Capítulo 59 - Dois?

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Por mais que o tempo passe, que sejamos adultos, pais e mães de família, alguns aspectos não mudam e agimos como se ainda tivéssemos seis anos de idade. Quando Samanun abriu aquele exame de DNA e me contou sobre o resultado a primeira vontade que tive foi de gritar pela minha mãe e correr para o colo do meu pai.

Eu estava cansada daqueles problemas da vida adulta. Como eu ia contar a Nueng que encontrei seu pai verdadeiro? Era um assunto muito particular que só dizia respeito à vida dela. Agora com aquele papel nas mãos, minha cabeça começava a pesar horrores e pela primeira vez senti que talvez fosse melhor deixar essa história morta e enterrada como estava antes de eu chegar em Chiang Mai. Ai, ai saudade do tempo que minha maior preocupação era saber se no dia seguinte estaria sol para eu brincar no playground do prédio dos meus pais. Samanun me olhou e percebeu que algo me deixava pouco à vontade. Pegou em minha mão fazendo um carinho e me perguntou:

- O que aconteceu?

- Não sei... – Ergui meus ombros. - Talvez a gente não tenha feito o que é certo... – Samanun me encarou sem entender. – Talvez a gente não devia ter mexido nisso. Era uma história da sua irmã e não nossa... Como a gente vai contar isso a ela?

- Do começo, Kornkamon... Não pensa assim, pensa por outro lado... Se fosse você no lugar da Nueng, você não gostaria de sei lá... Pelo menos saber como era o rosto do seu pai? Saber se você tem os olhos dele? Se sua mão é parecida com a mão da sua mãe? – Assenti. – Então...

- Mas é a história de vida dela, a gente talvez não devia ter se metido.

- Agora não dá pra voltar no tempo e também tudo foi acontecendo. Kornkamon, você ia enlouquecer se não tirasse a limpo a histórias dos leõezinhos acreditando que a Nueng sei lá, podia ser sua irmã por parte de pai. Foi pelos leõezinhos que chegamos à Lolita. Não era só a história dela... Também tinha um pedaço da sua história envolvida aí. – Carinhosamente ela começou a beijar meu rosto até chegar à minha boca, me deu um selinho mais demorado. – Sabia que você é incrível?

- Samanun...

- Incrível sim, você se preocupa com os sentimentos da minha irmã, em não ver ela sofrer. É amiga, gosta dela de verdade mesmo depois dela te magoar várias vezes. – Eu sorri sem graça. Ela fez um carinho em meus cabelos. – Isso é nobre e uma das coisas que eu mais admiro em você... sua riqueza de sentimentos.

- Samanun vamos fazer uma coisa?

- O que?

- Parar com essa história de pai da Nueng? – E continuei. – Você entrega isso pra ela e deixamos ela resolver isso sozinha.

- Tudo bem. Posso te dar um abraço agora?

- E desde quando você precisa me pedir? – Eu perguntei feliz por ela ter concordado comigo. – Vem cá...

Nos abraçamos e ficamos algum tempo assim. Era bom ouvir aquilo de sua boca, foi como um abraço não só no meu corpo, mas também na minha alma. Só nos separamos quando os papéis que estavam no colo de Samanun caíram no chão. Me agachei, juntei os papéis e comecei com a leitura. Algo estava muito errado naquele resultado.

- Samanun, você leu isso tudo?

- Não, só li o que esta grifado em amarelo que é o resultado. Aqui. – Apontou para o grifado em amarelo. - Por quê?

- Olha isso aqui. – Samanun leu e arregalou os olhos, estava tão surpresa quanto eu. – Aqui está dizendo que os cromossomos das duas escovas são "xx". A escova que você pegou era usada por uma mulher e certamente não era da Lolita.

- Definitivamente não era da Lolita... Mas olha como os materiais das duas se encaixam. Você sabe o que quer dizer isso, não sabe? – Samanun fez um gesto afirmativo, estava um tanto confusa. – Não é melhor a gente levar pra mais alguém ver isso aqui pra gente ter certeza?

Between - Fanfic MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora