair em 30 minutos, por que eu tenho uma grande reunião importante na Alemanha amanhã cedo. O que vocês querem me contar? — ele encarou eu e Scott, totalmente sério. Scott segurou minha mão com força e sorriu.

— Papai, estou oficialmente namorando com Pierre. Gostaria que soubesse disso e que conhecesse a família dele. — Scott disse. Seu pai ficou em silêncio e olhou para Matteo.

— O bebê precisa tomar um ar. Você e seu marido podiam dar uma volta pela varanda. Tem uma vista linda e é menos sufocante. — ele disse ainda sério. Meus pais olharam um para o outro e olharam pra mim. Eu acenei, e eles saíram com meu irmão. — Midori, você também devia ir. Parece estressada. — falou para a mãe de Scott, sua ex esposa. Ela parecia ansiosa, e olhou preocupada para nós dois antes de sair. Me senti tenso. Só eu e Scott estávamos ali. — Quando isso aconteceu?

— Eu e o Scott...

— Zhang Hu. — ele me corrigiu. Fiquei meio tenso. Não sabia pronunciar 100% o nome dele, apesar dele dizer que eu pronunciava bem.

— Zhang Hu e eu somos amigos desde os 13 anos. Eu e ele desde aquela época tínhamos um certo relacionamento, mas não intitulado como namoro ou compromisso. Mas eu decidi que era grande demais para ficar com a brincadeira de criança que é andar de mãos dadas. — falei, normal. Não tão sério e não sorridente. Scott apertou minha mão.

— Você é do Brasil, não é?

— Metade brasileiro e metade porto riquenho, mas nasci aqui mesmo. — eu respondi meio tenso. Ele parou de me olhar e olhou pra Scott.

Uma frase que não entendi. Scott pareceu tenso e respondeu. Mais uma pergunta. Mais uma resposta tensa e trêmula. Ele sorriu, e conversaram por um pouco tempo, com Scott ansioso e impressionado.

— Foi prazer conhecer você, Pierre. Vejo você no ano novo chinês? Seria uma honra para nós levarmos você para conhecer nossa cultura. Não é, Hu? — ele sorri pra mim, se levantando.

— Sim papai. — Scott sorriu desacreditado.

— Eu adoraria ir com vocês! — sorri contente.

— Ótimo! Te vejo depois, Hu. — ele beijou a testa de Scott. — E seja bem-vindo, Pierre. — ele beijou minha testa, vestiu seu terno impecável e saiu.

— O que ele...?

— Pierre. Ele disse que estava tudo bem se era isso que eu queria. Que ele me amaria independente de quem eu amasse e que você parece um bom garoto. — me interrompeu e disse, ainda incrédulo.

— E o que mais?

— Eu falei que era gay e arromantico. Ele disse que era aroace. Percebeu que nunca amou realmente minha mãe ou qualquer outra pessoa e se divorciou. — ele disse, e finalmente me olhou. — Ele é como nós, Pierre. É como eu. Eu... eu nunca imaginei isso. — ele quase chorava. Seu sorriso se fez presente. Largo e grande. Pequenas lágrimas rolaram em seu rosto e ficou rosado. Sorri e o abracei, aliviado.

No final das contas, Yuhan não me odiava. Ele simplesmente achava que Scott ainda não tinha certeza sobre seu sentimento sobre mim. E no final, ele ainda ficou apenas com medo de Scott ser como ele, estar apenas confuso e fazer eu perder meu tempo. O orgulho de seu sorriso e seu olhar quando viu que Scott tinha sentimentos genuínos era nítido. E agora, ele estava decidido a me amar tanto quanto ama seu filho.

Jantamos juntos em família. Midori amava meus pais e meus pais amavam a Midori. E definitivamente, eu amava Scott, e ele me amava.

Esse sentimento de amar e ser amado era... esquisito. Eu sabia que amava meus pais e minha irmãzinha, a Max (sim, eu fico trocando os pronomes dela o tempo todo até ela ter idade para perceber o próprio gênero). E sabia que eles me amavam. Quando meu pai Daniel sai mais cedo do trabalho pra me ajudar a fazer um trabalho de escola ou simplesmente pra me levar pra tomar milkshake e andar de patins no gelo, sei que ele me ama. Quando o meu pai Matteo compra produtos caro pro cabelo só pra manter a cor do meu cabelo bonita e me ajuda a praticar escritura, sei que ele me ama. Quando Max me dá seu chocalho favorito ou aperta meu dedo com sua pequena mão claramente mais escura do que a minha mão com um sorriso banguela, sei que ela me ama.

Mas amar o Scott é algo totalmente novo e esquisito mas bom. Ele beija meus lábios, senta no meu colo, me abraça forte, deixa a melhor parte dos doces pra mim, me dá presentes fofos feitos á mão, olha nos meus olhos enquanto diz que me ama, beija meu pescoço me deixando sempre arrepiado, manda fotos de si mesmo bem arrumado ou até desarrumado e sempre parece lindo pra mim, me manda fotos de gatinhos juntos o dia inteiro com a legenda de "eles parecem nós dois" e eu nunca sei como reagir. É assim que é ser adulto? Definitivamente não é como ser criança. Mas acho que também não é adulto. Talvez eu seja apenas... adolescente.

Não sou um adulto. Não sou mais uma criança. Eu sou um adolescente. Tenho bons pais que me amam, uma irmãzinha incrível e Deus... o garoto mais lindo do mundo é meu namorado.

 o garoto mais lindo do mundo é meu namorado

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Წ Go Pierre! (Crônicas do Pierre)Onde histórias criam vida. Descubra agora