Capítulo 7 - Aproximação

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Eu que sempre fui faladeira, perdi as palavras quando vi aquela mulher ali parada olhando para mim

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Eu que sempre fui faladeira, perdi as palavras quando vi aquela mulher ali parada olhando para mim. Meu rosto deve ter recebido umas duas mãos de tinta vermelha pela cara que a Nueng fez quando ficamos frente a frente. Antes que eu derrubasse o prato no chão, ela colocou as mãos por baixo das minhas salvando a louça a tempo. Mãos suaves e quentes. Pele macia. Toque delicado. Do nada meu frio passou.

- Desculpa, eu não queria te assustar. – Pela primeira vez nenhum tipo de arrogância em suas voz ou seus gestos. – Eu só ia pedir para você aumentar um pouco o som... Eu gosto dessa música.

- É... E-Eu que sou uma de-sajeitada mesmo... – Quando fico nervosa parece quer tem um gato miando dentro da minha barriga e as palavras saem todas vacilantes. – Des-Desculpa...

- Posso aumentar a música?

A casa era dela e ela veio pedir autorização para mim? Não disse que a mulher tinha duas personalidades?! Com um gesto afirmativo, deixei que ela aumentasse o volume. Apesar de vê-la apenas duas vezes na vida, eu logo percebi que ela não parecia alguém que gostasse de se abrir facilmente para as outras pessoas. Acho que a chuva e as outras circunstâncias acabaram me empurrando para sua intimidade de maneira inesperada. Para fugir de seus olhos, voltei a guardar a louça e para meu azar ela achou de ficar por ali. Se acomodou em um dos bancos altos da bancada que dividia a cozinha e a sala e percebi que sutilmente ela me observava trabalhar.

- Eu também gosto dessa música. – Confessei a ela com o intuito de conversar e acabar com aquele silêncio chato. – Aliás, gostei de todos os vinis que encontrei ali. Tudo que normalmente eu escuto.

Nueng me jogou um olhar meio curioso, agachou-se para dar uma olhada nos vinis e voltou a me fitar ainda um tanto encafifada.

- Você é muito nova. Quase nenhum desses é da sua época.

- Opa, desculpa senhora madura... – Não falei alfinetando, mas em tom de brincadeira mesmo que a fez rir despreocupada. – Vou voltar ao meu spotify e escutar Billie Eilish, satisfeita?

Nueng me censurou com um gesto negativo.

- Você é tinhosa, só estranhei como você pode curtir tanta música que não é da sua época.

Terminei a louça. Encontrei suco em caixa na geladeira e servi dois copos a nós duas. Aproveitei e me sentei no outro banco ao seu lado.

- Um amigo meu chamado Chin é colecionador de vinil. A maioria eu conheci com ele, mas alguns eu já tinha ouvido... Enfim...

Era verdade. Chin e eu quando estávamos de folga perdíamos tardes inteiras indo em brechós atrás de vinis raros para a coleção dele. Não era estranho eu chegar em seu apartamento e vê-lo se aproximar com um de seus discos nas mãos me falando.

- Você precisa ouvir isso aqui.

Nueng assentiu com a cabeça. Ela parecia um pouco aérea. Resolvi continuar o papo musical para ver se arrancava uma informação que ainda não foi dada: Quem morava ali?

Between - Fanfic MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora