CAPÍTULO 4

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POV NOEMI

Estou fervendo de ódio.

Esse homem... ele consegue despertar o pior em mim.

Largando meu pescoço, que ele mantinha refém, ele dá um passo para trás, sempre mantendo em seu rosto aquele sorriso condescendente de que está no controle de tudo.

Pela primeira vez na noite, paro para olhá-lo. Olhá-lo de verdade. Seu cabelo preto está bagunçado, apontando para quarenta direções diferentes, os olhos são da cor do uísque, dourados como ouro líquido. Ele veste uma calça jeans preta, botas, camisa branca e uma jaqueta de couro toda decorada com imagens estranhas.

Ele é simplesmente tão diferente do todos os homens que já conheci.

Ele é lindo, mas pelo o que vi também é um idiota.

— Vamos, Krasavitsa, apesar de amar ter conversado com você, tenho coisas para fazer.

— Não vou a lugar algum com você. Você me comprou pela noite. Só.

Isso parece irritá-lo.

— Se acha que vou deixá-la ir, sinto em decepcionar, isso nunca vai acontecer. O maior desastre de sua vida foi entrar no meu radar, e pior, cair direto nas minhas mãos. Você é minha propriedade. Agora, você escolhe se vai andar para fora desse lugar ou se terei que arrastá-la. Não recomendo a última opção.

Fico parada no lugar, presa em um dilema. O inteligente seria obedecer e acatar as ameaças de um homem que beira os 2 metros e têm tendências violentas, mas meu orgulho – o maldito orgulho – se recusa.

Ele nem hesita, vem em minha direção e, antes que eu pudesse reagir, me joga por cima do ombro como um saco de batatas e como se não pesasse mais que uma pena. Surpresa, começo a socar e chutar ele, mas paro ao sentir uma repentina ardência na bunda.

Emgasgo ao perceber que ele me bateu.

Ele começa a andar e paro de lutar, não querendo o ato de repetisse. Isso é humilhante.

Seguimos por alguns corredores e quando começo a ouvir vocês próximas, ele – finalmente – me põe no chão.

— Então, é assim que vai ser... — ele diz, sacando uma arma e me fazendo arregalar os olhos. — Você vai seguir cada uma das minhas ordens sem questionar, isso claro, se quiser sair viva.

Ele está me ameaçando de morte? Ele levanta a arma e, quando penso que está apontando para mim, ele atira para algo as minhas costas. Me viro e vejo um homem caído no chão sobre uma poça de seu próprio sangue.

E o inferno começa. Vários soldados aparecem, e o homem ao meu lado não perde tempo, atirando em todos que aparecem. Ele desvia das balas direcionadas a nós, com um aperto de ferro em meu braço ele me guia por entre os tiros, como se estivéssemos dançando. Ele me gira, empurra, puxa, e quando percebo estamos saindo por corredores manchados em sangue.

Estou tão nervosa, meu coração bate tão rápido no peito, que apenas sigo-o sem questionar. Chegamos em uma porta nos fundos e reconheço, é a entrada para os armazéns onde as mulheres ficam.

Ele pega o celular e fala algo em russo, logo desligando. Ele abre as portas do armazém e passa reto, sem olhar para nenhuma das mulheres assustadas nas camas.

— Esconda-se. — ele aponta para debaixo de uma mesa mais ao fundo no local. Quanto o faço, ouço mais tiros. Olhando, vejo-o alternar entre atirar e entrar em uma luta corporal com soldados que o atacam. Ele parece um furacão de destruição em massa.

De repente, mais 5 homens inrrompem na sala, porém, eles trajam a mesma jaqueta de couro que o homem de olhos dourados. Como os outros ajudando-o na luta, não demora muito para eles tomarem controle do lugar.

O cara que estava comigo até agora vem em minha direção, enquanto gritava algo para os outros e estava sujo de sangue.

Ele agarra meu braço e me puxa rudemente para longe da mesa.

— Fique parada e não ouse correr, se o fizer, me sentirei tentado a persegui-la.

Sento sobre a mesa enquanto vejo seus – prováveis – amigos soltando cada uma das mulheres de suas coleiras. Um pequeno sorriso brota no meu rosto mas logo some ao ver o Olhos Dourados. Na verdade, fico horrorizada. Vejo-o arrastar o corpo de um soldado até uma parede branca, levantando o cadáver ele pega uma estaca de metal com uma ponta afiada enorme, que um de seus amigos estava oferecendo-o, e empala o corpo do homem na parede, deixando o corpo pendurado.

Jesus Cristo.

Molhando os dedos em uma poça de sangue, ele escreve um "DR" enorme na parede.

Ele se vira para mim, então, e começa a vir em minha direção. Dou passos para trás, com medo. Esse homem praticamente destruiu um exército inteiro sozinho.

Tirando sua jaqueta de couro, ele se força para perto de mim, fazendo-me vestir a roupa. Somente aceito porque não quero estar seminua na frente desses homens.

— Você vai para casa comigo. — avisa.

Não quero ter nada a ver com esse homem. Não quero estar perto dele e com certeza não quero ir para sua casa, mas esse não é o momento ideal de fugir, eu não conseguiria, tudo o que faria seria irritá-lo.

Mas quando chegar o momento não hesitarei, irei embora. Só tenho que ser paciente e usar a inteligência.

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