Capítulo 52 - Vacilo

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Samanun ainda desacreditada se levantou da cadeira.

- Ela te procurou e disse tudo isso mesmo? – Samanun em perguntou ainda intrigada. -Com todas as letras? Kornkamon, ela me usou para te ameaçar?

Eu não gostei de ser portadora daquela mensagem. Não mesmo. O que eu menos queria era ver Samanun sofrer ou confusão em sua vida. Contar a ela o que estava acontecendo era jogá-la em um redemoinho de problemas que sei lá onde teria fim. Uma pena não ter outro jeito de resolver aquilo.

Também havia outra razão e muito mais urgente de contar a verdade. Eu estava preocupada com ela. Fiquei pensando, a cobra da Dona Waan não vai ficar nada feliz ao saber que a filha querida tinha saído no pau com a outra. E se ela resolvesse abrir a boca? Se eu omitisse que a bruxa tinha provas para encrencá-la quando bem entendesse, seria a mesma coisa que deixar Samanun caminhar em direção ao abismo com os olhos vendados.

- Usou. – Confirmei. Meu coração cortou ao ver os olhos de Samanun cheios de angústia, como eu comecei tinha que terminar. – Foi naquele dia que a Nueng acordou, logo quando eu voltei para trabalhar. – Baixei os olhos.

Impossível esquecer a cara arrogante daquela monstra me chantageando. – Ela foi sem rodeios. Direto no ponto. Disse que a gente precisava terminar o que a gente tinha de uma vez porque ela não tinha tempo.

- Ela não pode ter sido capaz, ela...

- Ela foi, Samanun. –Levantei meus ombros e por fim disse o que eu achava. – O problema não é só preferência pela Nueng, Samanun... Ela odeia você. Eu sei que é tua mãe, mas alguma coisa muito grave se passa com ela porque ela odeia a própria filha... – Fiz uma pausa e voltei a falar do assunto. – Ela pediu a Djih para usar a sala de conselho de reuniões e me fez assistir um vídeo de você com o tal fiscal. Vocês apareciam negociando descaradamente, mas não falam no nome da Nueng. Só no hospital. Depois você entrega um envelope e pede para ele conferir se tinha os cem mil que ele pediu e depois acaba...

Samanun jogou um cinzeiro que estava sobre a mesa. Resmungou um palavrão. Começou a esmurrar tudo que via pela frente.

- Samanun, calma... A gente ainda tem uma chance... Acho que ela não vai agir precipitadamente. – Fiz uma pausa, obriguei Samanun a se sentar. - Ela deve estar com essas provas há meses. Ela não vai usar isso de uma hora para outra, cara... Você explodir desse jeito, meter o dedo na cara dela agora não vai adiantar nada. Posso te fazer uma pergunta?

- Pode.

- Por que no dia você não me contou que subornou aquele fiscal? – Fiz uma pausa. – Você ficou com medo?

Ela usou a cabeça para negar minha suposição.

- Não foi medo. Era vergonha. – Cabisbaixa. – Kornkamon, eu tenho cara, o jeito de ser a maior pistoleira do mundo, mas eu gosto de justiça. Do meu jeito acredito que sou honesta, sou verdadeira. – Olhou nos meus olhos. – Eu tive vergonha aquele dia. Minha atitude foi errada, eu sei, mas minha intenção não era prejudicar ninguém. Me senti péssima. Suja, não tinha coragem de me olhar no espelho... Por isso que não te contei.

O silêncio tomou conta da sala. Eu senti que depois de tudo que ela havia me falado eu precisava dizer alguma coisa. Peguei em sua mão, nossos olhos se encontraram.

- Mesmo quando você sentir vergonha de alguma atitude sua, eu não vou te julgar e não vou me envergonhar de você. – Apertei sua mão, dei um sorriso. – Porque eu sei quem você é... Se você deixasse tua irmã se ferrar na mão daquele cara, não seria você. Eu sei que você está machucada, magoada comigo, mas me deixa te ajudar a sair dessa? Eu vou te ajudar... Eu só precisava de um... De alguma coisa que me levasse a encontrar... Se eu soubesse onde ela guardou esses vídeos originais. Eu sei que ela não deve ter deixado em um lugar só  mas com os originais na mão tudo ficaria mais fácil. Depois a gente só apagava as cópias...

Between - Fanfic MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora