Capítulo 54 - Atentado

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- Pai? – Eu perguntei a Nop. Estava incrédula com o que ele dizia. – Agora você é pai da Malee? – Sorri irônica. – O que você quer, Nop? Direto ao ponto! Sem conversinha de arrependimento agora!

Já fazia uns cinco minutos que ele havia entrado na minha casa. Nop era a última pessoa que esperava dar de cara naquele momento. Ele parecia estar tranquilo, mais calmo do que na última vez que nos vimos e seguro. E eu? Instintivamente peguei Malee no colo e apertei entre meus braços como se alguém pudesse arrancá-la de mim. Pai... Não me faltava mais nada! Única coisa que esse infeliz deve ter feito de bom na vida foi a minha filha mesmo, mas isso não faz com que ele fosse pai dela!

- Kornkamon, depois que você saiu da minha casa aquele dia, eu fiquei preocupado com você... Mas não sabia como procurá-la. – Cara de pau de uma figa. – Kornkamon, eu me senti... Assustado!

- E quando eu descobri que estava grávida você acha que eu me senti como? – Retruquei. – Você já me achou, já viu que estamos bem, que não precisamos de...

- Kornkamon, eu mudei! – Eu estava encostada no braço do sofá com Malee no meu colo. Ele se aproximou de nós duas. – Eu juro que mudei e para melhor! – Fez uma pausa. – Eu em apaixonei por uma pessoa e... E essa pessoa me fez refletir nas coisas que eu andei fazendo... Eu contratei um detetive, conversei com seus amigos para achar vocês, saber como estão vivendo... Morando de favor em casa de fundos no meio do nada, Kornkamon? Francamente, a menina...

- É a casa que o meu dinheiro cobre as despesas. – Adverti. – Eu trabalho muito, mas na Tailândia residente ganha salário de... De fome... Às vezes tenho que apertar, tenho que contar com a sorte, mas não está faltando nada para a minha filha. E também esse lugar, no meio do nada é onde eu me sinto em casa!

Nunca me imaginaria dois anos atrás falando aquilo, mas era a mais cristalina das verdades. Quando fui para Bangkok com Malee eu gostei, mas faltava a sensação de estar em casa. Como dizem por aí, nada como o cheirinho da casa da gente, não é mesmo?

- Kornkamon, como eu disse a você, eu conheci uma pessoa e quero ser feliz com ela... Casar. Ter outros filhos. A Malee me parece ser esperta, inteligente... E se ela puxou a nós dois, logo vai querer saber do pai... Você pode me achar um traste, um calhorda... – Estranho. Os olhos de Nop sempre gélidos pareciam agora estar diferentes. – Mas eu sou o pai dela e um dia ela vai querer saber quem é o pai. É direito dela ter o meu nome. – Fez uma pausa. – A Cher me contou sobre você e aquela i... – Olha lá, já enchendo a boca para falar mal da Samanun. Ah, lembrem de eu matar a Cher. – Sobre a Samanun... A história dela com o filho e... Eu sou pai. Pra que esperar dez anos para consertar os meus erros se eu posso consertar agora? – Ele estendeu os braços em minha direção. Apertei Malee entre meus braços. – Você vai negar de eu pegar uma única vez minha filha no colo?

Eu devia! Devia, mas não tiver coragem de dizer um "não" de boca cheia na cara dele. A gente não vive falando que essas pessoas talvez possam mudar? Quem sabe não aconteceu isso com o Nop? Ver ele com a minha neném no colo não foi uma das sensações mais confortáveis do mundo, mas não era direito meu privar um direito que era da minha filha. Para eu que fui criada com pai e mãe em berço esplêndido era fácil falar, agora sentir na pele o que é não ter pai eram outros quinhentos. Meu celular tocou. Era Samanun. Fui atender na cozinha e deixei os dois a sós na sala.

- O-Oi amor...

- Tudo bem? – Samanun me perguntou. – Está com a voz estranha...

- Que coisa mais linda... Então a senhora já sabe se eu estou bem ou não pela minha voz? – Eu tentei disfarçar meu nervosismo. Eu ia contar sobre o Nop para ela, mas não pelo celular sabendo que ela estava trabalhando. Verifiquei minhas unhas, ato de quando eu estava nervosa. – Tudo ótimo!

Between - Fanfic MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora