CRUEL HEART

CAPÍTULO 13

POV NOEMI

Faz 20 minutos que Ronan saiu para uma corrida. Eu não sei ao certo o que é isso, mas pelo que entendi ele ficará fora por dois dias – em uma "missão".

Vou usar esse tempo ao meu favor.

48 horas, é tudo o que tenho.

Fecho meu livro e deixo-o cair no meu colo, inquieta. Estou sozinha na biblioteca do complexo mas me sinto sendo observada. Balanço a cabeça, deve ser paranoia.

Ouço um barulho e pulo do meu lugar na poltrona.

— Oi? — chamo, mas ninguém responde.

Me levantando, vou até o lugar de onde veio o barulho e vejo um livro caído no chão. Com o cenho franzido, me abaixo e pego-o. Quando o faço, vejo um envelope cair no chão aos meus pés.

Curiosa, pego o envelope, a logo dos Dark Riders estampada. Sei que não devo, mas algo em mim diz para abrir. Talvez seja algo importante, pode ser minha passagem para liberdade.

Olhando ao redor para ter certeza que ninguém está aqui, coloco-o na minha jaqueta.

Vou abri-lo em um lugar mais seguro.

Deixando a biblioteca para trás, acabo não vendo para onde estou andando e dou um encontrão com alguém. Olhando para o homem, reconheço-o como Rick.

Ele me olha mal-humorado mas não fala nada antes de simplesmente ir embora, me deixando para trás.

Sem me importar muito, já que estou com coisa mais importante para fazer no momento, vou para o apartamento no último andar, que tem sido meu lar nas últimas duas semanas.

Bom, meu e do Ronan.

Fecho a porta atrás de mim e corro para me sentar no balcão da cozinha. Pego a carta em minhas mãos e hesito por um segundo antes de abri-la com cuidado.

Você quer ser livre? Irei te libertar. Quando der meia-noite, venha até o portão principal.

O ar deixa os meus pulmões.

O que é isso? É pra mim? Isso não pode ser sério, talvez seja Ronan me testando para ver se vou correr ao menor sinal de ajuda, e no final, ele nunca saiu do complexo, ou é só uma brincadeira de mau gosto.

Mas, para ser sincera, eu já deixei óbvio para Ronan que quero ir embora, então, mesmo sendo uma provável armadilha sua, não me importo de cair, só estarei irritando-o mais. Ele quer me manter, sei disso, o motivo, porém, duvido até mesmo que ele saiba.

Olhando para a nota, tento não me encher de esperança, mas talvez – só talvez – alguém tenha se compadecido da minha situação, ou simplesmente não gosta de me ver aqui, e decidiu me ajudar a ir embora.

Olho para a janela, diretamente para a enorme garagem e pista lá embaixo. Muitas motos estão faltando, Ronan saiu com 10 de seus homens, Veter, seu VP, entre eles.

Uma parte de mim diz que Ronan não faria tudo isso – tirar seus homens do complexo e mentir uma corrida – apenas para me testar, mas também existe aquela parte que me implora para não subestimá-lo.

Ele é louco, tento lembrar-me, só Deus sabe como aquela cabeça funciona.

Então, o que eu não queria acontece. Mesmo tendo motivos para desacreditar, me encho de esperança.

É melhor uma chance de felicidade do que uma promessa de dor.

Me mexo, inquieta.

Por que uma parte de mim diz que, se isso for verdade e eu fugir, estarei traindo a confiança de Ronan?