Capítulo 41 - Revelações

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Quando Nueng perguntou a Samanun o que ela fazia ali, tive a mesma sensação de um esgrimista resvalando sua pele na ponta da espada do adversário

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Quando Nueng perguntou a Samanun o que ela fazia ali, tive a mesma sensação de um esgrimista resvalando sua pele na ponta da espada do adversário. Nueng tinha dado o seu "touché", o golpe final em nós duas. Nosso envolvimento descoberto da forma mais conturbada possível. Apenas fechei os olhos esperando um tapa, alguma ação indignada ou algo do tipo. Ao invés disso ouvia a voz de Samanun se explicando tranquilamente.

- A Kornkamon saiu do prédio desesperada. – Fez uma pausa. – Só vim saber se ela estava bem. – Samanun me encarou com seriedade. – Tudo certo, Kornkamon? Você está se sentindo bem?

Eu acho que meu suspiro de alívio foi tão grande que até a própria Nueng pensou que eu estava passando mal. O fato dela não agir feito uma louca e sair contando tudo assim para irmã de qualquer jeito me fez sentir ainda mais envergonhada por conta de minha crise. Discretamente consegui me desvencilhar dos braços de Nueng. Ela estava magoada comigo e com razão. Me deixei levar pelo desespero e descontei nela toda minha revolta pelo que o acaso tinha aprontando com minha amiga.

- E-eu sou uma... – Não consegui completar a frase caindo em um choro compulsivo. Dei uma abraço em Samanun que acabou me abraçando de volta mesmo chateada. – Des-descul...

- Nueng pega um copo d'água pra ela... - Nueng fez um gesto afirmativo e correu até a cozinha. - Senta aqui. Não chora assim, amor. - ela dizia baixando.

- Desculpa... Eu não queria ter dito aquelas coisas para você. – Nervosa e chorando eu molhava todo seu ombro, senti que tinha desapontado Samanun de verdade. – Eu não queria mesmo, foi...

- Mas você disse...

Eu disse porque sou uma anta. Porque sou uma besta, porque não quero enxergar a mulher maravilhosa que você é, pensei. Droga, eu sou só uma tola apaixonada que não consegue raciocinar direito. Uma imatura que mal passou da "adolescência" e ainda não sabia filtrar suas emoções. No fundo fiz como Nueng agiu comigo no dia da Marissa. Gritei, esperneei, corri para outra e não dei chance de Samanun se explicar. Assim como odiei Nueng no dia, também me odiei naquele instante.

- Samanun...

- Eu fiz chá de erva cidreira. – Nueng anunciou. Achei fofo vê-la carregando a bandeja com um bule fumegante e xícaras. – Toma um pouco, vai acalmar...

Samanun deu um meio sorriso à irmã e ajudou a colocar a bandeja sobre o criado mudo e me serviu uma xícara. Nueng se sentou ao seu lado e observei as duas conversando. Acho que falavam sobre Noot. Pelo menos era o que parecia. Os meus olhos começaram a pesar, a voz das duas ficaram distantes e acabei pegando no sono. Acordei uma hora e pouco depois sozinha no quarto. Malee chorava, ela estava na sala, mas dava para ouvir seu choro do outro cômodo. Ainda com a cabeça meio "dormindo", levantei, coloquei meus sapatos e segui até a sala. Lá estavam os três. Art, Nueng e Samanun acomodados confortavelmente no tapete do chão da sala, assistiam a um jogo de futebol estrangeiro. Duas garrafas de cervejas "long neck" na mesinha de centro e um copo de Coca Cola. Malee no colo de Nueng que tentava lhe dar mamadeira.

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