Capítulo 32 - Coquetéis e Amassos

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Quando eu era garota, lembro que tinha apenas poucos amigos

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Quando eu era garota, lembro que tinha apenas poucos amigos. Meu jeito atrapalhado, os óculos de grau, minha falta de habilidade em atividades manuais e o desajeito natural não atraiam muitas pessoas. Na verdade, só conversava com crianças filhos dos amigos do meu pai, alguns coleguinhas de escola e com Yuki que passei minha infância toda conversando através de cartinhas que eu mandava para Chiang Mai e ela respondia de volta para Bangkok. Ela sempre gostou de escrever.

Minha adolescência não foi muito diferente. Apesar de perder o contato com Yuki que tinha ido morar com um parente de tia Chanthira em outra cidade, acrescentei mais algumas amizades da minha escola. No ensino médio então, a coisa piorou, as meninas só se juntavam comigo porque minhas notas eram boas e ainda tinha um grupinho chato de garotas liderados por uma bruaca que vivia pegando no meu pé e rindo da minha cara. Posso dizer que os amigos da minha vida antes de Chiang Mai eram Chin, Phoom, Risa e Cher. Por que estou falando disso? Simples, por não ter muitos amigos, nunca precisei apresentar uns aos outros. Aquilo era novidade para mim e eu estava morrendo de curiosidade para saber o que ia dar do encontro de Samanun e Arun com minha "família" de Bangkok.

A apresentação de Samanun e Phoom posso dizer que foi um pouco fria por parte dele. Ele era um poço de timidez, desses meninos que não conseguem encarar nos olhos, é calado, acho que se assustou com aquele jeito cara de pau, boca aberta da Samanun. Ele estendeu a mão um tanto acanhado e foi puxado por ela para dois beijinhos no rosto.

- Eu sei que por aqui é um beijinho, mas na minha cidade são dois. – Phoom sorriu meio sem graça, eu guardei minha risadinha para mim. – Sabe garoto, a Kornkamon me contou que você se interessa por neurocirurgia? Minha irmã é neurocirurgiã.

- O nome dele é Phoom.

Corrigi em vão. O caminho inteiro até o barzinho Samanun trocava o nome do Phoom com qualquer outro ou com palavras do tipo "garoto", "rapaz", com certeza para irritá-lo. Eu estava ao seu lado no banco do carona e observei que ele estava meio calado demais. Na verdade só abria a boca para falar assuntos relacionados ao nosso grupinho de Bangkok. Ela folgadona, nem aí, se metia na conversa, dava seu parecer, contava outros causos e Phoom logo trocava o assunto. Quando ela estava calada e ele falando, nos encarávamos pelo retrovisor. Samanun me provocava, as vezes fazendo caretas como uma criança implicante, as vezes mostrando a língua, piscava, jogava um charme. Quando eu caia na risada ela ficava séria. Já perceberam que ela tinha tirado a noite para me atazanar, né?

Apesar daquele ataque bobo e inexplicável de ciúmes da Samanun, eu estava feliz. Ela tinha aceitado conhecer meus amigos, apaixonada e, a curto prazo, sendo correspondida, eu rodeada de pessoas que eu gostava e minha filhinha com alguém que eu confiava. Tinha tudo para ser a noite perfeita. Até o trânsito da cidade colaborou e em meia hora chegamos no barzinho que Risa marcou seu aniversário.

Assim que coloquei meus pés na rua, notei que se tratava de um bar LGBT. A Risa era hétero, dessas que não pode ver um par de calças pela rua, mas não estranhei. O que mais se vê hoje em balada gay são héteros bem resolvidos a procura de diversão. Amei o ambiente. O casarão que funcionava como estabelecimento comercial tinha três andares. O primeiro era uma espécie de boteco com sinuca e TV, no segundo tinha apresentação de música ao vivo e o terceiro era balada e pista de dança. Fora as pessoas muito bem apessoadas, todo mundo cheirosinho, bonitão...

Between - Fanfic MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora